quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

VOLTA POR CIMA: POR QUE O 1º SCOOTER DA HONDA FRACASSOU


Conheça a história do inovador Juno e saiba por que a Honda precisou dele antes de fazer sucesso com outros modelos

Apesar da fama mundial conquistada por Vespa e Lambretta, a origem do scooter não é italiana. Modelos rudimentares surgiram no início do século 20 a partir de patinetes motorizados, enquanto as motos evoluíram das bicicletas. O conceito básico foi mantido nas décadas seguintes: plataforma para os pés, rodas pequenas, motor e tanque traseiros. 
As fabricantes americanas Powell e Cushman já produziam scooters com essa estrutura básica na primeira metade do século. O simpático e prático veículo se tornou conhecido em outros continentes na 2ª Guerra Mundial, através das forças armadas americanas.
Powell Streamliner e Cushman Airborne foram projetados para lançamento com paraquedas, serviam de meio de transporte dentro de bases militares. Foi assim que o scooter chegou à Europa e Japão, inspirando a criação de Vespa, Lambretta, Fuji Rabbit e Mitsubishi Silver Pigeon praticamente ao mesmo tempo, a partir de 1946. 
O Streamliner foi a principal fonte de inspiração dos novos veículos de baixo custo criados nos países bombardeados do Eixo. Outra conveniência era o aproveitamento de sobras de peças, como as pequenas rodas dos caças militares. A principal diferença dos modelos italianos era a transmissão que exigia trocas de marcha, enquanto os “originais” americanos já detinham a tecnologia automática da relação continuamente variável CVT.
As gigantes Honda e Yamaha sequer existiam nessa época. Pouco depois de serem criadas, copiando modelos alemães em suas primeiras motos, respectivamente em 1949 e 1955, também enveredaram pelo mercado de scooters. 
A Honda foi a primeira: lançou o Juno em 1954, com partida elétrica, para-brisa e carenagens de fibra de vidro. O motor de 4 tempos e 1 cilindro tinha 190cc, insuficiente para o peso próximo dos 200 kg. Logo foi substituído pelo de 220cc, ainda pouco para carregar as pesadas peças de fibra. 
Outro percalço foi o superaquecimento causado pela falta de refrigeração da parte traseira, fechada por carenagens. Por fim, era necessário operar o câmbio, quando outros concorrentes japoneses já eram automáticos. 
Depois do fracasso do primeiro scooter, a Honda passou a apostar na motoneta Super Cub de 50cc como modelo mais acessível. Foi o primeiro modelo a se beneficiar da tecnologia das carenagens plásticas, mais leves e rápidas de produzir. As peças frontais brancas se tornaram parte da identidade da Super Cub, a Honda mais vendida no mundo. 
O lançamento do Yamaha SC-1, em 1960, provavelmente foi um impulso para que uma nova geração do Juno fosse apresentada. Tudo foi repensado para corrigir os erros do passado, e no final do ano seguinte surgia o novo Juno (fotos).
Tinha linhas retas, mais modernas, que diferenciavam seu design dos outros modelos existentes, inclusive europeus. Desta vez vinha com um motor central de 2 cilindros opostos e 125cc, tinha transmissão automática e usava peças plásticas brancas, como a Super Cub. Foram aplicadas para dar acabamento ao monocoque de aço, sem que toda a estrutura mecânica fosse coberta. Amortecedores e o tanque embaixo do banco continuavam aparentes e eram pintados de outra cor. 
O Juno da segunda geração pesava cerca de 20 kg a menos que o antecessor, mas ainda era mais pesado e caro que os concorrentes. O motor ampliado para 170cc não bastou e novamente o Juno foi descontinuado, por falta de interesse dos consumidores.
Nos anos seguintes a Honda se dedicaria a desenvolver as motocicletas, vencer competições e se estabelecer no mercado internacional. A família CB conquistou Europa e Estados Unidos nos anos 1970, firmando a marca no exterior. Os scooters Honda voltaram em peso na década seguinte, após o aprendizado com o Juno, e se converteram em líderes de vendas em diversos países, como o Brasil.
      
Fonte: Revista Duas Rodas.

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