Com o salmo 150 das Sagradas Escrituras terminamos o saltério. 150 salmos, exaltando e louvando Deus e a sua criação. Interessante ver que em hebraico os salmos são chamados “Tehillìm” que quer dizer “Louvores”; e este salmo é a confirmação desses louvores dos fiéis de Israel. Poderíamos até classificar esses louvores como uma coralidade litúrgica que se estende além do tempo. Todos os fiéis elevam hinos que exaltam o próprio Deus. É um entusiasmo sem fim.
Este salmo, o último de todo o saltério, é o puro louvor, da adoração, da poesia e da música. Nós vimos ao longo desses 150 salmos quase um constante grito de orações, súplicas, lamentações, de sofrimento, de sobrevivência, de socorro direto ao Senhor da vida, da criação. E esta vivência de louvor ao Senhor é celebrada no Templo com os instrumentos típicos, quais: a trombeta, a lira, a cítara, tímpanos, harpa, a flauta e címbalos sonoros.
É uma celebração de grande reconhecimento em que cada ser humano é convidado a participar. Não só, todo ser vivente! É um concerto de ‘Aleluia’ que honra toda a Criação e todo o Cosmo. Tudo proclama a criação vivente. De fato, o salmo inicia com estas palavras: “Aleluia. Louvai o Senhor em seu santuário, louvai-o em seu majestoso firmamento. Louvai-o por suas obras maravilhosas, louvai-o por sua majestade infinita.” Este ‘santuário’ é o lugar onde acontece esta manifestação musical de alegria e de oração.
Aqui, talvez, o texto quis expressar o Templo como área sagrada e transcendente onde Deus mora. Todavia, ao Santuario celeste é idealmente ligado ao Templo terrestre: a liturgia que os fiéis fazem na história e no espaço é já uma prefiguração daquela eterna e infinita. E daqui podemos entender o porquê que a transcendência de Deus se une a sua presença no nosso meio. Justamente o salmista proclama quanto segue: “Louvai-o por suas obras maravilhosas, louvai-o por sua majestade infinita. Louvai-o ao som da trombeta, louvai-o com a lira e a cítara. Louvai-o com tímpanos e danças, louvai-o com a harpa e a flauta. Louvai-o com címbalos sonoros, louvai-o com címbalos retumbantes. Tudo o que respira louve o Senhor!”
Perante a ação poderosa-salvadora de Deus na história da humanidade a resposta é ‘reconhecimento’ e louvor. Um louvor que exprime uma evidente profissão de fé em um Deus que cria e redime. Portanto, é uma celebração de festa e alegria pelo amor de Deus que tem com a humanidade e toda a criação. É a vida e a liberdade que triunfam.
E o papa Francisco, na Encíclica ‘Laudato sí’, disse: “É significativo que a harmonia vivida por São Francisco de Assis com todas as criaturas tenha sido interpretada como uma sanção daquela ruptura (pecado). Dizia São Boaventura que, através da reconciliação universal com todas as criaturas, Francisco voltara de alguma forma ao estado de inocência original. Longe deste modelo, o pecado manifesta-se hoje, com toda a sua força de destruição, nas guerras, nas várias formas de violência e abuso, no abandono dos mais frágeis, nos ataques contra a natureza.”
Fonte: Claudio Pighin - Sacerdote e doutor em teologia - (Belém-PA).
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