CAPILARIDADE – Ninguém que tenha votado em Bolsonaro pode se queixar de eventuais perdas nos direitos sociais que o futuro presidente está preparando em forma de projeto de lei para ser encaminhado ao Congresso Nacional, em fevereiro do ano que entra. Durante toda a campanha Bolsonaro avisou que ia mexer em áreas controvertidas que provocam debates acalorados, a exemplo da Previdência Social, meio ambiente e direitos trabalhistas.
LONGEVIDADE - A capilaridade política do presidente é alta e mudanças normativas antes impensáveis pelos governos anteriores possuem hoje apoio da maioria dos eleitores do capitão. A ordem que emanar ao novo Congresso dificilmente deixará de ser cumprida. A dúvida é saber até quando esta capilaridade resistirá às queixas eleitorais. Durante o lançamento da autobiografia lançada ontem, em São Paulo, Zé Dirceu (ex-presidente do PT) previu longevidade na popularidade do futuro presidente.
FALÊNCIA – Os caciques dos principais partidos perceberam que o resultado das urnas decretou em geral a falência dos partidos políticos, em particular a descrença nos velhos caciques. Em 1982, quando Fernando Collor surgiu como a salvação nacional, ancorado por um obscuro PRN, o sistema político nacional emitia sinais de concordata. Em 2018, após as turbulências econômicas e os escândalos nacionalmente conhecidos, a falência resultou consumada. Os novos personagens catapultados pelas urnas como novos comandantes não terão espaço para vacilo. Do contrário, retornarão das tumbas o velho sistema o que confirmará a tese dos partidários da tragédia anunciada.
EGOS – Podemos até questionar se Sérgio Moro fez a coisa certa ao aceitar o cargo de Ministro da Justiça sem antes requerer a exoneração da magistratura. Mas Jair Bolsonaro deu um tiro certeiro no coração petista ao conseguir atrair para o seu primeiro escalão o mais famoso magistrado do país que mandou aos cárceres Lula, maior liderança política de esquerda da América Latina. O gesto de Bolsonaro com o convite tem um significado enorme para os seus eleitores, assim como um sinal de alerta aos aliados que ficarão sob a vigilância do implacável ministro. Moro é uma solução para as promessas feitas por Bolsonaro contra os malfeitos, mas pode ser um problema em relação ao ego superlativo que ambos ostentam. A ver!
EXPECTATIVA – Já o futuro governador de Rondônia, Coronel Marcos Braga, estuda amiúde os nomes que vão compor o primeiro escalão. Ele tem dito aos interlocutores que prefere um perfil técnico e nomes que não sejam carimbados na política estadual. Embora ainda desconhecido da maioria do mundo político, o novo governador saiu das urnas forte o suficiente para impor o colaborador que convier. Nunca antes no estado alguém obteve nas urnas uma votação tão expressiva para governar o estado. O eleitor rondoniense lhe confiou um cheque em branco e caberá a ele corresponder com as expectativas. Deve a vitória tão somente ao eleitor. Não há outra alternativa aos adversários senão se curvar à vontade popular e torcer para que dê certo.
INGENUIDADE – Não sei se foi por inexperiência ou ingenuidade ao declarar que o projeto político inicial era disputar uma vaga na Câmara Federal e não o Governo, o coronel Marcos Rocha, ao que parece, está feito cego em tiroteio com o tamanho da máquina governamental e não tem conseguido montar a equipe para auxiliá-lo na complexa missão de administrar um estado com as peculiaridades de Rondônia. Os dois nomes que especulam para a Sefin, membros do governo que conclui o ciclo, são pessoas de carreira. Profissionais de Estado e capacitados para a pasta. Não erra caso opte por um deles, independente dos rótulos emedebistas ou das críticas que por ventura ocorrerem.
BOQUINHA – Embora a coluna não possa confirmar categoricamente, mas uma fonte privilegiada relatou que o deputado estadual Maurão de Carvalho (MDB), derrotado ainda no primeiro turno das eleições estaduais, estaria se escalando para assumir o Departamento de Estradas e Rodagens do futuro governo. Abordado sobre o assunto, segundo a mesma fonte, o coronel não teria sido convencido ainda a ceder a boca para o ex-adversário.
DIFICULDADES – Marcos Rocha receberá um estado com vários problemas de ordem econômica para serem resolvidos a curto prazo. Não pensem os eleitores que o novo mandatário será capaz de solucionar tudo num passo de mágica, o que exigirá um tempo para que ele coloque a casa em ordem. Uma coisa é certa: receberá uma administração mesmo desarrumada da que recebeu Daniel Pereira. O atual governador não hesitou em enfrentar problemas econômicos crônicos que dificilmente teriam sido enfrentados com tanta competência por outro governante. Ao coronel caberá indicar comandados capazes de manter o estado nos trilhos, apesar das enormes dificuldades que lhe aguardam.
Fonte: Jornalista Robson Oliveira / Porto Velho-RO.
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