A passarela do novo Espaço Alternativo de Porto Velho, a famosa
“montanha- russa do atraso”, está sendo exposta aos maiores críticos de
arquitetura das Américas, na XXI Bienal Pan-Americana de Arquitetura de
Quito, no Equador. Não entendi ainda o porquê dessa participação, uma
vez que a referida construção pouco ou nada representa para os
porto-velhenses. Pode até ganhar algum prêmio, mas duvido muito que
coisa tão horrenda possa encantar quem realmente entende de arquitetura e
de arte. Projeto superfaturado que levou ao xilindró um deputado
federal e um ex-prefeito, a geringonça desajeitada só serviu até agora
para fazer vergonha aos transeuntes que a usam. Só que de útil mesmo não
se vê nada naquele trambolho. É mais um amontoado de ferro cuja única
função até agora foi só fazer “fotinhas” para postar nas redes sociais.
Como
não havia ninguém interessado ou com coragem suficiente, foi o próprio
criador daquilo que fez a inscrição na Bienal do Equador. A rigor, quase
ninguém sabe o significado de coisa tão feia. Basta perguntar a
qualquer uma das pessoas que diariamente caminham por ali. Todos os dias
centenas de cidadãos continuam fazendo suas caminhadas sem perceber a
presença do “monumento”. A escuridão já toma conta de algumas áreas
daquele espaço e não vai demorar muito para que a violência faça
companhia aos atletas de fim de semana. De jacaré a cobras venenosas já
foram vistos entre as pessoas. Não sei o que vão avaliar para dar um
prêmio àquela coisa imprestável, pois ali não tem internet como
prometeram e não existem banheiros, como se fosse algo feito somente
para curupiras, seres mitológicos sem o órgão excretor.
Acredita-se
que por total ineficiência da fiscalização do próprio município, os
camelôs e vendedores ambulantes de comida já invadiram o local com seus
fogareiros, botijas de gás, carrinhos de pipoca, picolés, caixas de
isopor e outros utensílios. A fumaceira horrível exalando cheiro de
carne de quinta é o que mais se vê quando se vai lá. Em vez de apreciar a
“obra de arte”, as pessoas ficam sufocadas. Não existe nenhum
estacionamento e os carros ficam parados em uma das pistas
inviabilizando totalmente o tráfego. E se houver um acidente aéreo de
grandes proporções? Tomara que aquilo não ganhe nenhum prêmio, pois
assim não incentivaria outras coisas do tipo em Porto Velho. Já chegam
os horríveis grafites nos elevados, a Praça dos Horrores, as Três Caixas
D’Água, os próprios viadutos íngremes e a inútil ponte escura do rio
Madeira.
É de partir o coração saber que gastaram muitos milhões
de reais para fazer tal objeto. Antes, o lugar era repleto de árvores
frutíferas e o verde abundava. O barulho de um igarapé com águas
cristalinas encantava a todos. Fazia gosto caminhar respirando o pouco
de ar puro que ainda havia na cidade. Pássaros não faltavam. Hoje aquele
recanto de lazer é lúgubre, feio, escuro, cheio de concreto e sem o
verde que antes lhe caracterizava. É um troço feito somente para
angariar votos dos mais incautos e tolos, tanto que serviu para eleger
um senador da república e reeleger o mesmo deputado que antes fora preso
por causa da fatídica obra. Os jurados equatorianos deveriam saber de
todas essas informações antes de votar. Fato: aqueles arcos infernais e
sinistros com a falta de manutenção característica de Rondônia podem
cair em cima dos transeuntes algum dia. Assim como o símbolo maior da
cidade lá no centro, que até já apodreceu.
Fonte: Professor Nazareno / Porto Velho-RO.
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