Desde a Alemanha, cruzou o leste europeu, Ásia, Austrália, América do Sul, Central e Estados Unidos...
No dia 15 de fevereiro/18, fiz uma postagem na página do Facebook do RockRiders.com.br com algumas fotos dessa motociclista que viajou por boa parte do mundo. Achei divertido ler algumas mensagens de motociclistas do tipo: mas isso não é possível!? Algo estranho nessa história! Foi de Triumph, não é uma moto confiável! E outros tantos comentários do gênero.
Fiquei pensando: existem muitas pessoas que ainda acham que para se fazer longas viagens é preciso de uma moto "modelo tal" e que é necessário muita coragem e experiência, coisas que as "garotas" não tem. Quanto engano!
A Lea não foi a primeira e nem será a última mulher a realizar uma mega viagem de moto e não importa o modelo, cilindrada ou marca.
"Qualquer moto leva qualquer motociclista para qualquer lugar, basta querer, conciliar a vida para poder e respeitar os limites da moto, e principalmente os seus". (Policarpo - RockRiders.com.br)
Lea Rieck, é alemã e em 2016, partiu do seu país para uma mega viagem, contemplando a Europa (leste), Ásia, Oceania, América do Sul, Central e também os Estados Unidos.
Uma história, como tantas outras já publicadas aqui no RockRiders, para inspirar! Principalmente aqueles que ainda não partiram para realizarem seus sonhos em viagens desse porte, ou, menores e menos abrangentes, afinal, poucos são aqueles que tem foco e atitude para providenciarem tudo que é preciso, inclusive dinheiro, claro, para realizar uma viagem como essa.
Se você acha que fazer uma viagem dessa, é necessário ser um super piloto(a) experiente, alegro-me a informá-lo que você está enganado(a). Lea aprendeu a pilotar e tirou sua carteira de habilitação, dois anos antes de partir para essa viagem. Outra coisa, se você pensa que é necessário dedicar meses ou anos para um planejamento de uma longa viagem, de novo, está errado(a), Lea organizou tudo algumas semanas antes de partir!
Leia mais e quebre seus preconceitos e paradigmas.
Lea tirou sua licença para pilotar em 2014, mas desde então ficou apaixonada por pilotar e sua vontade de viajar pelo mundo de moto foi aumentando mês a mês.
Ela não se preparou muito para realizar a viagem, afinal, tinha suas ocupações em tempo integral com trabalho, desenvolvendo as plataformas digitais de uma revista. Só pode se concentrar na viagem, algumas semanas antes de partir. Acabou, inclusive, errando na quantidade de coisas que levou nas bagagens da moto e durante duas vezes na viagem, enviou de volta para casa coisas que não usava, para reduzir a quantidade e o peso na moto. Na Alemanha, na oficina de um amigo, aprendeu a fazer algumas manutenções básicas na moto, já que não tinha nenhum conhecimento.
Quanto a bagagens e as coisas que levou, aprendeu na prática. Percebeu durante a viagem que o que usamos acaba sendo somente a roupa do corpo, aquelas que usamos para pilotar: jaqueta, calça, blusa, bota, luvas e capacete. Numa longa viagem, o melhor é que esses equipamentos sejam de qualidade, para durar por toda a viagem e nos atender nas diversas condições climáticas. O resto, roupas para quando vamos dormir ou passear a noite nos locais que nos hospedamos, são as mais básicas e numa viagem de moto pouco nos importamos com isso. Homens estão mais acostumados, mas, para a Lea, foi um verdadeiro aprendizado.
A idéia de empreender essa viagem surgiu na cabeça da Lea, por sempre desejar dar um tempo em seu trabalho e fazer uma longa viagem. Depois de começar a pilotar e descobrir que era possível viajar pelo mundo de moto, não tirou essa idéia da cabeça. Para ela as viagens por terra tem um apelo diferente, porque você vê e sente diretamente as mudanças da natureza, da cultura e das pessoas.
Em seus relatos, feitos em seu blog e em sua página do Instagram, ela conta que teve muitos momentos incríveis e únicos nos meses que passou viajando, sendo impossível destacar um só. Ela considera que toda a experiência foi um destaque. "O legal de uma viagem de moto é que podemos curtir vários países e não apenas um. Muitas vezes acontecem coisas que não esperamos.
Numa vez estava pilotando através de Assam na Índia e estava bastante cansada devido ao tráfego por lá. Fiquei acabada. Mas ai fui convidada para uma celebração de um feriado hindu e os moradores locais me pintaram na cor azul e vermelha e me convidaram para se juntar e dançar com eles. Foi uma experiência mágica e intensa inacreditável, os indianos sabem como se divertir", escreveu a Leia.
Dentre os lugares e países que conheceu, Lea destaca que na Ásia, Pamir Highway no Tajiquistão e Karakorum Highway no Paquistão foram suas áreas favoritas. "Nas montanhas de Pamir, você encontra um monte de cascalho e pistas offroad com mais de 4000 metros de altitude. Já em Karakorum Highway no Paquistão, alguns trechos são perfeitamente pavimentados e torna a viagem confortável e bonita. Ambos lugares tem uma paisagem rochosa e áspera. O Deserto de Atacama na Argentina/Chile também é sensacional, com paisagens surreais. Já nos EUA, a região do Grand Canyon foi uma das que mais me inspirou", conta Lea.
Turquia
Seu roteiro foi desde a Alemanha, cruzando o leste europeu, passando pela Turquia, Geórgia, Rússia, Cazaquistão, Uzbequistão, Tajiquistão, Kirguistão, China, Paquistão, Índia, Nepal, Tailândia e Malásia. Dai ela voou para a Austrália, depois para a América do Sul, onde subiu até os Estados Unidos. Deu um rolê por Marrocos no norte da África também!
Segundo ela, uma ocorrência que a marcou, foi uma queda que teve no Cazaquistão, em uma pista de areia. "Bati a cabeça forte na queda. Fiquei um dia e meio de cama, logo em seguida tive que pilotar em pistas com mais areia, foi desafiador. Chorei de alívio quando se iniciou trechos de estrada de asfalto", lembra Lea.
Lea fez sua viagem de forma econômica, se hospedando em albergues baratos, hotéis, hostels e casas de família. Chegou a acampar em poucas ocasiões, já que percebeu que é algo não muito seguro a fazer quando se é uma mulher viajando sozinha pelo mundo.
Diferente do que muitos possam imaginar, Lea bancou sua viagem com recursos próprios, "economizei um bom dinheiro para a viagem como o meu trabalho e durante a viagem, trabalhei um pouco também, o suficiente para ganhar um extra. Gastei aproximadamente 35.000 euros, pode soar muito para muita gente e pouco para tantas outras. As maiores despesas foram com os voos que tive que fazer, para a Austrália e de lá para a América do Sul, isso porque além da minha passagem, teve a da moto também! Os custos de alimentação e hospedagem são baixos na maioria dos países que visitei, isso para quem é da Alemanha né!", disse Lea.
Grand Canyon - EUA
Deserto de Atacama / Paso Jama / Chile
Quanto a solidão na viagem, Lea diz que sentiu muito a falta dos seus amigos, família e também da comida. Segundo ela em muitos lugares que cruzou não era fácil comer, mas, aprendeu a lidar com tudo que é novo e estranho num primeiro momento. Por outro lado, hoje em dia, tendo wifi, através do WhatsApp, FaceTime e tal, a comunicação com os amigos e família sempre ocorre. Lea relatou sua viagem na rede social online, o que a deu a impressão de não estar viajando sozinha.
Quando perguntada sobre o que sugere a outras mulheres que querem fazer uma viagem como a dela, ela foi direta e simples, dizendo: "Não há muito o que sugerir, basta fazê-lo. Vai enriquecer a sua vida e ensinar-lhe coisas incríveis. Não tenha medo de viajar sozinha. A maioria das pessoas são boas e realmente querem ajudar. Fiquei emocionada com a generosidade de algumas das pessoas mais pobres que conheci. Os menos favorecidos materialmente são os mais generosos em ajudar-nos com hospedagem e tudo mais que precisamos."
Patagônia - Argentina
China
Estados Unidos
Após o término da sua viagem, Lea de volta a Alemanha, teve que procurar novo imóvel para viver e também novo emprego, já que antes da viagem abandonou tudo.
Lea diz que tal viagem a deu uma visão mais profunda do mundo e da sua própria vida. "É claro que me mudou se considerar todas as experiências que tive, todas as coisas que aprendi, todas as novas pessoas que conheci e todas as diferentes formas de vida que vi. Uma viagem como essa é enriquecedora em todos os pontos de vista. Diria que ainda sou a mesma pessoa que era, mas, mais suave e flexível", finaliza Lea.
Mais informações e fotos
Instagram da Lea (recheado de fotos de toda a viagem) - instagram.com/lea_rieck
Honduras - América Central
As duas fotos acima - Deserto de Atacama / Chile
Machu Picchu - Peru
Atacama com o Pacífico - Chile
Bolívia
Mano Del Desierto - Chile/Atacama - Próximo a cidade de Antofagasta
Patagônia - Argentina
Índia
Glaciar Perito Moreno - Sul da Argentina - Calafate
Fonte: Informações pelo Site nectarandpulse.com (em inglês), adaptado por Policarpo - RockRiders.com.br, com fotos captadas no Instagram da Lea. www.rockriders.com.br
2 comentários:
Muito interessante, teve a coragem de enfrentar tudo com disposição, pois não é fácil fazer o que fez , sim teve a disposição e a coragem , uma vez que de nada conhecia a Moto e seus pertences a serem levados , teve fibra e coragem , admiro pessoas assim com determinação e coragem para consegui o que quer,muita coragem garanto que ao voltar já éra outra pessoa determinada, sei que ficará na lembrança tudo que passou, sim vai voltar? tenho pela certeza que fará de novo, PARABÉNS a ela pela iniciativa.
Parabéns pela atitude e pela força de fazer tudo sozinha teve coragem como outras que já fizeram de outras formas e Motos menores, adorei tudo.
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