O carro de boi chegou rangendo. As rodas de madeira giravam em torno de um eixo de madeira, e mesmo ensebado, criavam um atrito. Isto produzia um som que todos identificavam com a modorra de um carro de boi. Em cima, um grupo de homens humildes, que desciam, se enfileiravam e obedeciam com um rebanho de bois. Eram tocados pelos jagunços do coronel, o chefe político da região. Iam escolher o prefeito, deputado, governador e o presidente da República dos Estados Unidos....do Brasil. Já tinham os candidatos selecionados, bastava, pegar a caneta de pena, molhar no tinteiro e tentar escrever o nome. Era o voto a bico de pena. É verdade que para os mais alfabetizados o chefe político local poderia até emprestar a sua belíssima caneta Parker. Depois da votação, só os homens votavam, seguia-se uma grande festa bancada pelo coronel. É aí que as mulheres entravam. Graças a esse eficiente sistema eleitoral a república velha, oligárquica se mantinha de pé. Era a política dos governadores, que carreavam votos para as bancadas que apoiavam o presidente no Congresso. Na época ainda não se chamavam base aliada, ou alugada se quiserem. Presidente, governadores, prefeitos se articulavam para governar com o mínino de oposição possível. Uma parte dos desafetos era excluída sob a acusação de ter manipulado o eleitorado através do sistema eleitoral.
As marchinhas martelavam a cabeça da população. O rádio era o principal veículo de comunicação dos partidos políticos. Estes por sua vez giravam em torno do candidato a presidente da república dos Estados Unidos.... do Brasil. O populistas pululavam nos alto falantes, comícios em praças públicas, carreatas e nos santinhos de papel distribuídos aos milhões. Em torno das personalidades políticas o povo criava verdadeiras torcidas organizadas e se deglatiavam exaltando o seu candidato e execrando o oponente. Paródias impublicáveis eram feitas das marchinhas eleitorais e provocativamente cantadas nas ruas. Pelo menos, na hora do voto, não havia mais o repugnante voto aberto. Agora era fechado, secreto, com a cabina indevassável como dizia a propaganda da justiça eleitoral. Por isso os eleitores depositavam nas urnas os santinhos. Não tinha erro. Era trazer o pepelucho de casa, ou pegar na porta das seções de votação com os cabos eleitorais pagos pelo candidato. Na hora de contagem era mais fácil, uma vez que era só olhar na cara do candidato e cantar o voto para o apurador. As acusações de manipulação continuavam.
O Brasil passou os Estados Unidos. Pos em ação as urnas eletrônicas, que facilitaram o voto, combatiam a corrupção eleitoral, e a apuração seria na velocidade dos bits e bytes. Um avanço considerável, sem dúvida da República Federativa do Brasil. Enquanto os yankees estavam ainda na era do papel. Uma cédula gigantesca. Além do nome dos candidatos a presidente, governador, senador e deputado outros itens são listados. Candidatos a sheriff, promotor, plebiscitos sobre ações custeadas com o dinheiro do contribuinte e referendos sobre leis aprovadas nos parlamentos. Uma canseira. Misturam a democracia representativa com a direta... Aqui surgiu uma suspeita sobre a fidelidade das urnas eletrônicas. Graças aos founding fathers tupiniquins as urnas agora vão imprimir o voto. Este vai para uma urna, como antigamente, na época do Vargas, Jânio, Adhemar, Jango, Juscelino e outros. Assim, se houver qualquer dúvida é só contar um por um os votos. Distorcendo Lênin, por aqui para se dar um passo á frente é preciso antes dar dois passos para trás.
Fonte: Jornalista Heródoto Barbeiro - Record News/SP - (Postado na cidade de Santa Fé do Sul-SP).
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