"Nosce te ipsum" - Conhece-te a ti mesmo". Este pensamento Grego descrito no Templo de Delfos, base de ensino do filósofo ateniense Sócrates há milhares de anos, continua atual e necessário e é estímulo para a renovação íntima; porta para a felicidade.
Renovar-se para ser feliz parece clichê comportamental de divãs de Analistas, conselho de psicólogos de plantão palpitantes da vida alheia alheia ou frases de traseiras de caminhões.
Mas é mais do que isso: é a maneira de conseguir superar as dores que nos afligem. Finalizar angústias que exigem que sejamos felizes e melhores do que os outros o tempo todo, o que é irreal. Renovação interior passa por compreender que felicidade plena não existe. Que a felicidade que devemos buscar é ter mais momentos que nos tragam prazer, harmonia, compartilhamento sadio com que amamos ou nos agrega algo e, com isso, conquistarmos o crescimento como ser humano. Se tivermos mais destes momentos em nossa existência, então , seremos felizes na medida do possível. Porém, para isso, é imprescindível não nos cobrarmos em excesso. Sermos algo que não gostamos de ser, enganando-nos para não encarar os próprios limites (com medo de ter que lutar para os superar), ou, pior ainda, fingindo ser o que não somos só para satisfazer desejos alheios. Isso se chama auto-engano.
A sociedade nos cobra diariamente, e com muitos preconceito e crueldade, para sermos: mais produtivos do que todos os nossos pares no trabalho; mais bonitos nos ambientes que estivermos; mais saudáveis nas comparações com os amigos e conhecidos; mais inteligentes no bate-papo do Bar (que era para ser descontraído, mas vira uma bancada acadêmica, onde um quer ser mais "sábio" do que o outro); mais caridoso do que o vizinho (vendendo a caridade como moeda de orgulho. "Que a mão esquerda não saiba o que faz a mão direita...", diz O Livro); mais ricos e assim mais "felizes" (e dane-se se para isso precisar espezinhar o concorrente, abandonar os deveres familiares, não ter escrúpulos, fazer parte de uma corrupçãozinha).
E com tanta falsa necessidade de ser mais e mais, vamos nos auto-enganando. Porque se não formos assim, temos o pavor de sermos excluídos. E na verdade, seremos mesmo. Mas, esta exclusão, por não querer ser mais e mais é ruim mesmo? É bom vivermos o que não somos, adaptarmos-nos aos anseios de quem exige que sejamos tal e qual ele quer ser? Fazer isso cansa, mente e corpo.
Chega a hora de pararmos de nos auto-enganar e agirmos de fato para sermos quem realmente queremos ser, que nos faz bem. E nesta hora, em que renovaremos conceitos, será melhor a boa demanda que nos dê a paz do que a comodidade que nos leva à ruína.
Fazer isso é simples? Não é. Pois como diz o escritor Saramago: "A vida ensina que que não há nenhuma coisa simples. E se o parece ser, mais convirá duvidar".
Agora, já que não é simples viver numa sociedade que lhe cobra o ser o melhor sempre, mesmo que isso o faça desenvolver um "falso eu", teria coragem de ousar conhecer-se? Fazer a viagem dentro de si mesmo, analisar o que realmente quer conquistar e como viver e assim seguir adiante? Isso é ser ousado e parar de se enganar. Viver com o que nos faz satisfeito, que nos empolgue, motive-nos a acordar pela manhã curtir com que amamos e nos ama, sem a preocupação de nos compararmos excessivamente com o que os outros fazem ou exigem de nós. Deixarmos de ser um modelo de papel criado pelo marketing emocional de consumo. Isso oprime. Liberte-se e seja mais você mesmo.
Não tenha dúvida: agir assim refletirá positivamente em todos os campos de nossa vida, seja o pessoal, seja o profissional. Porque seremos nós mesmos.
Fonte: Carlos Alex Fett - Coordenador Acadêmico da Escola de Gestão Pública de Rio Preto e Consultor Empresarial / Jornal Diário da Região - (Postado na cidade de São José do Rio Preto-SP).
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