A tecnologia embarcada está cada vez mais presente nas motos e depois de oferecer possibilidades de conexão com os smartphones, agora caminha para a interação com outros veículos e coisas.
Depois do surgimento da injeção eletrônica e dos freios antiblocantes, a eletrônica embarcada avançou para os sistemas de conexão e agora, sinaliza para uma era de comunicação e interatividade que parece coisa de ficção científica.
Um dos primeiros sistemas de conexão que surgiram foram os intercomunicadores, que antes do advento do Bluetooth, funcionavam na base do fio e permitiam que o piloto escutasse música a partir de seu tocador de MP3, como também, conversar com o garupa. Coisa chique para a época (estamos falando aqui de início dos Anos 2000).
Mas com o surgimento dos smartphones em meados da década passada, não demorou a surgirem os sistemas de intermunicação baseados nas tecnologias Bluetooth e o sistema DMC (Dynamic Mesh Communication), que excluíram o fio e ampliaram não apenas o número de participantes nas conversas, mas também, a distância que estes poderiam estar uns dos outros.
Foi nesta mesma época que começavam a surgir os primeiros sistemas de mapeamento remoto para motocicletas de cross e enduro, alimentadas por sistemas de injeção eletrônica. Inicialmente conectados via cabo e posteriormente, via Bluetooth, tais plataformas permitiam a mecânicos e pilotos regular o mapa de ignição das motos para acertá-las de acordo com o tipo de pista, temperatura, umidade do ar, nível de experiência do piloto, entre outros parâmetros.
Já por volta 2014, 2015 foi a vez da indústria apresentar os primeiros sistemas de infotainment, instalados nas motos touring de maior valor agregado. Nestes, uma tela de LCD no painel, associada a um conjunto de alto-falantes, passou a oferecer conectividade com o celular e com os intercomunicadores, permitindo acesso à chamadas (fazer e receber) e às playlists salvas no aparelho, além de oferecer sistemas de navegação nativos.
Com a popularização dos sistemas Android Auto e Apple Car Play nos carros, não demorou para que estes também começassem a aparecer em algumas motos top de linha, sistemas que ganharam o reforço das telas de TFT (Thin Film Transistor) muito recentemente, que permitem o emparelhamento dos smartphones no painel da moto. Vale ressaltar que por enquanto, somente é possível fazer isso usando o cabo do aparelho plugado à moto e que não são todos os apps que rodam nestes sistemas.
Outra novidade no mundo da conectividade são os apps nativos desenvolvidos por algumas marcas e que funcionam baseados em conceitos de telemetria, possibilitando ao piloto conhecer uma ampla gama de dados de sua moto como ângulos de inclinação, tempos de viagem e de volta, números relativos a frenagem, além de também possibilitarem acertar os modos de pilotagem remotamente, tudo via Bluetooth.
Radares e feedback háptico
Recentemente, uma nova tecnologia começa a debutar no mundo das duas rodas: os radares. Esta é outra tecnologia que deriva dos carros e permite não apenas com que a moto mantenha de forma automática uma distância segura para os veículos à frente, mas também, possibilite ao piloto saber quando um veículo, por exemplo, está em seu ponto cego dos espelhos.
Mas já surge no horizonte uma tecnologia que promete levar a integração com a motocicleta a um nível jamais experimentado.
Chamada de “feedback háptico”, trata-se da oferta de estímulos sensoriais ao piloto sobre o que está acontecendo com a sua moto e ao redor dela. Utilizando câmeras, radares e sensores, tal sistema oferece informações sobre eventuais alertas e perigos não sob a forma de estímulo visual, como uma imagem ou mesmo uma luz no painel, mas sim, na forma de vibrações transmitidas em áreas específicas do corpo do piloto, como por exemplo, nas mãos através de luvas hápticas. Desta forma, a interface com o motociclista é menos perturbadora e potencialmente mais significativa.
Visando padronizar a forma como motos e carros vão interagir entre si e com o ambiente, foi criado em 2016 um consórcio batizado de CMC (Connected Motorcycle Consortium). Formado por BMW Motorrad, Honda Motor Co., Ltd., KTM AG, Yamaha Motor Co. Ltd, Suzuki Motor Corporation e Triumph Design Ltd., ele vem trabalhando para a criação de uma especificação-base para sistemas de conectividade V2X (Vehicle-to-Everything), que possibilitem às motos comunicarem-se com outros veículos e também, com a infra-estrutura viária.
Fonte: André Ramos / Motoadventure.
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