Mudanças climáticas exige debate sensato e baseado em evidências sobre a produção de energia nuclear
Em 27 de junho de 1954, o reator soviético de Obninski tornou-se o primeiro do mundo a gerar energia atômica para uso civil. Passados 70 anos, há 413 usinas em operação no planeta, responsável por cerca de 10% da produção de eletricidade. Mas, em 1996, eram 17,5%.
Essa matriz sempre esteve envolta em polêmicas, a começar, claro pelo uso bélico devastador em Hiroshima e Nagasaki ao final da Segunda Guerra Mundial.
Em entrevista à folha, o diretor-geral da Agência Inrternacional de Energia Atômica (AIEA) da Onu, Rafael Grossi, disse que "ao longo da história, houve uma demonização da energia nuclear".
O aquecimento global, contudo, impõe um debate sensato sobre o tema. Isso porque usinas nucleares geram emissão ínfima, quase nula, de carbono e um terço da energia limpa do mundo. Segundo Rossi, "abordar mudança climática rechaçando a energia nuclear é, francamente, incompreensível".
Números associados à letalidade dessa matriz também estão emtre os mais baixos, com 0,03 mortes por terawatt-hora (TWh) produzida - só acima da solar (0,02) e a uma distância abissal do carvão (24,60) e do petróleo (18,4).
Há, claro, risco de acidentes, mas são raros quando considerada a extensão do uso. A França concentra a maior quantidade de reatores da Europa (56), que geram 70% da eletricidade do país. Os Estados Unidos são os líderes globais, com 92.
Tentar banir a energia nuclear por causa de tragédias como as de Tchernóbil e Fukushima assemelha-se a combater o transporte áreo devido a quas de aviões.
Há, sem dúvida, o problema dos resíduos radioativos, que precisam de estocagem por milhares de anos, mas protocolos baseados em evidências científicas podem ser incremtados para manter a segurança ambiental desse descarte.
A AIEA organizou a primeira cúpula sobre o tema, a ser realizada em março. Trata-se de iniciativa necessária para que o mundo possa debater os prós e contras da energia nuclear à luz da crise do clima.
Para cumprir a meta do Acordo de Paris, de manter a alta da temperatura golobal até 1.5C, é preciso cortar a liberação de carbono em 43% até 20230 e eliminá-la até 2050.
E, se os combustíveis fósseis são responsáveis por 75% das emissões, urge que a comunidade internarcional avalie com sensatez e sem mistificações as alternativas que substituirão a queima de carvão, petróleo natural.
Fonte: Jornal Folha de S. Paulo
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