CENSO
Uma entrevista concedida pelo ex-presidente do IBGE e pesquisador da FGV, Roberto Olinto, sobre o censo brasileiro que mensura a população a partir dos municípios, entre outras variáveis, revela um problema que afeta os municípios, estados e a nação. São os dados que os recenseadores colhem que definem as políticas públicas, os recursos distribuídos e o planejamento das ações governamentais. Na entrevista o pesquisador reputa o atual censo de calamitoso e põe em dúvida os dados coletados.
TRAGÉDIA
Os dados preliminares apresentados na pesquisa demográfica, segundo Olinto, têm sido uma tragédia por revelarem estar incompletos em razão de técnicas inapropriadas que foram aplicadas. Como nenhum censo alcança os cem por cento da população global são imputados dados em cerca de dois por cento da população nas amostragens, mas o censo de 2022 aplicou na base de cálculo vinte por cento. “Estamos imputando dados em questionários inteiros e nenhum censo se sustenta com esta imputação. Há problemas também em algumas variáveis: idade, renda e população”, diz o pesquisador. É uma tragédia que afeta Porto velho, por exemplo.
CONTESTAÇÃO
Os dados prévios de Porto Velho, por exemplo, indicam que a população encolheu em relação ao censo anterior em 100 mil pessoas. Dados que se contrapõem a outros números disponíveis em órgãos estaduais. Essas contradições implicam na diminuição de recursos destinados aos municípios, além de reflexos negativos em ações públicas fundamentais para a população da capital. Quem mora aqui há mais de dez anos percebe que houve um incremento populacional e contesta os dados prévios do novo censo. Mesmo que essa contestação seja a partir do senso comum.
REPETECO
Nos municípios do interior de Rondônia a discrepância se repete com o encolhimento da população em Ariquemes, Vilhena, Guajará-Mirim, entre outros. Ji-Paraná foi uma exceção, ainda assim o crescimento foi tímido e não condiz com a realidade do município. Os prejuízos na distribuição dos recursos federais com dados do censo defasados são enormes e impactam nas ações administrativas e nos serviços públicos.
REAÇÕES
Ao que parece os prefeitos rondonienses não se perceberam do problemão com dados defasados previamente apresentados pelo IBGE e estão calados sem reagir firmes com a situação calamitosa do censo. Alguns vereadores da capital ensaiaram alguma reação contrária ainda assim muito tímida em relação ao impacto que os números podem implicar para o município.
AZÁFAMA
Nos últimos quatro anos o país foi assolado por uma horda que destruiu muitas políticas afirmativas com o ímpeto de impor pautas conservadoras afetando ações sociais importantes país afora. Ao aparelhar de forma bisonha as estruturas de estado, aquelas autoridades impuseram um retrocesso social e político enorme que terão reflexos nocivos por algum tempo. A pressa com que avançaram sobre a máquina fez com que retrocedêssemos em muitas políticas públicas ao período neolítico. É preciso agora reconstruir o que foi devastado a começar por treinarmos novos recenseadores para que o censo seja rechecado ou auditado.
LEGISLATIVO
Quarta-feira, na Casa de shows Talismã, os deputados estaduais tomam posse para mais uma legislatura e devem também escolher as novas mesas diretoras para o primeiro e segundo biênios. O deputado estadual Marcelo Cruz (Patriotas), reeleito, deve ser o ungido para comandar o Poder Legislativo no primeiro biênio. Para o segundo, o deputado Alex Redano (Republicanos) deve ser eleito para mais um mandato na presidência. Redano fez um mandato bem avaliado e uma presidência tranquila e também elogiada, razão pela qual foi reeleito.
AUTOFAGIA
O PL, partido de Jair Bolsonaro, ingressou na justiça eleitoral do Paraná com um pedido de cassação da diplomação do senador eleito Sérgio Moro (UB) por abuso de poder econômico. A ação é robusta nas provas apresentadas e pode colocar em risco a diplomação do ex-juiz eleito a senador.
ABUSO
Pela acusação, o PL sustenta que Moro, antes de se lançar candidato a senador pelo União Brasil, foi pré-candidato a presidente pelo Podemos quando arrecadou e gastou uma dinheirama não contabilizada e, portanto, driblou o teto de gastos como estratagema perniciosa para passar um pito na legislação eleitoral. Com a estratégia Moro teria conseguido dar visibilidade à verdadeira intenção pela disputa ao Senado.
INFORTÚNIO
A ação tem tudo para aumentar o infortúnio do ex-juiz desde que decidiu ingressar na seara política onde é tratado com o mesmo rigor que dispensou aos desafetos que um dia julgou. Para piorar a situação quem pede a sua cassação é o partido de Bolsonaro, o mesmo que Sérgio Moro serviu como ministro e mesmo com quem se juntou nas eleições presidenciais contra seu principal desafeto. Não tem o que reclamar numa eventual derrota na justiça eleitoral.
INDICAÇÃO
Anselmo de Jesus, ex-deputado federal, deverá assumir a superintendência do Incra em Rondônia, uma indicação do PT. Já a CPRM a indicação é do senador em exercício Samuel Araújo (PSD), e o nome sugerido pelo senador e que está sendo avaliado pelos órgãos de controle é Tata Brasil. A coluna apurou que os cargos federais deverão ser ocupados prioritariamente por servidores de carreira, mas desde que não tenham laços com o bolsonarismo. Algo em Rondônia quase raro.
ANUNCIADA
A crise humanitária agora constatada contra a etnia dos Yanomamis é uma tragédia anunciada que nossas autoridades deixaram alcançar um estágio estarrecedor merecendo uma investigação isenta e minuciosa. A atividade mineral e vegetal em terras indígenas tem sido denunciada reiteradamente por organizações ambientais instaladas na Amazônia. Embora o problema seja conhecido havia por parte das autoridades falta de compromisso com os povos originários para buscar soluções e uma visão equivocada do ponto de vista antropológico sobre a questão indígena. Além de um trupe reacionária que expressa em privado que estas etnias deveriam ser dizimadas com sua absorção ao mundo “civilizado”.
Fonte: Jornalista Robson Oliveira / Porto Velho-RO.
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