Ninguém, até este momento, pode imaginar que seja possível juntar opositores e adversários em torno de um ideal comum
É preciso esquecer as divergências do passado
REPRODUÇÃO / PIXABAYA intenção é restaurar a democracia no Brasil. Políticos e partidos políticos chegam à conclusão de que é preciso esquecer as divergências do passado. Sem isso, fica difícil tirar do poder o militar que ocupa a Presidência da República. Ele tem apoio das Forças Armadas e de boa parte dos conservadores e direitistas. Representa um programa que impede a ascensão de líderes que possam pôr em risco os fundamentos da nação, entre eles a propriedade privada. Há forte reação, principalmente dos proprietários de terras que tiveram suas fazendas invadidas por agricultores aos gritos da implantação de uma reforma agrária. Por sua vez a burguesia industrial teme a volta do fortalecimento dos sindicatos, paralisações da produção, greves por melhores salários e condições de trabalho. Há um forte sentimento anticomunista, o temor de que esse regime possa ser implantado no Brasil, como ocorreu em alguns países da América Latina, e Cuba é o maior exemplo.
Bater de frente contra o Poder Executivo já mostrou que não funciona. Nenhum líder político isolado tem condições de liderar o movimento popular, uma vez que há fortes divergências entre as correntes que o compõem. Ninguém, pelo menos até este momento, pode imaginar que seja possível juntar opositores e adversários em torno de um ideal comum, como a volta à democracia, ao Estado de Direito, liberdade de manifestações políticas, garantia de opinião e reunião. Para boa parte da população espalhada pelo Brasil, esses ideais não comovem, ao contrário dos habitantes das grandes cidades, principalmente no Rio de Janeiro e São Paulo. Os ecos de descontentamento chegam à capital da República, Brasília, onde os que detêm o poder vivem encastelados, e emanando ordens na direção do que entendem ser melhor para o país. Não há pressão direta sobre o Congresso Nacional, que tem na sua composição uma maioria conservadora e refratária ao que entende ser um processo de comunização do Brasil, graças às lideranças históricas da esquerda.
Heródoto Barbeiro é jornalista do R7, Record News e Nova Brasil, além de autor de vários livros de sucesso.
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