Praticidade, baixo consumo de combustível e facilidade de manutenção são algumas vantagens de viajar com moto pequena. Mas é preciso paciência, tempo e alguns cuidados no trajeto
Qual seu destino dos sonhos? Uma praia badalada no litoral do seu Estado, subir a Cordilheira dos Andes, ir até Ushuaia no extremo sul do planeta ou dar a volta ao mundo... quem nunca acordou divagando sobre essas possibilidades? Muitas vezes, o sonho é adiado por conta da moto pequena que está na garagem. Mas isso não é desculpa! Veja algumas dicas para quem deseja encarar a estrada com sua companheira de até 160 cc.
Um dos destinos mais badalados entre os aventureiros é Ushuaia, no extremo sul da Argentina. Muita gente já chegou lá e traz na recordação o desafio das longas retas, o vento lateral e os trechos sem asfalto. Os relatos que chegam na Duas Rodas dão conta de aventureiros que foram de motos, motonetas e até Vespa... Ou seja: é possível chegar ao destino, não importa o tamanho da moto. Para você se empolgar, vamos dar um empurrãozinho no seu sonho com algumas dicas para viajar com a sua pequena companheira de duas rodas.
Autonomia
Modelos como a Honda Pop 110i ou a Yamaha Crypton foram projetados para o uso urbano e têm tanques pequenos. A capacidade da Honda Pop é de 4,2 litros a mesma da Yamaha Crypton. Apesar disso, não faltam relatos de viajantes que atingiram o objetivo. O segredo é ter mais atenção aos pontos de abastecimento, planejar a rota e, claro, levar combustível reserva. Para isso, é indicado o uso de galões específicos pois, em caso de queda, são mais resistentes. Sem contar que oferecem maior praticidade na hora de encher no posto e reabastecer.
Tenha paciência
Quem resolve viajar de moto pequena, deve exercitar o dom da paciência. Com ela, é possível manter o ritmo de viagem e aumentar a autonomia da moto. Não há nada pior do que estar com pressa numa moto pequena, olhar para o hodômetro e os quilômetros não passarem. Se você é ansioso, nem ouse viajar com uma moto pequena, vai passar raiva! Mas se conseguir se controlar, terá como vantagens o baixo gasto com gasolina curtirá ainda mais a paisagem.
Praticidade
As motos pequenas são mais práticas na hora de estacionar. Sabe aquela parada rápida, para fazer uma foto na estrada ou gravar um vídeo para as redes sociais? Pois é, numa moto pequena é muito mais simples. Ela cabe em qualquer lugar e, se por acaso tombar, você levanta na maior tranquilidade. Essa mesma praticidade você encontrará nas paradas para acampar ou nos hotéis, pois é mais fácil encontrar um cantinho para uma moto pequena.
Manutenção
Na hora da manutenção, a moto pequena também leva vantagem. As peças de reposição, como relação final, pneus, filtros, pastilhas, etc... têm menor custo se comparadas às motos grandes. Além de custarem menos, as peças são menores e podem ser transportadas na bagagem.
Ao trocar as peças, as motos menores também apresentam maior facilidade. Basta apoiar a moto no cavalete central (ou numa pedra ou tronco de madeira), fazer o trabalho e seguir viagem.
Bagagem
No quesito bagagem, as motos pequenas já pedem mais cuidado com o peso da carga e maior planejamento na hora de acondicionar os pertences na moto. Vale sempre lembrar que o ideal é distribuir a bagagem mantendo o maior peso na parte inferior, usando alforjes laterais, por exemplo. A carga alta pode desequilibrar a moto e tornar a pilotagem mais complicada, principalmente em regiões com muito vento – caso da Argentina, por exemplo. Uma exigência para o viajante com moto pequena é o desprendimento em relação ao conforto. Leve apenas o necessário!
Pilotagem atenta
Rodar em baixa velocidade não é sinônimo de segurança, pelo contrário, exige muito cuidado por parte do piloto. É preciso ficar atento aos retrovisores e antever a reação dos motoristas. No caso dos caminhões, vale sempre facilitar a ultrapassagem e não se expor a situações de risco como ficar no ponto cego do motorista.
Nas vias rápidas, tenha maior atenção com os carros que ficam costurando em meio ao trânsito. Procure manter uma posição defensiva e, assim como os caminhões, facilite a ultrapassagem. Tenha em mente que sua moto pode ficar “invisível” para o motorista que trafega em velocidade elevada...
Na hora de ultrapassar
Como a moto pequena tem menor desempenho, as ultrapassagens devem ser planejadas e feitas no menor tempo possível. Sempre se posicione de forma que o motorista possa ver sua moto, dê um alerta com a buzina e faça a ultrapassagem de forma rápida. Sempre escolha ultrapassar nas subidas, quando os caminhões perdem velocidade. Nunca force a ultrapassagem, é mais prudente desistir e esperar o momento certo para realizar a manobra.
Crepúsculo
O horário entre o pôr do sol e a chegada da noite é conhecido como lusco-fusco. Nesse período, a visibilidade fica comprometida por conta da luz frontal que atinge os olhos dos motoristas e se reflete nos para-brisas e na viseira do capacete. Quando se viaja sentido leste oeste, por exemplo, o fim da tarde sempre é complicado por conta da luz que atrapalha enxergar a pista. Leve sempre em consideração esse fenômeno antes de planejar sua viagem e lembre-se: você e sua moto estarão mais vulneráveis nesta situação.
Hora de dormir
Viajar à noite com motos pequenas pode ser um tormento. Infelizmente, o sistema de iluminação é adequado para as cidades e não para lugares escuros – como as estradas por exemplo. Portando, evite rodar à noite. Além da questão da segurança, em relação aos outros veículos, os faróis não permitem visualizar com eficiência buracos ou animais na pista. Em alguns trechos, como a região Norte do Brasil, as distâncias entre as cidades são enormes! Portando, calcule sempre a rota e, se for o caso, é melhor antecipar a parada e não correr o risco de viajar à noite.
Dia de descanso
Estabeleça um dia de descanso para cuidar da moto, lavar as roupas e conhecer o lugar. Esse dia é importante para recarregar as baterias e tomar decisões em relação ao roteiro. Às vezes, é melhor rodar menos e curtir mais, pois a aventura de moto não é feita de partidas e chegadas... ela é feita também no trajeto.
Inspiração
Se você leu até aqui, saiba que muitos aventureiros serviram de inspiração para esse artigo. Gente como o Daniel Hirose que foi até o Aconcágua, Argentina, de Honda Pop 110, acompanhando seu pai Ricardo que estava de Honda Shadow 750.
Ushuaia foi o destino escolhido pelo Beda Motero, em uma viagem solitária e com poucos recursos foi com sua Yamaha Crypton cumprir o seu sonho.
E o que dizer do Maurício Ramos, o Índio, que seguiu o roteiro dos Sertões com três amigos, todos de Pop 110. Ou seja, exemplos não faltam de gente que foi para a estrada de moto pequena e voltou com uma grande história.
Fonte: Cícero Lima / Revista Duas Rodas
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