Engana-se redondamente quem pensa que em Porto Velho, capital de Roraima, não faz frio. Faz, sim! E muito. Neste final de junho de 2021, as temperaturas locais despencaram para inacreditáveis 23°C graus durante a madrugada. Em Vilhena, no sul do Estado, os termômetros chegaram a incríveis 21°C graus nas primeiras horas da manhã. É muito frio para este rincão subdesenvolvido, atrasado e incivilizado onde o calorão abafado o ano todo é típico da região. E o pior: embora seja inverno em todo o hemisfério sul do planeta, em Rondônia bisonhamente é verão. A poeira sufocante da capital e o calor asfixiante são provas desta aberração climática. E não tem nada a ver com o determinismo geográfico: o “frio” chegou até forte a este fim de mundo, mesmo o lugar tendo os piores índices de IDH e de vida saudável. A África subsaariana é aqui.
Porém, muito antes dessa onda de “frio polar” chegar às terras karipunas, o Coronavírus já estava cumprindo o seu papel devastador. Já são mais de seis mil mortos pela pandemia e o poder público local quase nada fez além de prescrever Cloroquina e Ivermectina para os infectados daqui. Nem se sabe por que iniciaram a vacinação contra a Covid-19, já que o tratamento precoce virou moda neste lugar “sem eira nem beira”. “Rondonha” tem o menor índice de vacinados do Brasil com apenas oito por cento da população imunizada com a segunda dose. Neste ritmo, lá pelos idos de 2030 ou 2040 todos os pouco menos de 2 milhões de habitantes estarão devidamente vacinados. Isso se não morrerem antes pela ação do vírus. Por aqui, até advogado que trabalha em home office pertence a grupo prioritário. Aliás, “gente prioritária” é só o que há na província.
Só falta agora Rondônia começar a vacinar os políticos antes dos cidadãos honestos e trabalhadores. O frio extemporâneo certamente deve ter encontrado nestas “paragens do poente” deputados que usam sacos de lixo para esconder propinas e não serem vistos pelos colegas que deviam puni-lo. Todos eles deviam se vacinar, pois fazendo mais uma “lambança” talvez não fossem descobertos. Fazer frio em terra de político ladrão não combina com os novos tempos. A catinga de naftalina, barata e mofo das roupas molambentas doadas aos porto-velhenses não “bate” também com a falsa promessa feita pelos políticos de 1,4 milhão de doses de imunizantes que nunca viriam. Frio também não “casa” com falta de esgotos, avenidas sujas e lixo urbano. Vento frio traz mau cheiro da podridão de ruas esburacadas cheias de carniça, lixo, ratos e tapurus.
As árvores frondosas da Avenida Tiradentes em Porto Velho, que a SEMA e o prefeito mandaram exterminar antes das eleições de 2020, bem que poderiam aumentar a sensação de frescor na capital durante esta friagem rápida. Mas nem isso se tem mais por aqui. Tudo muito diferente do romântico Parque Barigui em Curitiba, do eterno Lago Negro em Gramado na Serra Gaúcha ou mesmo do Parque Farroupilha em Porto Alegre. Porto Velho, a acanhada, suja e quente “capital das sentinelas avançadas” nada tem a oferecer a quem tiver coragem de visitá-la nestes dias de “inverno de 23 graus”. A mais bolsonarista das capitais do Brasil tem só a Praça da EFMM, sempre inacabada, lotada de bosta humana e muito lixo nas redondezas. Isso aqui é terra de gente boa, mas enganada e iludida. Se até as andorinhas cagonas caíram fora, duvido que o frio torne a voltar: ficou com vergonha de Rondônia e da imundície. Pobre dessa gente “friorenta”!
Fonte: Professor Nazareno / Porto Velho-RO.
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