segunda-feira, 15 de junho de 2020

PARTIDOS FANTASMAS

Os partidos políticos não escapam das críticas da população. São os mesmos de sempre. Não há base democrática uma vez que não há vida interna consistente e até mesmo os candidatos a prefeito e vereador são frutos de uma escolha de poucos. Uns são ligados aos caciques que dominam a máquina e os cofres partidários. Outros  são desconhecidos, condenados a não se eleger nem para a prefeitura nem às câmaras municipais, uma vez que servem apenas para carrear votos para a legenda e divulgar fatos e biografias dos caciques. A verdadeira base é oligárquica. A ligação do partido com a população só se dá por ocasião das eleições com a divulgação da propaganda eleitoral. Os partidos estão distantes do eleitorado, não sabem quais são os sonhos e desejos da população que juram  defender. Afinal o país é uma república liberal, federativa, com eleições regulares, posse dos eleitos e os mandatos garantidos. Uma vez no cargo assumem a figura da autoridade e ficam distante dos que dizem representar.

O crescimento da insatisfação popular contra a forma que os partidos governam  o Brasil, incentivam as manifestações populares. Não raro há confronto com a polícia e há os que afirmam que o problema social  se resolve sob as patas do cavalo. Ou seja uma exaltação à violência policial que deve estar ao lado da ordem e para isso deve usar os instrumentos que julgarem necessários. Para a oposição sobra a tribuna das assembleias para protestar de longe, sem se envolver diretamente com as manifestações de rua e se arriscar a tomar um cassetete na cabeça. Há uma evidente diversificação estadual e os partidos vivem do regionalismo. Há a predominância local não só na eleição de prefeitos e vereadores. O localismo é uma fórmula que vem desde os primórdios da república e se consolidou com o passar dos anos. Aparentemente não há como mudar essa correlação de poder e proporcionar uma arejamento nos quadros partidários e a implantação de uma organização democrática interna.

Base partidária é mais uma das quimeras dos que sonham em mudar a forma de se fazer política. Ouvir e dar voz às bases é outra utopia. Ninguém acredita nem confia que os caciques vão abrir mão do controle da máquina uma vez que é através dela que defendem os seus interesses pessoais, de seus patrocinadores, amigos e familiares. E é com o domínio dela também que impedem o surgimento de qualquer facção que venha a ameaçar o poder consolidado. Os partidos são aparentemente nacionais e uma ou outra sigla defende essa bandeira, mas a maioria, ligada às oligarquias regionais, têm ação estadual. Afinal o Brasil é uma federação e se pressupõe que a autonomia dos estados está garantida na constituição. A velha constituição de 1891, a primeira da república. O imobilismo e a evidente separação entre as classes sociais detentoras das riquezas nacionais e outros estratos da população enchem de insatisfação os jovens miliares. Movimentos conhecidos como tenentistas espocam na década de 1920. O paradeiro dessa situação se dá com a ascensão de Getúlio Vargas no poder. Durante esse período os partidos se tornam inúteis até desaparecerem completamente na ditadura do Estado Novo.

Fonte: Jornalista Heródoto Barbeiro - (Coluna do Heródoto) / Record News-SP.



Nenhum comentário:

Postar um comentário