sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

DEUS NOS FALA

Evangelho de Lucas 14, 25-33

O evangelista Lucas nos mostra alguns critérios para seguir a Jesus. Evidencia-se entre eles certo radicalismo, contrapondo-se às escolhas da nossa vida mais caras ao nosso Mestre Jesus. Porém, esta opção de preferência ao Nazareno não significa que devemos, por exemplo, mutilar os afetos familiares. Essa linguagem, assim tão dura, quer dizer que Jesus está acima de todo mundo. Mas tudo isto não pode se reduzir a uma simples abstração de vida, isto é, não pode ficar somente nas palavras, precisa se concretizar no dia-a-dia da nossa história.

O Mestre Nazareno, com essa opção radical, nos mostra que para segui-lo precisamos ir além dos vínculos familiares, exatamente ao contrário daquela seita dos fariseus, onde se fazia tudo pelo interesse do grupo familiar. Ser cristãos tem que ter essa grande disposição ao total sacrifício de si. Portanto, a Cruz revela a nossa ação imitadora de Jesus como verdadeira. Sendo assim, Ele, o Mestre, nos convida a refletir bastante antes de segui-lo. E não se deixar atrair pelos fáceis entusiasmos e aplausos.

“De fato, se alguém de vocês quer construir uma torre, será que não vai primeiro sentar-se e calcular os gastos, para ver se tem o suficiente para terminar?” Ou ainda: “Se um rei pretende sair para guerrear contra outro, será que não vai sentar-se primeiro e examinar bem, se com dez mil homens poderá enfrentar o outro que marcha contra ele com vinte mil?” Estes dois exemplos de construção de uma torre e de um rei que quer guerrear demonstram a intensidade da ponderação do seguimento do Nazareno. O seguimento de Jesus, na prática, não é feito para os superficiais, para aqueles que estão cheios de si.

Jesus nos convida a refletir como achar a maneira de encontrar a coragem para não fugir da lógica da cruz. No final, quer ressaltar que não podemos ser discípulos somente algumas horas por dia, mas em tempo integral. Por isso, Lucas enfatiza o ensino do Mestre a respeito do alerta de quanto são perigosas as riquezas para o discipulado e para a constância da vida cristã. Nesse sentido, temos de considerar, também, que a posse dos bens não se concilia com a missão dos discípulos. Essa renúncia daquilo que se possui, significa não apostar a própria segurança naquilo que se têm, mas colocar a própria segurança naquilo que se doa.

Jesus quer que os seus seguidores sejam livres. É a condição para compreender seu ensino e testemunho. Para concluirmos, podemos dizer que é fácil se dizer cristão, mas muito mais difícil viver até o fim a vocação dos batizados. Assim sendo, te pergunto: como vives entre as pessoas a tua condição de testemunha de Cristo? Deixa-se levar pelos fáceis entusiasmos em falar de Jesus Cristo, ou pondera suficientemente a sua adesão concreta à vida dele? A sua aposta nele te ajuda a se doar cada vez mais para os seus irmãos?


Fonte: Claudio Pighin -  Sacerdote e doutor em teologia / Belém-PA.



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