Mesmo quem não assistiu ao filme Meia-noite em Paris vai entender perfeitamente o que vou escrever aqui.
Poderia listar centenas de motivos que justificassem o porquê de exaltarmos tanto o passado. Poderia ser romantismo, saudosismo, saudades, a ingenuidade, os acontecimentos, o relógio que sabe lá porque parecia funcionar com menos pressa ou até mesmo sua vida hoje ser realmente desprezível. No entanto, cada pessoa tem suas particularidades que as fazem idealizar um momento que marcou a história de sua vida.
Não acho isso de todo ruim. Quem me conhece um pouco percebe o quão saudosista eu sou. Tenho sim saudade da minha infância, das histórias que vivi, das pessoas que já foram e também de tudo aquilo que vivi e até sonhei em viver.
O que acontece é que o que passou é tempo PASSADO e viver com o pensamento que o antes era melhor que sua vida hoje é um erro que traz consequências horríveis. E viver achando que aquele passado que não te pertenceu é melhor que a sua realidade é pior ainda.
Quem mostra de uma maneira divertida, gostosa e incrível essa vontade de entrar na máquina do tempo e viver épocas passadas é o diretor Woody Allen em seu filme ‘Meia-noite em Paris’.
Bem resumidamente, o longa mostra o personagem Gil (Owen Wilson) viajando magicamente no tempo considerado por ele como o ideal, chegando a conhecer e viver uma noite dos anos 20, em Paris. O protagonista, que sempre idolatrou escritores renomados da época, tem a oportunidade de conhecê-los e, através deles, vai percebendo como o ser humano nunca está satisfeito e que, para cada um, há uma época em que seria perfeita viver.
Através de muita fantasia e do cenário de tirar o fôlego da cidade francesa, o diretor brinca com a ingenuidade de nós, pobres e ingênuos mortais, que não percebemos que a melhor maneira de ser feliz é viver o hoje, mesmo com as dificuldades, limitações e imperfeições.
Gil acaba percebendo isso ao ao presenciar que aqueles que idolatrava também buscam ansiosamente encontrar o baú da felicidade em tempos remotos. E, como já esperado, acabam se frustrando ao não entenderem que o segredo de ser feliz depende única e exclusivamente de cada um e do que escrevem, dia a dia, nas linhas do roteiro de suas vidas.
Um outro personagem tem uma das falas mais marcantes do filme, demonstrando como aquela doce nostalgia pode vir a ser amarga se não ‘sentida’ com moderação: ‘Nostalgia é negação. Negação do presente penoso. A noção de que uma outra época é melhor que aquela em que vivemos é uma falha na imaginação romântica daqueles que têm dificuldade em lidar com o presente‘.
E, para finalizar, como o próprio personagem de Owen Wilson transcorre em uma bela passagem: ‘O presente é isso mesmo. É insatisfatório. Porque a vida é insatisfatória‘.
Ps: Quem não viu ao filme, fica aqui o trailer e minha indicação para assistir 🙂
Fonte: Aline Aprielo - https://alineescreveaqui.wordpress.com/
COMENTÁRIO DO BLOG: Realmente, o passado nos aprisiona se deixar-nos ser manipulado por ele. Se acertou ou errou, já passou, o tempo segue. Viver o hoje é o ideal, o passado temos que administrá-lo, caso contrário ficaremos prisioneiro do passado pelo resto da vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário