domingo, 16 de fevereiro de 2020

DEUS NOS FALA

Evangelho de João 2, 1-11

São João nos narra a participação de Jesus, de sua mãe e de seus discípulos numa festa de casamento. Por que esse episódio? Na Sagrada Escritura o casamento representava a imagem perfeita da união entre Deus e o seu povo. Portanto, um símbolo do amor de Deus. Já o profeta Oséias, no Antigo Testamento, nos mostra como o povo esperava ardentemente esse matrimônio, essa união entre Deus o seu povo. De fato, em todo o Antigo Testamento, o povo de Deus traia constantemente o próprio Deus entregando-se aos ídolos. Dito isso, podemos agora ler com mais atenção a participação de Jesus ao casamento e fazer as devidas conclusões.

Diz a Palavra que nessa festa de casamento Jesus cumpre o seu “primeiro sinal”. O evangelista João prefere usar a palavra sinal no lugar de milagre, porque ajuda entender melhor a ação de Jesus em favor das pessoas. Somente a fé descobre o verdadeiro sentido, o do por que Jesus agiu daquele jeito. Por isso, a comunidade de Jesus, confiando Nele, vendo o sinal, teve capacidade de crer Nele. A mãe de Jesus estava na festa e logo se torna protagonista porque quer ajudar para que a mesma festa não seja prejudicada. Vimos que o casamento é o símbolo de como Deus quer agir com o seu povo e, por isso, Maria, intérprete dessa presença, quer contribuir para que tudo isso não seja prejudicado.

Ela soube discernir que a união de Deus com o seu povo é o supremo bem da humanidade. Vendo a ameaça de interromper a festa, devido à falta do vinho, Maria soube a quem recorrer. O único que pode resolver a precariedade humana em saber manter a festa, isto é, manter a união de Deus com os seres humanos, é Jesus. Somente Maria, mãe Dele, compreendeu desde o seu concebimento que Jesus é Deus e, assim, pode restaurar a festa da união de Deus com a humanidade. E o Mestre, reconhecendo a fé de sua mãe, a chama de mulher, exaltando assim que ele era Deus e que a sua manifestação definitiva não tinha ainda chego.

Por quanto Maria fosse importante nesse projeto de Deus, porém sempre era uma filha de Deus. Mas essa filha de Deus acreditou demais Nele que ajudou em um certo sentido antecipar a revelação final de Jesus, como Deus. E essa hora que se refere Jesus é a sua paixão, morte e ressurreição. Continuou o autor do quarto evangelho, que tinham seis talhas da purificação vazias. Portanto, tinham uma sua sacralidade. E também essas talhas eram sempre cheias, sobretudo durantes as festas. Por que estavam vazias nessa ocasião?

Certamente, com a presença de Jesus, Deus entre nós, relativiza a ação religiosa dos seres humanos. Com a presença Dele, temos o que é mais sagrado, o todo-poderoso, o absoluto; por isso, tudo está abaixo Dele. Assim, a partir de Jesus se inaugura uma nova prática religiosa que gera uma nova vida e tudo o resto se esvazia.

Fonte: Claudio Pighin -  Sacerdote, doutor em teologia, mestre em missiologia e comunicação.


Nenhum comentário:

Postar um comentário