A disputa pela presidência da República do Brasil nem sempre é apertada. Desta vez, o candidato apoiado pelo governo teve uma boa vantagem e nada indica que ele não vá tomar posse e governar o Brasil nos próximos 4 anos. A questão é que o candidato derrotado não se conforma com o resultado, faz campanha pelo país e acusa o vencedor de ter se aproveitado do sistema eleitoral corrupto e corroído pela fraude. O país se divide, mas os legalistas defendem o respeito pelo resultado das urnas e acusam os opositores de querer levar o Brasil a um confronto interno. Estes, por sua vez, divulgam que as urnas não são seguras e os resultados alterados sempre em prol do candidato apoiado pelo presidente da República.
O vencedor da eleição parte para o exterior em uma viagem de rotina. Contudo, há um levante no país e colunas revolucionárias se dirigem para a capital do Brasil. Ao viajante não resta alternativa senão permanecer no exterior e acompanhar a evolução política. Não se sabe quanto tempo poderá permanecer longe do Brasil, mas o fato é que não há clima para seu retorno. Se voltar, poderá ser preso, ainda que não haja no Supremo Tribunal nenhum processo, nem qualquer condenação contra ele. Há uma atmosfera de confronto político que pode levar o país para a guerra civil com a divisão das Forças Armadas. Estas, mais uma vez, intervêm e prendem o ocupante da cadeira presidencial. Há quem diga que os generais querem o poder para si mesmos e não vão passá-lo para nenhum civil.
O governador do Rio Grande do Sul, derrotado na eleição presidencial, se une ao governador da Paraíba. Formam a Aliança Liberal contra as oligarquias paulista e mineira que dominam a República desde a proclamação. O presidente Washington Luís, deposto pelos militares, é exilado, e o candidato vencedor, apoiado por ele, Júlio de Mesquita, não pode voltar ao Brasil para tomar posse. O líder do movimento revolucionário, Getúlio Vargas, pressiona os militares e assume a presidência da República. Inicia-se um período com poucos momentos de democracia e a prevalência do autoritarismo. O paulista exilado é o único presidente do Brasil que não tomou posse do cargo. Vargas se encastela no poder até 1945, quando sua ditadura é derrubada pelos militares que o apoiaram.
Fonte: Heródoto Barbeiro é professor, jornalista do R7, Record News.
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