domingo, 6 de dezembro de 2020

SEM UMA VERDADEIRA COMUNICAÇÃO AS PESSOAS SE SENTEM PERDIDAS

 A vida da cidade é bem diferente da vida rural. Então, qual é impacto comunicacional que gera a convivência das pessoas entre as duas realidades?

Os laços de união entre as pessoas na vida rural são bem mais consistentes que na vida urbana. O sentido de pertencer a um grupo ou família é bem determinante. No entanto, na vida urbana, a pessoa se individualiza cada vez mais, sendo levada a tomar decisões sozinha, praticamente isolando-se. A pessoa no mundo urbano se torna o centro de tudo, e a comunidade ou grupo torna-se somente uma referência optativa. Exatamente ao contrário do mundo rural. O ser humano do mundo urbano é sempre mais solitário, porém, com o prazer de estar, às vezes, imergido na massa popular. Gosta do anonimato. Portanto, uma população concentrada na maior parte nas cidades, temos como consequência uma população marcada por um excesso de individualização.

Aí a gente se pergunta: qual é a comunicação que prevalece nesse tipo de vivência? Reconhecemos que o mundo urbano oferece também grandes possibilidades de conhecimento e de progresso, mas deixa as pessoas fragilizadas no tecido comunitário, e também sem rumo. Por que isso? Porque a pessoa em si, ainda que seja forte e preparada, não tem capacidade de viver sozinha. Não suporta uma vida determinada no isolamento. Não é suficiente viver encostados uns nos outros. Precisamos compartilhar. No final, a verdadeira comunicação é isso próprio: é um processo de identificação entre as pessoas. Com isso, estamos vendo que se torna difícil uma comunicação no mundo urbano, embora que se possua muita tecnologia de comunicação.

O indivíduo urbano tem a sua disposição uma mídia avançada, mas se torna incapaz de fazer uma verdadeira comunicação. Segundo pesquisas religiosas realizadas alguns anos atrás, a maioria dos brasileiros fez opção da religião por motivação pessoal, ditada pelos seus interesses de circunstância. Veja como o critério da subjetividade se tornou mais importante do que o critério da objetividade. A cultura urbana enaltece esse tipo de opção de vida subjetiva. Qual o resultado de tudo isso? Nesse caso, teremos uma perspectiva de um florescente crescimento de pluralismo religioso. O ser humano da cultura urbana tenta uma identidade, também na questão religiosa, a partir das suas necessidades, e quer uma resposta imediata. Com isso, o pluralismo do novo fenômeno religioso responde aos seus anseios.

Ele entra solitário e sai reconhecido. Fortalece uma nova identidade humana. O ser humano imergido em uma cultura urbana é cada vez mais

lançado além das suas fronteiras, dos seus limites. Torna-se planetário e, assim, perde de vista aquele espaço de intercomunicação mais próxima. Tem dificuldades de se comunicar com as pessoas que vivem perto dele. Assim sendo, precisa resgatar uma comunicação que saiba valorizar o intercâmbio humano, e tentar relativizar a importância dos grandes meios de comunicação na convivência social.


Fonte: Claudio Pighin - Sacerdote e doutor em teologia (Belém-PA).




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