Subi sozinha pela primeira vez numa moto ainda bem menina, com 9 anos em uma DT 180; hoje, com 33 anos e com um currículo recheado de desafios, me sinto uma mulher forte pilotando uma Africa Twin 1000.
Já são mais de 20 anos sentido o vento bater no rosto e a adrenalina correr nas minhas veias. Nesse período foram inúmeras trilhas, competições Brasil afora e expedições atravessando a América do Sul.
Tive muitos aprendizados em cima de duas rodas, e isso refletiu na minha vida como um todo, me transformando tanto como piloto e como mulher. Divido com vocês alguns ensinamentos que as motos me trouxeram.
Lute pelo que realmente você quer
Seja no dia que resolvi fazer a primeira trilha aos 13 anos ou até mesmo quando fui correr o Rally dos Sertões em 2018. Nossos sonhos nem sempre são fáceis, se não colocarmos energia, encarar os nãos e todos os desafios que aparecem, aliado a dedicação e muito empenho, as coisas não irão acontecer. Não podemos contar apenas com a sorte.
Caiu? Levante
Foram vários tombos de moto e alguns na vida. Aprendi a lutar, entender onde errei e buscar formas para mudar isso. O aprendizado é sozinho, porém temos que ter a humildade de, quando necessário, saber pedir ajuda a quem pode nos auxiliar.
Descubra o que faz sentido para você
Experimentar é necessário, pois só assim a gente descobre o que gosta. Às vezes é necessário se afastar um pouco para ver a situação de fora. Nos meus 20 anos, me afastei do mundo das motos. Eu me questionava: “quem sou eu?”; “o que faz sentido?”; “o que eu realmente gosto?”. Esse afastamento me fez ter a certeza de que a moto não era apenas uma paixão, mas sim um dos sentidos da minha vida.
Buscar evoluir
Se eu fizesse a mesma coisa há 20 anos, ainda teria sentido? Assim me experimentei em trilhas, enduros, hard enduro (sim, aquele extremo mesmo), Rally dos Sertões e viagens. Precisei olhar de fora para entender como diminuir as minhas fraquezas e como potencializar as minhas qualidades. Como eu enfrento isso? Como vou lidar com problemas em momentos de estresse físico e mental? O que preciso fazer? Com humildade, simplicidade e leveza, tudo se torna mais fácil. Sim, muitas vezes um sorriso e um pedido de “me ajuda por favor” me tiraram de situações difíceis.
Terapia do vento
Descobri que essa é uma das formas de me tornar mais forte diante dos meus problemas. Minha terapia é subir em cima de uma moto e sair, sentindo o vento batendo no meu rosto, acelerando, curtindo estradinhas e me dando conta que sou uma privilegiada de viver tudo isso. Esse é um dos meus segredos de quando busco equilíbrio.
A viagem é mais importante que o destino.
Sim, é clichê! Busco viver todos os momentos de uma forma única e presente. Seja nas cachoeiras e cânions que só consigo chegar com a moto de trilha, nas paradas para comer uma bergamota no sol em pleno inverno no pampa gaúcho, ou conhecendo um simples restaurante de pescadores que servem uma comida incrível no meio do nada no Peru. O importante não é onde vamos chegar, e sim, fazer com que as experiências que vivemos sejam únicas e bem vividas.
Eu cresci em cima de uma moto; interna e externamente, aprendi muito nesses anos de motociclismo. Diante a vida, a única coisa que tenho certeza é que aprenderei muito mais. São pessoas, histórias, lugares e sensações que cruzam o nosso caminho constantemente e que fazem a gente aprender a viver cada vez melhor essa vida.
Fonte: Texto e Fotos: Líbera Costabeber / www.motoadventure.com.br - (Postado na cidade de São José do Rio Preto - SP).
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