Para surpresa de zero pessoas que não
confiam em informações fornecidos por ditaduras, documento revela que China
mentiu sobre coronavírus
Covid-19 na província de Wuhan, na China
cnsphoto via REUTERS - 30.4.2020
A história que o governo chinês
fez correr o mundo em 10 de fevereiro de 2020, dava conta de que um novo
coronavírus fora detectado em um mercado na cidade mais populosa da China
central – Wuhan – e que havia contaminado 2.478 pessoas. A revelação visava alertar
o mundo sobre um surto que poderia se espalhar e atingir outras nações com as
quais, supostamente, a China estava preocupada.
Porém, de acordo com um relatório de 117 páginas classificado
como “documento interno, por favor, mantenha confidencial” – ao qual a CNN
Internacional teve acesso após um vazamento – as autoridades chinesas mentiram,
confirmando as acusações dos Estados Unidos de que a China
subnotificou casos, minimizou a pandemia e ocultou informações.
Segundo o documento, o número real de contaminados já passava
dos cinco mil, mais que o dobro do admitido pelo governo chinês. Além disso, em
dezembro de 2019 haviam sido detectados diversos casos em outras duas cidades
antes que o novo coronavírus chegasse a Wuhan. A ideia de que a China estaria
preocupada com o resto do mundo também não se sustenta, uma vez que os voos
domésticos foram restringidos enquanto qualquer pessoa podia deixar o país
livremente rumo ao destino internacional que quisesse.
Em entrevista concedida à BBC, o cientista Yuen Kwok-yung,
professor da Universidade de Hong Kong convocado a trabalhar nas investigações
da origem da pandemia, disse que o governo chinês “encobriu” casos de
coronavírus e ocultou a informação sobre a transmissão humana por uma semana,
justamente durante um período em que milhões de pessoas viajam por ocasião do
Ano Novo Chinês. Segundo Andrew Tate, professor da Universidade de Southampton,
no Reino Unido, a época equivale ao nosso Natal e “é a maior movimentação de
seres humanos do planeta”.
Mas o desencontro de informações havia começado antes. Em 18 de
janeiro, por exemplo, enquanto a China divulgava oficialmente apenas 45 casos
confirmados de coronavírus, especialistas britânicos calculavam mais de quatro
mil.
De acordo com Kwok-yung, provas
físicas foram destruídas pela China e cientistas foram instruídos a permanecer
em silêncio, enquanto o anúncio das descobertas demorou a ser feito e, ainda
assim, maquiando a situação. O cientista afirma que, ao visitar o mercado em
Wuhan, suposto epicentro da doença, o local havia sido fechado e desinfectado
semanas antes. “Quando fomos ao mercado, não havia nada para ver porque estava
limpo, a ‘cena do crime’ já estava alterada, portanto, não pudemos identificar
nenhum hospedeiro que tivesse potencial para transmitir o vírus a humanos.”
Ele ainda revela que “as autoridades locais deveriam transmitir
informações, mas não fizeram isso tão rapidamente quanto deveriam. Se tivessem
feito mais rápido, esse desastre seria 100 vezes menor.”
Como explicar que um país tenha sido capaz de construir um
hospital de 34 mil metros quadrados em apenas dez dias – transmitindo para todo
o planeta em tempo real, 24 horas por dia – mas tenha sido incapaz de informar
o mundo sobre uma questão grave com a rapidez necessária?
Resta saber de que maneira os defensores da ditadura chinesa –
incluindo a Organização Mundial de Saúde – irão se posicionar diante de todas
essas questões e do vazamento de informações confidenciais que contradizem boa
parte da história que a China vendeu ao mundo. Será que continuarão aplaudindo
e parabenizando a forma como a China vem se posicionando durante a pandemia?
Será que continuarão defendendo e divulgando a segurança e
eficácia – ainda não comprovadas – da vacina desenvolvida no mesmo país de
origem do vírus? E quanto à opinião pública: continuará acreditando nos dados
“transparentes” fornecidos pelo Partido Comunista da China? Só nos resta
esperar para ver.
Fonte: Patrícia Lages / R7.
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