segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Coisas que você pode fazer quando estiver se sentindo uma bosta.

 

Sem a pretensão de resolver seus problemas. Mas foda-se.


Tem dias que, aleatoriamente ou por algo em específico, a gente se sente um merda. A famigerada bad nos atinge com aquele peso nas costas e dificuldade de respirar. Problemas no amor? No trabalho? Falta de dinheiro? Qualquer que seja o motivo — e são vários — quem tá livre deles? Se tem alguém que não sofre desse mal, deve ser meio sociopata ( brinks! (ou não) ). Tem muita coisa linda no mundo, verdade. Mas tem dias que simplesmente o aromatizador do vaso sanitário não te distrai dos resquícios de merda que ressaltam aos olhos.

A tristeza é uma das emoções mais básicas do ser humano. O que a torna completamente normal. E geralmente cada um arruma uma forma de lidar melhor com ela — às vezes ignorando por completo. Mas nem sempre dá pra escapar. Porque a tristeza é um mal necessário que faz com que a gente se volte pra dentro de nós mesmos. Um convite forçado à introspecção. Antigamente eu levava isso muito ao nível capa-do-The-Queen-Is-Dead. Aí percebi que dá pra passar pela bad sem virar um vegetal.

Então, aqui vão coisas que podem te ajudar a passar por essa fase de forma mais proveitosa dando aquela mãozinha pra homeostase:

Dá aquela inspirada profunda no ar, preenchendo os pulmões vagarosamente até sentir o palpitar do coração e expire, devagarzinho também. Respirar é automático e mesmo assim é uma das únicas funções orgânicas que podemos controlar. Mas se estamos afetados, ela se desestabiliza. Por exemplo, quando triste, o cérebro demanda mais oxigenação para trabalhar, mas a respiração em si é afetada e com sua desestabilização, nos sentimentos mais cansados. Então, se atentar para nosso processo respiratório, nos ajuda a retomar o controle.

Porque se você só chorar, você morre desidratado. É um ato simples e consciente que vai te tirar do ritmo automático de pensamentos nocivos. De quebra, hidrata o corpo e refresca a mente. E é algo que costumamos deixar de fazer quando a bad bate, porque a tristeza desacelera o metabolismo que, assim, funciona em ritmo mais lento — thumbs up se tu sente aquela tristeza pseudo-febril. Seus rins também agradecem.

Nem que seja só uma vassourinha no chão ou forrar a cama. Mas ajeite as coisas ao seu arredor. Por duas razões: primeiro porque você provavelmente está querendo resolver alguma coisa e resolver isso já vai ser um passo dado, meio placebo. Segundo, porque somos tão influenciados pelas coisas ao nosso redor como nós as influenciamos. Mesmo que você não perceba conscientemente, uma sensação de limpeza ou da cama arrumada te farão se sentir um pouquinho mais confortável.

Se o quarto arrumado ajuda, imagina um puta banho? Puta banho mesmo, não é só entrar de baixo da água. Molha a cabeça, lava, massageia as madeixas, enche a cabeça de shampoo e faz um moicano, esfrega a pele com força como quem tira grude de gordura do fundo da panela. Lave até a alma. Se sentir limpo e bem cuidado é importante porque também ajuda a manter a autoestima — ou, ao menos, impede que ela caia mais.

Edit: banho quente ajuda a amenizar ansiedade e banho gelado ajuda a dar um up no bem-estar.

Ou assista um filme. Pode ser alegre ou triste; música pra dançar ou se afundar, comédia ou drama. Experimente ambos. Contanto que você consiga ter uma conexão. Quando estamos tristes e vemos ou ouvimos coisas tristes, é porque rola uma projeção, a arte como representação desse estado. A gente se identifica e, de certa forma, isso acaba sendo subjetivamente exteriorizado. Com as coisas mais alegres é o processo inverso: a gente absorve e mescla. Torna o sentimento ruim algo mais leve e mais esperançoso, fácil de lidar. Fora que distrai um pouco, né?

Dica especial: juntar 04 e 05 e fazer o Banho World Tour. Muito bom sim.

Não precisa sair por aí dando piruetas como uma cheerleader de filme americano, tampouco precisa virar bodybuilder. Uma caminhada mais longa, ou uma pedalada. Abaixa no chão e faz 10 flexões. Se alongue! Sinta os músculos esticarem, lembre-se daquelas junções que tu esqueceu que tinha. Exercícios físicos ativam a produção de dopamina e serotonina que, basicamente, são neurotransmissores que auxiliam na sensação de bem-estar. É química!

Nem que seja só até o ponto final do busão. Mude o cenário, os ares — pelo menos por algumas horas. Se possível, vá algum lugar novo. Se manter sempre no mesmo espaço corrobora para a sensação de estar preso nos problemas. Aquela coisa lá no 03 sobre influenciar/ser influenciado pelas coisas ao nosso redor: mudando de lugar, tua mente oscila a frequência e se divide em apreender coisas novas ou ao menos menos costumeiras. E isso ainda propícia alguns insights.

Esse é o mal do século, na minha opinião. E quando bate a bad, ele piora. Antigamente, você só conseguia saber das coisas do mundo se pegasse um jornal, ligasse a TV ou encontrasse pessoalmente com alguém que te falasse. Hoje você entra no Facebook e tem toda uma timeline de desgraças ou coisas para se irritar e, nisso, a gente se deixa levar sem qualquer filtro. Evite a todo custo. Leu algo/viu e sentiu aquela sensaçãozinha ruim? Feche. Se obrigue a ir ver ou fazer outra coisa. Exercite seu zen. E não se esqueça que tudo sempre parece pior do que realmente é quando já não estamos muito bem.

Nem tudo são flores, às vezes é merda. Porque shit happens. Mas o universo não está de complô contra você. Além disso, o que dói hoje talvez não doa amanhã, ou depois de amanhã, ou 30 anos mais tarde — porque tudo nessa vida passa, bom ou ruim. Querer negar a tristeza é como reclamar de estar molhado de baixo da chuva; não muda nada. Aceite seu estado atual porque toda tristeza é uma oportunidade de aprender algo sobre si mesmo. Do contrário você está sofrendo à toa. Se olhe no espelho e repita: você está na merda, mas tudo bem. Você não é menor ou menos valoroso que ninguém por estar mal. Poucos são os que tiram o melhor mesmo daquilo que os ferem. Mas não se esqueça: é uma fase, você vai melhorar porque você é mais do que isso, literalmente. A tristeza é somente uma dentre tantas outras emoções e tu tem muitas pra sentir.

Bônus: se nada disso der certo, assista isso.

Critérios nada sérios para você levar esse texto mais a sério:
sou especialista em sofrimento
estudante de psicologia
você provavelmente não tem muitas opções

Fonte: Rodrigo Cortes - www.medium.com.br



Um comentário:

Unknown disse...

Hoje eu estou assim... que merda

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