Para ser uma república das bananas, tem que ter bananas. Yes, nós temos bananas. O maior exportador de bananas no mundo está na América do Sul. Para cada quatro frutas consumidas, uma vem de lá. Para alguns é um verdadeiro barril de petróleo com casca. Para o Equador a banana é tratada com todo o carinho, afinal é o segundo produto mais importante nas exportações do país. É tão importante que os equatorianos suspenderam as vendas do produto para uma rede de supermercados da Alemanha, que baixou propositadamente os preços. Com isso o valor da banana no mercado mundial caiu e as rendas das exportações também. A banana deu a volta por cima, deixou de ser uma alimento desqualificado, parte da ração dos mais pobres e luta contra o jargão que, quando uma mercadoria é barata, se diz que está sendo vendida a preço de banana. Uma ofensa também envolve a fruta, quando se faz um gesto com os braços e “se manda uma banana” para um desafeto. Enfim, ela faz parte hoje do cardápio internacional e pode ser encontrada em países frios onde jamais um pé de bananeira sobreviveria. Macacos e chipanzés protestam.
As noticias publicadas pela imprensa americana, no início do Século 20, davam conta de perturbações políticas nos países latino americanos. As oligarquias corruptas e proprietárias de latifundios disputavam o poder nacional como se estivessem disputando um pedaço de terra para anexar aos latifúndios que dominavam. Lutas, assassinatos, golpes de estado, desrespeito às leis, direitos que só existiam no papel, exércitos de jagunços a serviço dessa oligarquia davam o tom de como andavam as coisas ao sul do Rio Grande. A mídia americana rotulou esses países com a pecha de República das Bananas. Motivos, sem dúvida, não faltavam. O cernário era a massa da população local marginalizada econômica e politicamente, a renda nacional concentrada nas mãos de poucos e uma disparidade social gritante. Na mesma nação conviviam uma elite privilegiada e um monte de miseráveis, geralmente concentrados em grandes plantations nas áreas rurais. Nos latifúndios de produtos tropicais trabalhavam como escravos, sem nenhum direito social. O produto dos latifúndios podia ser o café, cana de açúcar, fumo, abacaxi ou ...banana.
Tio Sam desenvolveu uma política própria para tratar com as repúblicas bananeiras. No início do século passado ensaiava os passos para se tornar a nação mais poderosa do mundo e por isso reservou a América Latina para sua influência. Isto vinha desde o Século 19 com a doutrina Monroe, de “Américas para os americanos. “ Os interesses yankees iam do comércio dos produtos manufaturados aos produtos agrícolas e matérias primas. O valor agregado dos primeiros era evidente. Para garantir essa hegemonia se construiu uma política que recebeu um empurrão no governo de Roosevelt, o primeiro. A diplomacia para dobrar essas repúblicas bananeiras era o de mostrar um sorriso nas negociações e caso não funcionasse se apelava para o Big Stick. Carinhosamente traduzido por Porrete Grande. Entenda-se como uma marinha de guerra poderosa e uma miríade de marines. Invasões e deposições de governos hostis, ao longo do século 20 foram inúmeras. Nada que possa ser comparado com a crise vivida pela Venezuela nos dias atuais.
Fonte: Jornalista Heródoto Barbeiro / Record News-SP.
Nenhum comentário:
Postar um comentário