Putin e a oligarquia russa ameaçaram os países ocidentais com uma retaliação nuclear no caso de defenderem a Ucrânia
A história não se repete. A não ser sob a forma de uma tragédia ou de uma farsa. O autor dessa frase é o teórico que embasou Lênin, Trótsky e outros para a tomada do poder na revolução comunista de 1917. Putin, Lavrov e outros faltaram a essa aula. Precisam voltar para os bancos das escolas soviéticas, que, para eles, infelizmente, não existem mais.
O Exército russo, herdeiro do soviético, tem experiência em invadir capitais de países europeus que, teoricamente, têm que se submeter aos interesses da mãe Rússia. Alguns até são de origem eslava, e falam russo. Os líderes atuais querem ressuscitar também o movimento nacionalista do pan-eslavismo, desenvolvido no século 19. Os tanques de guerra sabem como tomar uma cidade. Em 1956, a Hungria, submetida ao Pacto de Varsóvia, tentou desenvolver uma certa autonomia. Os soviéticos responderam com uma coluna de blindados que tomou a capital, Budapeste. A população saiu para defender a cidade com bombas molotov — de inspiração russa — e fios de aço, para derrubar a torreta do tanque. Houve um massacre, e muitos húngaros fugiram, alguns para o Brasil.
Em 1968, nova farsa. A então República da Tchecoslováquia iniciou um processo de liberalização do regime, com a eleição de um governo reformista. Os tanques não concordaram. Fizeram uma investida e, em pouco tempo, tomaram a capital, Praga, depuseram os líderes do movimento e entraram para o lixo da história, no episódio da Primavera de Praga.
Putin e a oligarquia russa ameaçaram claramente os países ocidentais com uma retaliação nuclear no caso de eles se meterem a defender a Ucrânia. Os tanques tomam Kiev com as táticas já testadas anteriormente. A ameaça é a repetição do confronto com o presidente democrata americano e o ditador russo. A instalação de foguetes nucleares em Cuba, capazes de atingir Washington e Nova York, pôs o mundo a um passo da tragédia de uma guerra nuclear. Kennedy e Khrushchov recuaram no último momento. Desta vez, os tanques não conseguiram atravessar o Atlântico.
O epílogo da invasão da Ucrânia já estará determinado se a farsa histórica se repetir. Um país “neutro”, desmilitarizado, com um governo títere pró-russo obediente ao atual czar, que tem o sonho de reconstruir a Cortina de Ferro. Chamem o Churchill.
Fonte: Heródoto Barbeiro é jornalista do R7, Record News e Nova Brasil FM.
Nenhum comentário:
Postar um comentário