A oportunidade está aberta com o desgaste do governo atual, grande massa de desempregados, inflação em disparada e amplo noticiário sobre escândalos que envolvem empresas ditas estatais, ministros, governadores e partidos políticos. Estes estão totalmente desacreditados acusados de se tornarem balcões de negócios dominados por eternos caciques da política regional. Não há, salvo exceção, uma proposta de plano nacional de desenvolvimento, recuperação econômica e distribuição da riqueza. Impera o toma lá, dá cá.
Ninguém se arrisca a prever o nome do vencedor da eleição para presidência da república. Há mais de uma dezena de candidatos, alguns velhos políticos que buscam dar a volta por cima, e mais uma vez dirigir o país de acordo com os padrões tradicionais. Ele sabe como ninguém que política também vive de espetáculo.
Nada mais saboroso do que criar factoides esparramados pelo Brasil por uma parte da mídia. O alvo escolhido é a inépcia e as vantagens dos funcionários que ganham super-salários e exaurem o tesouro nacional. É preciso acabar com isso, conclama o candidato, e redirecionar essas verbas para a educação, saúde e segurança pública. Suas aparições em manifestações populares reafirmam o velho clichê do “salvador da pátria. “
Uma boa parte dos eleitores acreditam que um homem só imbuído de honestidade e valentia é capaz de pôr um ponto final nas mazelas que correm as entranhas da república. Nesse naipe de celebridades políticas, ninguém bate o seu slogan de campanha. Marketing e dinheiro turbinam a eleição.
O clima de disputa eleitoral é dos mais acirrados. Os ataques se sucedem nos comícios e principalmente nos debates promovidos pelas redes de televisão. O jovem, atlético, bem falante, defensor da moral e da caça aos marajás do funcionalismo se sobressai. Fernando Collor é eleito democraticamente, o primeiro pleito sob o guarda-chuva da nova constituição federal. As primeira medidas de impacto falham. O confisco da poupança deixa a população sem rumo. A esperança popular de mudanças dura muito pouco. As denúncias de corrupção, caixa dois, favorecimento das elites econômicas voltam com grande intensidade.
A população recebe um soco no estômago quando fica sabendo como o presidente trata o dinheiro público. A imagem do presidente avesso a corrupção cai por terra. O herói do karatê, da pilotagem de supersônico, do jet sky do lago de Brasília, é substituída pela de vilão. Os cara pintadas não dão folga e saem às ruas com o slogan Fora Collor.
O auge são as manifestações populares em São Paulo e outras cidades. O senado abre o processo de cassação do mandato de Collor 3 anos depois de sua posse. Antes do resultado final pela cassação o presidente renúncia. Pouco tempo depois está de volta como senador.
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