É prudente mostrar um pouco de audácia.
Convém moderar o conceito dos outros, para não os ter em tão alta contra a ponte de temê-los. Nunca permita à imaginação subjugar o coração. Muitos parecem grandes até que lidamos com eles, e a comunicação leva com mais frequência à decepção do que à estima. Ninguém consegue exceder os limites estreitos do ser humano. Todos têm um senão, uns de caráter, outros de talento. Alta posição social confere uma autoridade aparente, mas poucas vezes é associada ao mérito pessoal, pois a sorte muitas vezes pune quem está numa posição alta concedendo-lhe menos talento. A imaginação sempre toma a dianteira e faz as coisas parecerem maiores do que são. Concebe não só o que existe, mas o que poderia existir. A razão, com a experiência dos desenganos, deve ver com clareza a corrigir; os tolos não devem ser atrevidos, nem os virtuosos, temerosos. E se a audácia é útil aos tolos, não ajudará os sábios corajosos?
Fonte: Trecho do Livro A ARTE DA PRUDÊNCIA - Autor Baltasar Gracián / Editora Martin Claret.
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