O salmo 117, das Sagradas Escrituras, é usado no culto judaico da celebração da Páscoa e também nas principais solenidades do ano litúrgico. Os pesquisadores são propensos em associar este salmo à Festa dos Tabernáculos, Festa das Cabanas, Festa das Tendas[ ou, ainda, Festa das Colheitas, tendo em vista que coincide com a estação das colheitas em Israel, no começo do outono.
É a comemoração da grande passagem de Israel no deserto para a terra prometida. Uma celebração que convida a louvar o amor de Deus para o seu povo: “Louvai o Senhor, porque ele é bom; porque eterna é a sua misericórdia.” Depois da louvação, inicia-se a procissão que acontece entre as ‘cabanas dos justos’, isto é, nas ruas da cidade santa: “Brados de alegria e de vitória ressoam nas tendas dos justos.” Assim começa um hino de agradecimento: “Na tribulação invoquei o Senhor; ouviu-me o Senhor e me livrou...”, em que o fiel é convidado a manter a confiança na mão poderosa do Senhor que o conduz à salvação.
De fato, os inimigos podem cerca-lo “como um enxame de abelhas”, mas a fé no seu Deus o liberta, Isto é, Israel esmaga os seus inimigos. E aquela procissão chega à porta santa do Templo, onde acontece um diálogo entre assembleia e sacerdotes para a admissão ao Templo: “Abri-me as portas santas, a fim de que eu entre para agradecer ao Senhor”, canta o solista em nome da assembleia. E os sacerdotes respondem: “Esta é a porta do Senhor: só os justos por ela podem passar.” E, uma vez que se entrou no templo de Sião, inicia-se uma extraordinária liturgia de agradecimento.
Nela, exalta-se a ‘pedra’ angular do Templo, símbolo do Senhor: “A pedra rejeitada pelos arquitetos tornou-se a pedra angular. Isto foi obra do Senhor, é um prodígio aos nossos olhos.” E os sacerdotes dão início à dança sagrada e rodam o altar com ‘coroas’. Este rito ainda hoje os Hebreus celebram na festa das cabanas. A celebração termina com um breve hino ao ‘meu Deus’. Só para lembrar, esta benção sacerdotal é citada pelo evangelista Mateus (21,9) na entrada triunfal de Jerusalém, no dia dos ramos. O “Bendito seja o que vem em nome do Senhor! Da casa do Senhor nós vos bendizemos” se tornou o nosso ‘Hosana’ muito considerado pela tradição cristã.
O papa Francisco falou em 22.11.2013: “Na cerimônia litúrgica, o que é mais importante: os cânticos, os rituais belos ou tudo? Mais importante é a adoração, toda a comunidade reunida, diante do altar, onde se celebra o sacrifício e a adoração” e continuou: “Mas, eu acho – digo com humildade -, que nós cristãos perdemos um pouco o
sentido da adoração e pensamos: vamos ao templo, reunamo-nos como irmãos, porque é bom, é belo; mas o centro é onde Deus está”. A nossa vida precisa ser preenchida também de louvores, sobretudo ao nosso Deus.
Fonte: Claudio Pighin - Sacerdote, doutor em teologia, mestre em missiologia e comunicação / Belém-PA.
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