Será ridículo um bafafá internacional entre militares brasileiros e franceses por conta do vazamento da "minuta sigilosa" no qual alguém listou a França como principal fonte de ameaça estratégica para o país nos próximos 20 anos. Hoje, a França é a principal parceria militar brasileira e não há porque deixar de ser, mas o amigo de hoje pode ser o inimigo de amanhã e o estrategista precisa traçar cenário até impossíveis. Militares têm o dever de pensar em tudo. Seria irresponsável não projetar cenários inclusive absurdos, como invasão alienígena e ataque de zumbis. Quem não pensa em tudo, pensa pouco e depois se arrepende. Que sobre, mas não falte. A diplomacia brasileira, perdida em melindres e disparates, cria monstros do nada. A gritaria em torno da "minuta sigilosa" seria só besteirinha se não metesse a Amazônia no meio. Sendo uma região vital para a humanidade, é ingênuo supor que nenhuma superpotência tenha projetos para ocupar a região. É bem por isso que a diplomacia não pode criar inimigos do nada e a França precisa continuar a ser nossa grande parceira militar. Sem paranoia e cenários de guerras hipotéticas, é preciso ver o cenário real. Nele, representantes das comunidades indígenas da Guiana Francesa acusam o governo francês de práticas antiamazônicas na fronteira com o Brasil. Se isso não preocupa ninguém é porque todos perderam a sensibilidade.
Fonte: Jornalista Carlos Sperança / Jornal Diário da Amazônia
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