Honda CB 300F e Yamaha FZ 25 se enfrentam na cidade, estrada e na pista. Os modelos foram as estrelas de mais um capítulo da série “Dia a Dia Ipiranga Lubrificantes”
Por Cicero Lima Fotos Mário Villaescusa
Twister e Fazer sempre duelaram pelo gosto do motociclista que busca uma moto maior, gente que deixou a categoria 150 e 150 cc e parte para novos desafios... Este consumidor está cada vez mais exigente e analisa todas as características de tecnologia, evolução mecânica e design presentes nas motos. Os embates no mundo digital são ásperos e, por vezes, os “fanboys” apaixonados pelas marcas, partem para a ofensa...
Essa briga também se manifesta nos números de produção. Segundo dados da Abraciclo – associação dos fabricantes do setor – nos primeiros quatro meses de 2023, os fabricantes produziram quase 16.000 unidades de cada modelo, com ligeira vantagem para a Yamaha FZ 25.
Entre os preços, também existe equilíbrio com a Yamaha, por exemplo, que tem preço sugerido de R$ 21.490 (sem frete) porém, o valor praticado pode superar os R$ 27.000 – dependendo do estado e concessionária. No caso da Honda, na versão ABS, a mesma que usamos na avaliação, a tabela sugerida é de R$ 22.650. Na prática, pode chegar aos R$ 30.000.
Então, a Duas Rodas, como sempre, enfia a mão nesse “vespeiro” para emitir opinião baseada em nossos testes. Rodamos muito com as motos para comparar atributos como desempenho, consumo, conforto e funcionalidades. A questão de gosto por conta do design, nós deixamos para você decidir, afinal, gosto não se discute. Mas, antes de partir para a briga, vamos conhecer um pouco mais de cada modelo.
A CB 300F Twister mostra que a Honda resolveu ousar. O modelo oferece uma vasta lista de soluções encontradas em motos maiores como a embreagem deslizante e o impactante farol de 4 lâmpadas, iluminação full led, pneu largo com desenho esportivo, entrada USB...
O motor, com 293,5 cc, é uma evolução do consagrado motor de 250 cc que equipava a versão anterior da Twister. Ganhou mais curso (77mm) e agora alcança a potência máxima de 24,5 cv e 2,61 kgf.m. Números bem interessantes para uma moto que pesa 139 kg (a seco).
A Fazer é uma moto revolucionária. Em reação ao design, a Yamaha sempre mostrou que está com a “faca entre os dentes” e quer marcar presença. A moto tem uma pegada que lembra as street fighters, com aquele canhão de LED se destacando na frente.
O motor é o velho conhecido de 249 cc, que oferece a potência máxima de 21,5 cv e 2,1 kgf.m de torque. Com fama de inquebrável, esse propulsor está na ativa há quase duas décadas, quando o modelo foi lançado. O fabricante oferece quatro anos de garantia e revisão com preço fechado. A desvantagem é que você terá que fazer visitas a cada 5.000 km na concessionária. No caso da Honda, que oferece garantia de três anos, o espaço de revisão é a cada 6.000 km. Para quem vai rodar pouco, essa diferença pode não ser importante, mas quem usa a moto todo dia em viagens, deve levar o fator em consideração.
Bem, agora que você conhece um pouco mais das motos – para se aprofundar leia as fichas técnicas –, vamos assumir o guidão, engatar a primeira e ir para a estrada.
Porte
Mas antes disso, vamos sentir como é estar no cockpit cada uma. A Honda tem um porte mais avantajado, embora as duas sejam equipadas com tanques com a mesma capacidade – 14,1 li na CB 300 e 14L na FZ 25- , o design da Honda lembra a CB 500F. Outro atrativo é a posição da chave, próxima ao bocal do tanque, confere um ar de sofisticação e modernidade. Soma-se a isso o painel que parece solitário, lá na frente. Confesso que estranhei o comando de luz alta junto ao lampejador, é prático, mas deixa o punho esquerdo com um espaço vazio, parece que falta algo...
A posição de pilotagem permite um encaixe perfeito, com as pernas chegando fácil às pedaleiras e os braços relaxados. Foram horas de viagem, sem cansaço ou incômodos.
Na FZ 25, a posição de pilotagem é um pouco mais racing, as pernas um pouco mais dobradas e o corpo levemente projetado à frente. Os comandos são tradicionais e o painel, protegido por uma pequena carenagem, também tem design moderno. O painel da Honda traz mais informações, entre elas, o marcador de marchas, ausente na FZ 25. Não que faça falta na pilotagem, mas depois que nos acostumamos, estranhamos a falta da informação.
Competentes
As duas motos oferecem muita competência na cidade. Passam com facilidade entre os carros, mudam de direção de forma instantânea e, na hora de estacionar, mostram praticidade e versatilidade. Ao rodar entre os carros, o torque dos motores permite retomadas vigorosas e as tornam perfeitas para o dia a dia das grandes cidades com muito conforto, estilo e segurança.
Além das retomadas, ambas oferecem ABS nas duas rodas. O sistema permite frenagem de emergência sem sustos e com maior facilidade para controlar a moto.
Na estrada
Mas eu queria saber mesmo como é viajar com as duas motos. Nosso roteiro começou em Atibaia (SP) e seguiu pela Fernão Dias, D. Pedro I, Ayrton Senna, Dutra e a SP 171, que liga Cunha a Paraty (RJ).
Passando em tantas estradas, com ritmos de trânsito e condições tão diferentes, tivemos a chance de testar desempenho, consumo, conforto, retomada e suspensão... Tudo para nos colocarmos no lugar do consumidor, que pensa em uma moto dessas para pegar estrada.
Missão
Com essa missão na cabeça, eu e o Aldo Tizzani partimos pela Fernão e logo depois pegamos a D. Pedro I. Com limite de 110 km/h, os dois modelos rodavam com absoluta tranquilidade entre os poucos carros e caminhões com os quais dividíamos a pista em direção ao Vale do Paraíba.
Na estrada, você nota, na prática, a maior diferença entre as motorizações. Enquanto a CB usa câmbio de seis marchas, a FZ 25 traz câmbio de cinco marchas. O resultado é um funcionamento um pouco mais áspero do motor que parece “pedir” a sexta marcha. Saindo da D. Pedro, entramos na Ayrton Senna, que tem limite de 120 km/h e um trânsito mais rápido. Nessa condição, a CB se sentiu ainda mais à vontade e, quando testamos as retomadas de velocidade, a CB sempre levou vantagem.
Na prática, ela não “despacha” a FZ a ponto de sumir “lá na frente”, mas para acompanhar o ritmo, o motor da Yamaha trabalha num giro mais alto.
Na primeira parada para abastecimento, as motos rodaram 122 km. A Honda CB gastou 4,75 litros e teve consumo médio de 25,68 km/litro. A Yamaha Fazer precisou de 5,34 litros para encher o tanque e o consumo médio foi de 22,84 km/litro. O ritmo forte, com maior giro do motor para acompanhar a CB, cobrou consumo maior por parte da Fazer.
No trecho de serra, entre Cunha e Paraty, o piloto tem um verdadeiro parque de diversões. A estrada travada sobe e desce a montanha e, dependendo do ritmo de cada um, a pista pode ser desafiadora e pedir intensas trocas nas subidas e reduções de marcha. Apesar da paisagem alucinante, o piloto deve se cuidar para manter o foco na pilotagem. Quando fizemos a viagem-teste, havia muita lama e areia na pista, principalmente nas curvas.
A todo momento, os freios eram testados e o sistema ABS (presente nos dois modelos) mostrou ser de grande valia, transmitindo tranquilidade até mesmo nas frenagens de emergência.
Além do ABS, os pneus também grudam no asfalto e permitem uma tocada mais esportiva. A vantagem dos pneus da Honda CB foi total, mais largos e com maior grip, permitiram uma tocada mais ousada e, ao mesmo tempo, tranquila.
Outra vantagem da CB na serra foi a embreagem deslizante, que permitia reduzir de forma brusca sem medo de arrastar a roda. Nos trechos de reta, com suas lombadas mal sinalizadas, a embreagem ajuda bastante na redução de velocidade, com o uso intenso do freio- motor e redução de marchas. Apesar disso, o Aldo afirmou estar mais à vontade na FZ: “sei lá, me encaixei melhor”.
No retorno, paramos logo após Aparecida (SP) para um lanche e o segundo abastecimento. Na região de serra, rodamos quase 220 km e a CB consumiu 7,534 litros, consumo médio 28,97 km/litro. A Yamaha Fazer consumiu 7,228 litros e apresentou o consumo médio 30,18 km/litro.
Claro que a chuva nos pegou e retornamos sob forte temporal! Contávamos com os faróis de LED que, além de garantir boa iluminação, destacam as motos entre os carros.
Enquanto os pneus escoavam a água no asfalto da Dutra, pensei na enorme evolução desses modelos e lembrei quando fiz esse mesmo trajeto em 2005, quando comparamos a Fazer e a primeira Twister. Na última parada, para nos despedirmos, o Aldo afirmou que a evolução e os equipamentos da Twister subiram o “sarrafo” no comparativo e que a Yamaha terá de contra-atacar com muitas mudanças na FZ 25. Eu tenho a mesma opinião.
Depois do teste de cidade e estrada, o Aldo voltou para São Paulo e rumei para Atibaia. No último trecho de estrada – com mais de 300 km rodados - os consumos ficaram mais uma vez bem parecidos. A Yamaha, mais uma vez, levou vantagem com 30,18 km/litro, contra os 29,64 km/litro da Honda. No dia seguinte, levamos as motos para a pista do Haras Tuiuti, para o teste final de desempenho, onde foram avaliados tempo de volta e velocidade máxima na pista (veja box).
Conclusão
Após o teste e quase 700 km rodados em diversas situações, foi possível conhecer bem as motos. A Honda CB 300F oferece uma série de atributos eletrônicos e mecânicos que a tornam uma melhor opção. A Yamaha leva vantagem no maior prazo de garantia e menor consumo na cidade. Para resumir, se você vai usar a moto apenas na cidade e, eventualmente na estrada, a FZ vai agradar, porém se gosta de uma pilotagem mais esportiva e pretende viajar com a moto, a CB entrega muito mais.
Box:
Na pista
Na pista do MotorPark com 2.500 metros de extensão as motos foram levadas ao extremo nos quesitos aceleração, frenagem e retomadas. Confirmando a impressão que tivemos na estrada, a Honda CB 300 teve melhor resultado, com a volta máxima de 1m25seg atingindo a velocidade máxima de 123 kh/h no final da reta.
A Yamaha FZ 25 completou a volta em 1m28seg e o seu velocímetro também cravou 123 km/h no mesmo ponto. Porém, na parte interna a CB conseguia ganhar tempo contornado melhor as curvas.
Fichas técnicas
Honda CB 300F Twister ABS
Motor 293,5 cc
Potência 24,7 cv a 7.500 rpm
Torque 2,61 kgf.m a 5.500 rpm
Câmbio 6 marchas
Curso suspensão dianteira 130 mm
Curso de suspensão traseira 120 mm
Freio dianteiro disco 276 mm
Freio traseiro disco 220 mm
Altura banco 789 mm
Peso 139 kg (a seco)
Capacidade do tanque 14,1 litros
Altura livre do solo 177 cm
Pneu dianteiro 110/70 -17
Pneu traseiro 150/60 -17
Garantia 3 anos
Intervalos de revisão 6.000 km
Preço sugerido (sem frete) R$22.650
YamahaFZ 25 ABS
Motor 249 cc
Potência 21,3 cv a 8.000 rpm
Torque 2,1 kgf.m a 6.500 rpm
Câmbio 5 marchas
Curso suspensão dianteira 130 mm
Curso Suspensão Traseira 120 mm
Freio dianteiro disco 282 mm
Freio Traseiro disco 220 mm
Altura do banco 790 mm
Peso 149 kg (ordem de marcha)
Capacidade do tanque 14 litros
Altura livre do solo 160 mm
Pneu dianteiro 100/80 - 17
Pneu traseiro 140/70 – 17
Garantia 4 anos
Intervalo de Revisão 5.000 km
Preço sugerido (sem frete) R$ 21.490
Fonte: Revista Duas Rodas.
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