sábado, 2 de maio de 2020

O gado está dividido

Como na historinha contada por George Orwell, havia um enorme curral repleto de bovinos alienados que eram dominados por um jumento e seus familiares. O curral era moderno e próspero, tinha certo reconhecimento internacional, produzia muitas commodities e de tempos em tempos era governado por um animal escolhido entre a boiada ignorante. O problema é que nunca fora escolhido um animal que governasse bem aquele lugar. Os escândalos de corrupção e roubalheiras sempre foram rotina. E quando recentemente a “toupeira que estocava ventos” governou aquele gado, os escândalos de corrupção explodiram quase sem controle. Por isso os cachorros, porcos e tucanos se reuniram e resolveram dar um golpe na infeliz toupeira. Motivos não havia, mas o gado foi convencido e prontamente deu apoio às intenções golpistas.

Só que com o golpe, os problemas do curral não foram resolvidos. O animal escolhido para comandar os ruminantes era tão ladrão quanto todos os outros governantes anteriores. Os escândalos não paravam, a roubalheira aumentava consideravelmente e ninguém fazia nada para “estancar a sangria”. Por isso, crescia a popularidade de certo asno, que apesar de ser burro, falava pelos cotovelos. Esse dito jumento era oriundo de um antigo regime militar comandado por gorilas e que já havia comandado o curral durante 21 anos. O jumento não tinha estudos, não conhecia direitos humanos, não falava outra língua, não respeitava protocolos, mas “sabia falar tudo o que o gado gostava de ouvir”. Uma espécie de jumento incendiário, que pregava o fim da corrupção, o renascer de outra nação e de dias melhores para o gado estúpido.

Com as eleições já marcadas, o jegue em ascensão liderava todas as pesquisas de opinião. O gado orgulhosamente saía às ruas em apoio ao seu líder. Os tucanos estavam preocupados, pois ajudaram no golpe de 2016 e nada irão levar se o asno for eleito. Na pressa para assumir o poder junto com os filhos, o jumento agiu rápido durante a campanha. Pediu ajuda ao marreco, que era juiz. O palmípede conduziu um processo fraudulento e sem provas reais, prendeu certo molusco e com a aliança da mídia elitista demonizou a esquerda abrindo assim caminho para a eleição do estúpido jerico que já no poder, recompensou devidamente o marreco com altos cargos no staff. O ambicioso marreco esteve cotado para assumir, inclusive, uma vaga nos tribunais superiores do curral. Mas o marreco se rebelou com certas atitudes do asno-presidente.

Por isso, o pato-de-braço-curto, muito aborrecido, mas com boa aceitação popular, deixou o poder. Disse que o jumento quer proteger os próprios filhos de uma investigação da Polícia Federal, subordinada ao marreco. O curral vive uma feroz pandemia de Coronavírus e o jumento nada faz além de criar constantes crises no governo. Debocha da pandemia, faz piadas e não governa para sanar os problemas do curral. Diz abertamente que por causa da quarentena vai faltar capim para o gado num futuro bem próximo. O gado, no entanto, se dividiu na crise entre o jumento e o marreco. Muitos não sabem a quem apoiar nesta “arenga de comadres”. O fato é que enquanto existir algum capim, o gado fica quieto, mas muito dividido. E sofrendo bastante por causa da Covid-19. O curral parece amaldiçoado, pois nada dá certo. O gado ali é como lombriga, se sair da merda, morre. E como pôde até adorar um burrico?

Fonte: Professor Nazareno - Porto Velho/RO.


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