segunda-feira, 4 de maio de 2020

DEUS NOS FALA

Evangelho de Lucas 13, 1-9

Para compreendermos esse trecho evangélico de Lucas, precisamos contextualiza-lo. Estamos ao longo do caminho que vai da Galileia até a Jerusalém, onde Jesus será condenado, crucificado e, no terceiro dia, ressuscitará. Dito isto, vemos que aconteceu um fato trágico “sobre os galileus que Pilatos tinha matado, enquanto ofereciam sacrifícios”. A notícia que chegou aos ouvidos de Jesus sobre o massacre do governador romano alarmou as pessoas, que ficaram com medo e começaram a se questionar sobre o porquê disso. Cada qual tentava dar respostas para entender o massacre.

Jesus, interpelado, responde: “Pensam vocês que esses galileus, por terem sofrido tal sorte, eram mais pecadores do que todos os outros galileus?...”. A resposta do Messias os ajuda a compreender melhor o acontecido para poder iluminar a vida deles, saber tirar lições de vida. Fica bem claro que tudo isso não é um castigo de Deus. Mas, de maneira categórica, convida-os para a conversão. É precisa mudar a própria vida. Além do mais, Jesus acrescentou outra tragédia para fazer entender melhor aos seus interlocutores: “E aqueles dezoito que morreram quando a torre de Siloé caiu em cima deles? Pensam vocês que eram mais culpados do que todos os outros moradores de Jerusalém?”.

Muitos comentaram esse fato, provavelmente devido a um temporal que provocou a queda da torre, matando dezoito pessoas abrigadas nela. Em geral, as pessoas diziam que foi um castigo de Deus. Mas Jesus insiste: “se vocês não se converterem, vão morrer todos do mesmo modo”. Porém, não aceitaram o convite de Jesus e não mudaram de vida. E quarenta anos depois Jerusalém foi destruída e morreram muitas pessoas no famoso templo de Jerusalém. A proposta de paz do Mestre ficou somente nas palavras. Não souberam praticar a palavra de Jesus na vida cotidiana. Consciente disso, o Nazareno quis instrui-los de novo com uma parábola da figueira plantada no meio da vinha.

A vinha, segundo as Escrituras, representa como Deus Pai ama o seu povo enquanto seu dono. No entanto, Jesus, o enviado pelo Pai, é o agricultor que protege a vinha, intercedendo para conversão, e que o Pai a acolha. A conversão é uma instância urgente para a nossa vida, porque sem ela não podemos dar bons frutos. De fato, diz o Mestre, além de não produzir frutos, “ela só fica aí esgotando a terra”. Isto é, vivendo a nossa vocação cristã de maneira superficial nos tornemos desfrutadores da graça recebida por Deus. Tudo isso prejudica não somente a nós mesmos, mas também aos outros como péssimo exemplo de testemunha de fé. A esterilidade da nossa vida cristã é a verdadeira ameaça da nossa convivência de seguidores de Jesus.

A essa altura, me vem a vontade de pedir também perdão se, às vezes, nós desfrutamos o terreno da graça para alcançar os nossos interesses, objetivos e viver de maneira superficial a vocação cristã. E Jesus nos chama à conversão. Você aceita?

Fonte:  Sacerdote, doutor em teologia, mestre em missiologia e comunicação/ Belém-PA.


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