Milhares de estudantes universitários em todo o Brasil passam atualmente por um drama que o governo insiste em ignorar e prefere reagir de forma covardemente dissimulada. Trata-se do mar de nebulosidade em que se afundou o programa de Financiamento Estudantil (Fies), por meio do qual os alunos foram incentivados pelo próprio governo a se candidatar à obtenção de empréstimo a juros especiais para frequentar o curso superior em centenas de faculdades particulares conveniadas.
Atraídas pela propaganda do governo federal, que nos últimos anos especialmente no calendário eleitoral de 2014 vendeu o programa como uma das mais revolucionárias formas de inclusão educacional, famílias de baixa renda embarcaram no sonho e matricularam seus filhos. Com altas doses de sacrifício, assumiram as primeiras mensalidades confiando no ressarcimento. Agora, o que era sonho virou pesadelo. As parcelas continuaram chegando todo mês, enquanto o programa segue parado.
O discurso inicial do Ministério da Educação era de que o problema estava apenas na adequação do sistema on-line de inscrições. No fim de fevereiro, o tal sistema foi reaberto, mas as dificuldade persistem, em especial na forma de estranhas e frequentes falhas técnicas que "derrubam" o candidato durante o preenchimento do cadastro após horas de tentativa. Mas não é só, pois até quem já era cadastrado em encontrado dificuldade para a renovação.
Enquanto isso, o governo não tem tido nem mesmo a dignidade de abrir o jogo e assumir oficialmente os cortes orçamentários de programas esse, explicando os motivos - sejam lá quais forem - do impacto da crise econômica à necessidade de aprimorar os critérios de credenciamento das instituições de ensino de acordo com seus indicadores oficiais de desempenho. Em torno de R$ 1 bilhão foi retido do Fies e quase R$ 500 mil do pomposo Programa Nacional de Acesso e Emprego (Pronatec).
No final das contas, concreto mesmo é o passa-moleque do governo contra calouros do todo o País, inclusive na região de Rio Preto, como já mostraram reportagens publicados pelo Diário desde fevereiro. Por enquanto, as vitimas da incúrias governamental estão sendo obrigadas a contrair empréstimos bancários a juros tradicionalmente extorsivos. Num segundo momento, terão de desistir e ficar duplamente no prejuízo: sem o curso e com a dívida. Tudo porque acreditam no governo que, ironicamente, tem a desfaçatez de usar a pretensiosa definição de "Pátria Educadora" em seu slogan oficial.
Fonte: EDITORIAL - Jornal Diário da Região / São José do Rio Preto-SP - (postado na mesma cidade)
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