sexta-feira, 10 de julho de 2015

MAIS TEMPO

O que você faria se tivesse mais tempo? A maioria das pessoas diria que passaria mais tempo com a família e os amigos, viajaria ou ajudaria alguém. A despeito da mensagem de que  tempo é mais precioso se fazemos bom uso dele e do belíssimo trabalho feito pela jornalista Larissa Rosso para a RBS, a pergunta convida para reflexões ainda mais complexas. Em primeiro lugar, sobre prioridades que cada um estabelece. O ritmo estonteante da rotina torna as metas desfocadas, de forma que somente fazemos reengenharia de fluxos diários quando deparamos com ameaças ou mudanças, enquanto  mais sensato é definir o que fazer com o tempo muito antes de vê-lo se esgotando. Adotar rotinas saudáveis, como atividade física regular, alimentação correta, evitar cigarros e excesso de álcool e visitar profissionais da saúde mesmo sem ter sintomas são medidas que qualificam nosso empo. Adotar esses hábitos após doenças instalada é muito menos efetivo.

Outro aspecto, ainda mais complexo, é como definir o valor dese tempo. A questão da troca de tarefas pelo tempo, ou seja, quanto investir para colher mais tempo com qualidade é uma questão difícil de responder. Em saúde coletiva, na qual se procura escolher o melhor uso para um recurso finito, o debate é global. Uma campanha da Oncoguia, Femama e Rochde chama a atenção para o câncer de mana (www.pormaistempo.com.br). Medicamentos novos oferecem ganho prognóstico - até recentemente inéditos - em pacientes com doenças avançadas. São, entretanto, drogas de alto custo e não disponíveis no sistema público de saúde. Se o recurso fosse irrestrito, seria simples: bastava incorporar. Como toda decisão de alocação em saúde acaba preterindo outras demandas, cabe definir as prioridades, com responsabilidades orçamentária.

Neste cenário de questões éticas e gerenciais, a sociedade deve ser ilustrada e participar das decisões. Não existe solução sem diálogo. Enquanto isso, cada um pode - e deve - se peguntar se está usando bem seu tempo e o que gostara que toda sociedade definisse como prioridade. Cada um pode - e deve-se perguntar se está usando bem seu tempo.

Fonte: Stephen STEFANI / Jornal Zero Hora - São Borja-RS




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