segunda-feira, 4 de novembro de 2019

NOSTALGIA EM TRÊS RODAS: VOCÊ AINDA PODE TER SIDECAR NA MOTO

Popular no começo do século passado, o sidecar mantém entusiastas e pode ser encomendado no Brasil


O sidecar é quase tão antigo quanto a motocicleta. A carreta ou “carrinho” lateral para se levar passageiro é uma criação do fim do século 19. Foi inventado para acoplamento à bicicleta como forma de levar passageiro (geralmente criança) com mais conforto e segurança. A motorização das primeiras bicicletas e sua evolução como motocicletas na virada do século popularizou o sidecar. Ficou mais fácil carregá-lo sem depender da força das pernas do condutor, e as primeiras motos tinham apenas um selim. 
Sidecars quase sempre foram fabricados por empresas independentes das fabricantes de motos, mas houve exceções. A Harley-Davidson produziu a carreta lateral para o exército americano junto com as motos, na época da 1ª Guerra Mundial. Mesclava a agilidade da moto à possibilidade de carregar arma e atirador ao lado. A popularidade nos Estados Unidos diminuiu nas décadas seguintes acompanhando o barateamento do automóvel, mas seguiu firme na Europa e teve papel importante nas tropas alemãs, russas e inglesas durante a 2ª Guerra Mundial.
A produção de carros mais acessíveis no pós-guerra e o conforto melhorado na garupa das motos acabou restringindo o sidecar a aficionados. É o caso do cliente de Helcio Zambotto, da oficina de customização paulistana AZ Motorcycles. Ele encomendou a personalização de uma Harley-Davidson incluindo a construção de um sidecar (foto principal). “Já construímos dois, sempre em metal”, conta Zambotto. “Nosso trabalho começa com uma entrevista, quando tiramos até as medidas do cliente para que o resultado seja personalizado.”
A construção parte de tubos de aço para a estrutura e chapas que serão moldadas para dar a forma. O processo leva seis meses e custa a partir de R$ 40 mil, com suspensão, roda, pneu e acabamento interno. Testamos como passageiro, que dispõe de um assento completo com encosto e amplo espaço para as pernas. Já o piloto precisa se adaptar a não inclinar a moto e apenas virar o guidão. Curvas ficam mais lentas e a largura total ocupa uma pista inteira, como um carro.    
Se você não quer gastar o valor de uma moto de alta cilindrada, nem está disposto a importar modelos de produção em série da indiana Royal Enfield ou da russa Ural, há opções mais acessíveis no país. A partir de R$ 3.600 é possível encomendar um sidecar produzido com carroceria de fibra de vidro, que fica pronto em cerca de um mês. O nível de personalização é menor, mas ainda inclui a escolha da cor, do revestimento do banco, rodas e pneus. Fabricantes como Motocarga, Saidecar e Saidbrasil produzem carretas laterais para transporte de carga e mantêm em linha modelos para passageiro. 
O processo para quem encomendou um sidecar termina com a legalização para rodar dentro da Lei. É preciso incluí-lo na documentação da moto, solicitando ao Detran uma Inspeção de Segurança Veicular pelo Inmetro. A aprovação resulta na emissão de um novo documento incluindo a modificação para transporte de três passageiros. Passa a constar o “sidecar intercambiável”, ou seja, que pode ou não estar na moto.    
  
Fonte: Revista Duas Rodas.


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