Não há mais como usar qualquer outra palavra que não seja crise. E que crise! A série de áudios que vazou nas redes sociais e chegou à mídia, envolvendo gravações captadas num grupo de Delegados, transformou o caso, sem dúvida alguma, num evento de tal gravidade que, jamais, se registrou na história de Rondônia, envolvendo a Policia Civil do Estado, como instituição. Começou apenas com uma gravação, envolvendo apenas um Delegado. No áudio, que ainda está sendo periciado, ele diz que houve erros graves numa operação, em que o ex governador Daniel Pereira teria sido envolvido em crimes ambientais e acusado de fazer parte de uma organização criminosa que agia na Sedam. Foi uma bomba! Oficialmente, o governo está investigando a situação e só falaria depois de ter sido feita perícia na gravação. À noite da quinta, contudo, o chefe de polícia emitiu nota oficial, não só confirmando o afastamento de todos os delegados da Draco, que atuam no interior, como anunciando a abertura de investigações, destacando que todos terão o mais amplo direito de defesa. Isso aconteceu poucas horas depois do vazamento de novos áudios, agressivos e preocupantes, incluindo um, certamente o mais complexo, em que um policial ameaça, claramente, duas das maiores autoridades do Estado: o presidente do Tribunal de Justiça, sem citar o nome do Desembargador Walter Waltenberg, mas apenas o cargo e, nominalmente, o presidente da Assembleia Legislativa, Laerte Gomes. Como até a noite da quinta-feira nenhuma das gravações tenham sido formalmente desmentidas, só quando o forem - e se o forem – se poderá imaginar qualquer outra expressão para definir a situação que não a de uma crise sem precedentes. Os áudios envolvem nomes da cúpula da Polícia Civil, ameaças e até acusações (já comprovadamente sem qualquer embasamento), sobre outros policiais. Os eventos que envolveram Delegados que têm a obrigação de defender a lei e os cidadãos, mas que teriam usado suas funções em ações nada republicanas, com confissões públicas de erros graves e ameaças a algumas das maiores autoridades do Estado, balançou profundamente as estruturas da Polícia Civil no Estado.
Os áudios são pesados, eivados de um palavreado agressivo, de ameaças, de expressões que não são comuns a policiais, ainda mais para servidores públicos da área da segurança pública, responsáveis por proteger as vidas de milhares e milhares de rondonienses. As ameaças à autoridades também são assustadoras. A decisão do afastamento dos policiais, tirando-os de suas atuais funções e os transferindo para outras funções, até o final das investigações, foi a primeira reação concreta no caso das gravações. A verdade é que algo que começou muito ruim, com confissão de que uma operação policial de grande vulto estava eivado de erros e que ainda teria levado autoridades do Judiciário ao erro, por informações incorretas colocadas no inquérito, foi ficando cada vez pior. A grandeza da Polícia Civil de Rondônia e sua rica história de imensos serviços prestados à coletividade são os únicos antídotos para a imensa crise. Mas tem que começar a depuração já, antes que seja tarde demais...
AUTORIDADES DIVERGEM SOBRE A GRAVAÇÃO - Uma importante autoridade rondoniense, que por enquanto prefere não se identificar, comentou o assunto ontem, com a coluna. Apesar de reconhecer que estamos vivendo uma crise séria, ao analisar a primeira gravação, o homem da lei afirmou que está convicto de que ela não é autêntica. “Fica claro, para quem tem algum conhecimento de investigação, que há gravações sobrepostas”, afirmou. Ou seja, o áudio atribuído ao delegado Júlio César sobre a Operação Pau Oco, em que o policial fala em erros grosseiros na ação contra o ex governador Daniel Pereira, para a fonte que comentou o tema com a Opinião de Primeira, “é armação”. Sobre os outros áudios, como não os ouviu na íntegra, ele preferiu não comentar. O ex delegado Eliseu Muller, contudo, disse à SICTV/Record, no jornalístico SIC News, na noite desta quinta, que a voz na gravação é mesmo do delegado Júlio César.
CONSELHO TUTELAR: 25 SERÃO ELEITOS - São 25 vagas. A eleição será em 24 deste novembro, um domingo. A posse será em 10 de janeiro, uma sexta-feira. Como em eleições normais, a disputa pelas cadeiras do Conselheiro Tutelar de Porto Velho é acirrada, tem campanha de porta em porta; tem confusão, recursos e tudo o mais que envolve uma disputa. A diferença para uma eleição comum é que qualquer semi analfabeto pode ser votado para qualquer cargo eletivo, enquanto no Conselho o candidato tem que ter algum preparo, para tirar no mínimo nota 6 em prova escrita e, ainda, ser aprovado em teste psicológico. Coisa aliás, que se fosse aplicada aos políticos comuns, certamente já eliminaria uma boa parte deles da vida do eleitor. Dos 326 candidatos que se inscreveram para concorrer às 25 vagas, na Capital, quatro foram eliminados e 39 escafederam-se. Compareceram 196 para as primeiras provas. Entre eles, os que não conseguiram passar na chamada Prova de Conhecimento, mas podem continuar à cata de votos. São os que, reprovados, entraram com recursos. Podem continuar, mesmo sub judice, o que é também uma característica de qualquer eleição comum.
JUSTIÇA NÃO ACATA RECURSOS - Aliás, recursos e reclamações foi o que não faltaram, novamente, na primeira fase da corrida para ser Conselheiro Tutelar. Ações já foram encaminhadas à Justiça, com pedido de liminar, para que a primeira fase das provas fosse anulada. Irregularidades apontadas, entre outras: várias questões anuladas, num total de 25 por cento do total da prova escrita; questões copiadas na base do Control C e Control V de provas realizadas em outros Estados; testes psicológicos em quase duas centenas de candidatos feitas num só dia. Nenhuma das ações foi acatada pelo Judiciário, ao menos em nível de liminar, que, se concedida, poderia cancelar ou anular todo o certame. O promotor Willer Araujo, que acompanha todo o caso, participou essa semana, na Câmara de Vereadores, de reunião da Comissão da Criança e do Adolescente, cuja pauta principal foi o concurso para Conselho Tutelar. Destacou na ocasião que não vê motivo para a suspensão da disputa. Marcelo Barrozo, da Secretaria de Assistência Social e da Família, Semasf, encarregado do concurso, afirma que, mesmo com eventuais pequenos problemas, no geral tudo esta correndo de acordo com resoluções municipais e federais que organizam esses certames.
SALÁRIO DE 2.891 REAIS - É sempre bom contar toda a historia, para não parecer que todo essa batalha para ser eleito é apenas por causas comunitárias. Não é. O enorme esforço para se chegar a uma das 25 vagas de Conselheiro Tutelar inclui dinheiro, é claro! O salário atual é de 2.891 reais, com mais uma ajuda de custo perto de 335 reais de auxílio transporte. Os eleitos terão quatro anos de mandato e a posse em janeiro. No interior do Estado, em várias cidades, a disputa pelas vagas também foi cheia de ações judiciais, cancelamentos e brigas. Aqui, não está sendo diferente. Ah, ainda é bom dizer que também há muitos outros interesses de políticos que serão candidatos no ano que vem, interferindo no processo. Afinal de contas, aqui é o Brasil e quem disse que a meta principal de uma disputa eleitoral é beneficiar a população?
BRASILEIROS SOB GRANDE RISCO NA BOLÍVIA - Essa coluna alertou, há mais de uma semana, sobre o grande risco que estudantes rondonienses e de outras regiões do país, estavam correndo, com a crise na Bolívia, que, ao que parece, só tende a piorar. A eleição sob suspeita de fraude, para um quarto mandato de Evo Morales, está colocando fogo no país. Mais de 26 mil jovens do Brasil estudam Medicina, em várias Universidades bolivianas. Para surpresa deles e para pânico de suas famílias, grupos de pessoas que vão ás ruas para brigar, atacar, colocar fogo e fazer barricadas, estão perseguindo brasileiros. Há casos de estudantes aqui mesmo de Porto Velho, que não conseguem sair de suas casas há vários dias. Se saírem, podem cair em uma armadilha. Há perseguição a brasileiros, algo até há pouco inimaginável. Vídeos amadores mostram grupos de bolivianos procurando brasileiros em carros, nas ruas, para atacá-los. O desespero toma conta deles e suas famílias no Brasil. Não há como mandar dinheiro e já está faltando alimentos, água, gás. Os brasileiros continuam sem poderem passar pelos bloqueios, para tentar voltar para casa. Mesmo informado de tudo, o Governo do Brasil ainda não deu qualquer resposta aos pais desesperados. Enquanto isso, a crise chega com tudo à fronteira com Guajará Mirim. Nesta quinta, ninguém sai e ninguém entra em território boliviano. Guayaramerin está isolada do lado rondoniense.
MULHERES, GRANDE MAIORIA NO ENEM - Um número recorde, com bem mais mulheres do que homens. Elas são 35.746 (61 por cento do total) e eles 22.897, apenas 39 por cento. No total, 58.643 jovens e adultos rondonienses vão fazer as provas do Enem, que começam neste domingo, dia 3 e prosseguem no outro, dia 10. O maior percentual, por faixa etária, é quem tem entre 21 e 30 anos, representando 33 por cento do total inscrito. Mas há também gente bem mais velha. Candidatos chegando aos 60 anos também se submeterão às provas. Obviamente Porto Velho tem o maior número de candidatos, 25.449, Das 24 cidades onde as provas serão realizadas, o menor número é de Alto Paraíso: apenas 252 inscritos. O total de candidatos aptos a participarem das provas do Enem, neste ano, chega a quase 5 milhões e 100 mil no pais inteiro. De acordo com a pontuação, o participante do Enem, o Exame Nacional do Ensino Médio, que acontece uma vez por ano, com milhões de participantes, serve para conseguir uma bolsa em faculdade particular, entrar na universidade pública sem fazer vestibular, obter financiamento estudantil e outros benefícios para se chegar ao ensino superior.
LEMBRANDO A DERROTA PARA BRIZOLA - Depois do fiasco de noticiar algo absolutamente falso, para tentar implicar o presidente Jair Bolsonaro na morte da vereadora Marielle Franco, numa das acusações mais vis e covardes já feita pela mídia contra um mandatário do país, a Rede Globo tenta sair pela tangente, sem pedir perdão público pela heresia que cometeu. Agora, noticia, junto com o site G1, tentando desviar a atenção da sua absurda ação no episódio, que Bolsonaro acusa o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, de ter espalhado a mentira. Fica cada vez pior. A tática de tentar criar uma notícia para encobrir uma asneira divulgada, é claro, só cola para quem é desinformado. A grande maioria do público brasileiro já detectou que a ainda poderosa emissora está usando de todos os meios, inclusive os escusos e anti jornalísticos, para tentar ganhar uma queda de braço, na marra, como já ganhou de todos os últimos Presidentes que passaram. A Globo, aliás, só perdeu uma vez. Foi para o lendário Leonel Brizola, que nunca a temeu, porque não tinha rabo preso. Agora vai se dar mal de novo. Bolsonaro não é osso fácil de roer...
NO DIRETO AO PONTO - A participação dos engenheiros em praticamente todas as áreas de atuação da sociedade (e aí não se fala apenas na construção civil), foi um dos temas centrais da entrevista do presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia – CREA – Carlos Xavier, ao programa Direto ao Ponto. A atração vai ao ar neste sábado, 12 horas e no domingo, 7h30 da manhã, na Record News Rondônia. A partir da noite deste sábado, será reproduzida no site Gente de Opinião, um dos mais importantes do Estado.
PERGUNTINHA - Na sua opinião, o que o governo federal deveria fazer para resgatar milhares de brasileiros, que estão correndo até risco de vida, na conflagrada Bolívia?
Fonte: Jornalista Sérgio Pires / Porto Velho-RO.
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