Ele destrói sonhos, separa famílias, nega uma vida digna. O desemprego é hoje um câncer, quase metástase, que está corroendo o organismo do Brasil. Os números oficiais estão longe da realidade das ruas. Eles falam em 13 milhões de desempregados, mas pode ser o dobro de gente, sem um trabalho digno. Em Rondônia, os números gerais não são tão negativos. Mas o são – e assustadores – quando se coloca no papel os percentuais de jovens desempregados, aqueles na faixa dos 16 aos 28 anos. É aí que se precisa, com urgência, começar a agir. O assunto ganhou corpo, novamente, quando o deputado Laerte Gomes, presidente da Assembleia Legislativa, se pronunciou, lembrando que há dados apontando que Porto Velho, por exemplo, é um das capitais brasileiras onde há mais desempregados nessa faixa etária. E que precisamos, todos os setores da sociedade, nos preocupar com isso. “Sem políticas de Estado, que fixem os jovens no campo, dando-lhes condições de sobrevivência digna, com apoio de formação e opções de trabalho, o problema não se resolve. Nossa produção primária já é boa, mas, com programas corretos e direcionados pelo Estado, poderíamos quadruplicar essa produção, porque temos condições de chegar a essa meta. Imagine-se o que só isso representaria em termos de trabalho e renda”, opina Laerte. O presidente da Fiero, Marcelo Thomé, diz que um dos caminhos já são trilhados pelo Sistema Indústria, via Sesi e Senai. “Mais de 70 por cento dos jovens que fazem qualquer curso do Senai, já saem direto para empregos na indústria. A formação que lhes é dada é a garantia, ao empresário, da qualidade da mão de obra que vai contratar”. Só no ano passado, o Senai de Rondônia teve 10.180 matrículas, a grande maioria de jovens das classes C, D e E, que através dos cursos, conseguem entrar no mercado. Ou seja, já há mais este caminho, mas só ele não resolve a situação, porque em Rondônia, segundo números do Centro de Integração Empresa Escola, o CIEE, nada menos do que 19 por cento de pessoas entre 18 e 24 anos, talvez a maior faixa etária dos jovens, estão sem emprego. Se formos analisar apenas Porto Velho, esse percentual é bem mais alto.
A verdade é que boa parte de uma geração inteira está alijada do mercado de trabalho. Sem formação correta, sem educação básica, sem apoio de programas oficiais, as perspectivas são pessimistas. Some-se a isso uma legislação trabalhista arcaica e absurda, mesmo depois de remendada no Congresso; uma Justiça Trabalhista voltada para criminalizar as empresas e dificultar o acesso ao mercado do emprego e se observará que o futuro é incerto e com poucas chances de reverter o quadro atual. Talvez um grande salto na economia e uma visão moderna nas relações trabalhistas, somadas a investimentos pesados dos governos na formação técnica e no apoio a mais produção no campo, sejam as melhores opções. Mas mesmo com tudo isso, só se conseguirá melhores resultados a longo prazo. A maioria dos nossos jovens, até lá, ficará na rua da amargura. Lamentável!
A ATUAÇÃO DO CIEE PARA OS JOVENS
O Centro de Integração Empresa Escola – CIEE – trabalha duro para abrir mercado para a mão de obra jovem, principalmente na questão do primeiro emprego. Ele começa a busca de colocação dos jovens no mercado, a partir dos 14 anos, idade em que eles podem ser contratados como aprendizes. A partir dos 16 anos, eles podem entrar nas empresas como estagiários. Mas a situação nacional é ruim, assim como a de Rondônia. No ano passado, foram registrados no Estado todo, nesse sistema de apoio aos adolescentes que querem trabalhar, um total de 2.834 contratados. O potencial era de 5.251, ou seja, 2.417 não conseguiram vaga. Vinculados ao sistema CIEE, Rondônia tem hoje 900 aprendizes e 550 estagiários. Há diferentes cursos a disposição para diferentes áreas e o sistema é uma das forma dos mais novos terem chances de chegarem ao emprego. O Sistema Indústria (SESI/SENAI), o CIEE, entre outros organismos já existentes, fazem o que podem, mas estão longe de atender toda a geração de jovens brasileiros fora do mercado de trabalho. Hoje temos no país aproximadamente 20 milhões de jovens entre 18 e 24 anos. Só nesta faixa, mais de 7 milhões e 400 mil estariam desempregados.
SÓ O CONTRACHEQUE SALVA
Ainda sobre o mesmo tema: o problema é a magnitude do problema. Pegando-se apenas números da Capital, da população em uma cidade que já passou do meio milhão de habitantes, há cálculos que apontam que poderíamos ter algo em torno de 85 mil jovens na faixa dos 18 aos 24 anos. Há quem diga que pelo menos 30 por cento dessa população, desesperada por trabalho, não o encontram. Isso representaria nada menos do que perto de 26 mil pessoas, apenas nessa única faixa, estariam fora do mercado de trabalho. Como não há dados atualizados sobre as pesquisas feitas pelo IBGE, detalhando a situação do desemprego, há apenas indícios e dados não conclusivos sobre o tema. O que é real é que a falta de emprego é notória entre os jovens e principalmente na Capital do Estado. Por enquanto, Porto Velho continua sendo extremamente dependente do contracheque do funcionalismo. Quem trabalha para os órgãos públicos, está tranquilo. Do lado de fora das portas das organizações governamentais de todos os níveis, é que o drama se amplia. O desemprego campeia e deixa cada vez mais jovens alijados da economia e da produção. Até quando essa situação vai persistir?
IMAGEM RARA DA GRETCHEN
Dezenas de mensagens, comentários, elogios e até algumas ressalvas, poucas, aliás, abordaram o historinha contada nessa coluna, na ultima sexta, sobre a onça Gretchen, que viveu aqui em Porto Velho durante pelo menos quatro anos, com suas três patas e acabou sendo atacada e morta por uma onça macho, numa tentativa de acasalamento. Gretchen tinha sido transferida para um centro de proteção de animais de Goiás. Durante todo o tempo que permaneceu aqui, foi bem cuidada no CETAS da Unir, mantido com recursos da Santo Antônio Energia. O animal foi entregue à proteção da Santo Antônio e teve todos os cuidados possíveis. Pessoas que sempre estiveram perto do animal, ficaram tristes e surpresas com o final infeliz do caso, já que se imaginava que Gretchen poderia acasalar e ter filhotes em sua nova casa. Como muitos leitores pediram, uma ampla pesquisa pela internet acabou trazendo à luz uma das raras fotos do animal. Aí está, então, para quem queria ver como era a onça que nasceu na mata, perto de Porto Velho e foi morta pelo futuro companheiro,
em Goiás. O mistério continua: quem deu o famoso nome à oncinha rondoniense? Isso ainda não se descobriu...
A TURBA CONTRA A POLÍCIA
Um marginal estava mostrando uma arma para várias pessoas, numa rua do bairro Esperança da Comunidade. A PM foi avisada e foi ao local. O sujeito fugiu, se escondeu numa casa e ainda vociferou e ameaçou os policiais. Teve que ser detido à força. A arma localizada era falsa. O meliante foi detido. Pra que! Várias pessoas da vizinhança, essas mesmo que chamam a PM quando estão em perigo, ao invés de aplaudir os policiais, começaram não só a hostilizá-los como a jogar pedras e ameaçá-los fisicamente. Ficaram ao lado do marginal. Acuados, os PMs tiveram que usar gás de pimenta, para conter a turba, que aumentava cada vez mais. Nem isso adiantou. Até armamento pesado, com munição não letal, teve que ser utilizado. No final, os PMs tiveram que fugir da fúria ensandecida do grupo que os ameaçava. Em que país estamos, em que a polícia, ao defender a sociedade diante de um crime, seja qual for, pode ser hostilizada por populares, ao invés de reverenciada? A mídia esquerdista, que criminalizou a polícia e vive na defesa dos direitos humanos dos criminosos, tem muita culpa nessa inversão de valores. Mas é também importante que os participantes desse tipo de ação sejam identificados, processados e presos, se condenados. Não é possível assistirmos a esses atos em defesa de marginais, como se eles fossem as vítimas. Uma vergonha!
A PONTE E A ALEGRIA DE CAMELI
A primeira comemoração foi de um acriano. Hoje, o mais ilustre deles. O governador Gladson Cameli postou nas redes sociais texto demonstrando toda a sua alegria com a conclusão das obras da ponte sobre o rio Madeira, na Ponta do Abunã. “Agora falta muito pouco para a concretização de um grande sonho. Resta apenas a construção das cabeceiras, para a ligação definitiva do Acre, por terra, com o restante do Brasil”, escreveu. O último trecho da ponte sobre o Madeira, na divisa com nossos vizinhos, foi concluída nesse final de semana. Da obra em si, faltam apenas pequenos detalhes, que estarão todos finalizados nestes próximos dias. O que ainda vai faltar para que seja totalmente pronto o complexo da ponte, são as cabeceiras, que agora terão que seguir novo projeto, já que com a subida autorizada das águas do Madeirão, elas terão que ser construídas com novo traçado e nova altura. Os recursos para esse último trabalho relacionado com a ponte deverão ser liberados em breve. A perspectiva é que, se não faltar dinheiro, tudo estará pronto para ser aberto ao tráfego entre o final de agosto e o início de setembro, nesse segundo semestre. A inauguração oficial contará com a presença do presidente Jair Bolsonaro, que já garantiu que virá a Rondônia para entregar uma das mais importantes obras da região norte. Finalmente, o Acre se ligará ao resto do Brasil. Por isso Cameli está fazendo tanta festa!
A “ENTOURAGE” DO CHEFÃO
Quando se divulgou aqui mesmo, há alguns anos, que quando os grandes criminosos e chefões do tráfico vêm para o presídio federal de Porto velho, sua “entourage” toda vem atrás, houve desmentidos, inclusive oficiais, de autoridades da segurança pública. Só ingenuidade ou falta de informação pode contestar a verdade: a quadrilha, ou ao menos parte dela, vem atrás do chefão, sempre ajudando a aumentar a violência já quase insuportável a que estamos submetidos. O grupo quer fica perto, para receber orientações e manter toda a estrutura do crime do lado de fora da cadeia, enquanto o comandante manda, lá de dentro da cadeia. Neste final de semana, mais uma prova concreta disso ocorreu num condomínio de luxo da Capital, na avenida Vieira Cahúla: a Polícia Federal fez uma operação atrás de provas de lavagem de dinheiro e armas escondidas na casa de um familiar de poderoso chefe ,internado no nosso presídio da BR 364, a mais ou menos 50 quilômetros do centro da Capital. Há suspeitas de que dois casarões do local tenham sido alugados pelos amigos do chefão, para ficar perto dele e ajudar a manter uma espécie de guerra pelo tráfico de drogas e armas, entre grupos criminosos, que está ocorrendo agora no Paraguai. E é só a ponta do tapete. Tem muito mais coisa por aí que a gente não fica sabendo...
VILHENA MOSTRA SUA GRANDEZA
Vilhena vai viver cinco dias de grande festa, com uma demonstração de toda a força do seu agronegócio, com a realização da Rondônia Rural Sul, uma espécie de Rondônia Rural Show só para o sul do Estado apresentar todas as suas potencialidades. O evento em Vilhena será entre os dias 3 e 7 deste julho que está chegando, ou seja, começa nessa quarta, prossegue na quinta, sexta e sábado e encerra no domingo. Quatro grandes shows nacionais estão programadas, entre eles Marília Mendonça, hoje a rainha da música sertaneja brega do Brasil, que sempre leva multidões para suas apresentações. A exposição terá também um disputado rodeio, com vários prêmios. A feira festiva, mas também de muitos negócios, terá também várias palestras técnicas, na busca do aprimoramento da produção do agronegócio da região, hoje um dos mais fortes do Estado e da região norte. A cidade rondoniense com mais cara do sul do país, onde até o clima é semelhante em alguns momentos, com suas temperaturas baixas em determinadas épocas do ano, tem a maior colônia de representantes do Rio Grande do Sul e Paraná de toda a Rondônia. Lá a produção salta todos os anos, tornando Vilhena uma das mais progressistas comunidades do Estado. A Rondônia Rural Sul vai sintetizar tudo isso.
PERGUNTINHAS
Haverá solução para os 13 milhões de brasileiros oficialmente desempregados, num total de 12 por cento da população apta a produzir e o dobro da média mundial dos que não conseguem trabalho? O que pode ser feito para mudar esse quadro trágico para tantos brasileiros?
Fonte: Jornalista Sérgio Pires / Porto Velho-RO.