Em cada polo de um país politicamente dividido muitos parecem agir como se incondicionalmente defendessem o time de sua preferência, valendo até gol de mão nesse fla-flu corruptor do bom senso, em que os fins passam a justificar os meios, pouco importando quais eles venham a ser, se lícitos ou não.
Nessa seara, impera o trio: 1) “viés de confirmação”, tendência que leva a pessoa a buscar somente o que vem ao encontro de suas crenças, rejeitando tudo o que delas possa divergir; 2) “dissonância cognitiva”, estado psicológico marcado pela tensão causada pelo conflito entre linhas divergentes de pensamento, levando a pessoa a negar fatos, simplesmente para permanecer em sua zona de conforto emocional delimitada pelas fronteiras de suas crenças; e 3) “raciocínio motivado”, estado mental em que o sujeito se inclina a aceitar facilmente o que em linha com seu pensamento está, em detrimento de buscar analisar opiniões e fatos que possam contrariar sua visão de mundo pré-concebida.
Além desse tripé que mantém a pessoa presa ao mundo por ela idealizado, e não ao que de fato ele é, aspectos ou fatores outros como comodismo, vagabundagem e oportunismo (geralmente associados a uma carência de princípios éticos e morais) podem estar presentes, potencializando a polarização e tornando cada vez mais distante uma solução do conflito pela sempre salutar via do entendimento.
Sem que a pessoa lute para combater em si tais desvios comportamentais, fadado está o país a seguir nessa trajetória que só beneficia o grupo de cartolas que controlam o jogo, enquanto a massa de torcedores, pouco importando de que lado esteja, caminha inexoravelmente para a derrota.
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