APROVEITAMENTO - Numa campanha rápida e sem condições de mobilizar a militância para as ruas, em razão da pandemia, o tempo destinado aos partidos pela legislação eleitoral de rádio e TV deveria ser mais bem utilizado pelos comitês eleitorais. O que estamos assistindo é a repetição de peças sem criatividade, pegada e nem propostas. Na capital, por exemplo, exceto o PSDB que, além de possuir o maior tempo, é o único que tem veiculado peças plasticamente mais elaboradas, os programas são medíocres. Não estão sabendo aproveitar o espaço, o que aparenta uma campanha fria, modorrenta e chata.
EMPATIA - Hildon Chaves (PSDB), candidato à reeleição, está nadando de braçada já que os adversários não conseguem propor algo melhor para os munícipes. Embora nada esteja definido, os concorrentes do atual prefeito precisam mostrar que são capazes de administrar os próximos quatro anos com mais competência e resolutividade. Do contrário, não convencem o eleitor de que o que está se fazendo na administração municipal é muito pouco em relação ao que se pode fazer. Para isto, não basta apenas criticar: será necessário propor algo factível, concreto e que o proponente tenha capacidade para executar o que está a propor. Além de demonstrar empatia com o eleitor, uma qualidade entre os candidatos em escassez nas atuais peças publicitárias.
LERO LERO - As peças veiculadas pelo Sargento Eyder Brasil, candidato pelo PSL, são tragicômicas. Não propõe nada e ainda usa um espaço em horário nobre para falar de latrina, necessidades fisiológicas, numa linguagem rasa e com uma voz estridente. Um lero lero sem nexo nem conteúdo.
Blá-Blá-Blá - No vídeo e no rádio Eyder passa uma imagem grotesca, bruta e arrogante. Bem diferente no trato pessoal em que se mostra uma pessoa mais calma, agradável e de um sorriso largo. Criaram pra ele ficar repetindo um substantivo masculino (Blá-blá-blá) que levaria o eleitor a concluir que são mentirosas as propostas do atual prefeito que somente iludem. Palavra oriunda do francês blablabla, o sargento a entona num agudo tão alto que termina virando um lero lero. Incomodando, certamente, seu próprio eleitor que o assiste.
POBRE - No programa, Vinícius Miguel, candidato do Cidadania, Rede e PDT, campeão de votos em Porto Velho nas eleições estaduais, onde surpreendeu as raposas da política com um desempenho acima da média nos debates de TV, não repete a mesma simpatia com que conquistou o eleitor em 2018. É um jovem educado, preparado, capacitado para o cargo que disputa, mas não conseguiu até o momento repetir a mesma empatia. Os programas que veiculou não condizem com o seu perfil e não demonstraram o potencial que possui em relação aos problemas da capital. Há tempo para mudar o formato das peças, embora disponha da metade do tempo do atual prefeito com quem concorre. Contudo, é tempo suficiente para embalar a campanha com peças contendo um conteúdo mais bem trabalhado.
BORDÃO - O programa do candidato petista Ramon Cujuí, mesmo bem finalizado, não traz nada de novo e insiste em bordões típicos do movimento estudantil. Desde a defenestração da presidente Dilma Rousseff que os petistas perderam a verve das campanhas quando empolgavam a militância no engajamento em torno da candidatura do partido. Eram peças criativas, modernas e inteligentes. Nestas eleições, ao que parece, optou em defender um legado que não empolga nem os próprios militantes. Dificilmente, com estes bordões, empolgará o eleitor hoje, mais incrédulo com o PT, em razão de tudo o que ocorreu sob suas barbas. Aliás, esses erros são responsáveis em dar vida e voz a uma direita estúpida que afronta a dignidade humana país afora.
BAILARINO - Já o candidato Breno Mendes, do Avante, autointitulado fiscal do povo, não pode ser avaliado por não dispor de um tempo mínimo para mostrar a que vem. Entretanto, ao convocar o eleitor a visitar suas propagandas nas mídias digitais, Mendes surpreende o curioso com peças horrorosas. Uma delas, como exemplo clássico do que o candidato não deve fazer, é uma cena com ele se rebolando com uma bandeira em cima de um carro. Para um candidato com os desafios a enfrentar numa capital tão desigual, a postura conta muito e não é bailando daquela forma ridícula que convencerá o eleitor de que possui capacidade para administrar o município. Também não adianta apenas se apresentar como fiscal do povo que vencerá o pleito. O eleitor tem à disposição bons candidatos a vereadores com a mesma disposição do advogado de fazer as vezes de fiscal do povo e azucrinar com mais legitimidade a Energisa, empresa de fornecimento de energia elétrica que explora o consumidor rondoniense com tarifas vergonhosas. Nem como bailarino Breno convence. Vai precisar mais ritmo na campanha para empolgar. E propostas.
PIMENTEL - O candidato do MDB, Pimentel, não conta nestas eleições com a estrutura partidária que os emedebistas ostentavam nas eleições municipais passadas, quando o correligionário Confúcio Moura governava o estado. Mas ainda assim Pimentel levou uma sova de Hildon Chaves, durante um debate. É uma candidatura cheia de questionamentos, sem nada de novo e sem os velhos caciques do partido. Mas as peças apresentadas até o momento estão conseguindo seus objetivos ao apresentar o candidato como alguém capacitado para enfrentar crises na saúde. Falta-lhe empatia para animar alguém a o defender. Por ironia do destino, a pandemia afetou as campanhas sem a realização dos debates, embora ele seja o mais beneficiado pelas emissoras com a suspensão de todos os debates neste primeiro turno.
APOSTAS - Antes do início da campanha em si, a vereadora Cristiane Lopes, candidata a prefeita pelo PP, concentrava as bolsas de apostas para a sucessão de Hildon Chaves. Com uma semana de campanha plena até o momento, a promissora candidatura não tem demonstrado a mesma vitalidade de antes da campanha. Poucos estão apostando que a jovem edil repetirá a mesma performance eleitoral que marcou sua candidatura a deputada federal. Ainda é cedo para cravar uma tendência, o que não impede avaliar este momento como o momento mais lento da campanha que tantas apostas despertavam.
REPETECO - O Coronel Ronaldo Flores, assim como vários candidatos oriundos da caserna, tenta pegar uma carona na onda bolsonarista para empinar suas postulações. Há tempo? Há. Mas em política a biruta de aeroporto não venta sempre na mesma direção. Muda conforme o tempo, e o momento não está sendo soprado em direção aos militares. Ganhou mais um tempinho de TV e rádio com a ajuda do PSB de Mauro Nazif, um expoente anti-bolsonaro que o coronel terá que explicar, cedo ou tarde.
AZARÃO - Lindomar Garçon disputa pela segunda vez a candidatura a prefeito de Porto Velho e não pode ser ignorado pelos adversários porque tem um eleitor cativo. É verdade que não possui mais a força eleitoral que o catapultou em primeiro lugar para um segundo turno contra Mauro Nazif, momento em que todos os demais se juntaram ao socialista para tomar da mão do Garçon a prefeitura. Entra como azarão, mesmo com programas horrorosos na Tv e no rádio. Na próxima coluna, em razão do espaço, a coluna fala dos demais concorrentes a prefeito da capital, e alguns interiores.
Fonte: Jornalista Robson Oliveira / Porto Velho-RO.
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