sábado, 31 de agosto de 2019

Foi livramento de Deus! Será?

Quando passamos por situações que envolvem algum tipo de perda, geralmente surge alguém com a célebre frase: foi livramento de Deus! E, curiosamente, todos nós em um ou outro momento já dissemos isso até como uma tentativa de consolar o coração de alguém.
Mas hoje pela manhã, questionei a veracidade dessa frase e percebi que ela não é tão verdadeira quanto gostaríamos que fosse. Veja bem: o que está em questão não é se Deus livra ou não. Eu sei que livra. Ele continua nos livrando centenas de vezes ao dia, em situações que sequer percebemos. Mas, existem algumas circunstâncias em que dizemos que “foi livramento de Deus” quando, na verdade, é resultado de falta de esforço, irresponsabilidade ou preguiça nossa em algumas áreas da vida.
A Bíblia diz em Provérbios 8:14 “faço planos e ponho em prática, tenho inteligência e sou forte”. Quem faz? Eu faço, você faz. Ou pelo menos, deveríamos fazer.
Conheço uma pessoa que nunca decide nada sozinha, porque se der errado, ela acha confortável ter a quem culpar. E assim somos muitos de nós, nos acostumamos a dizer que livramento de Deus quando, na verdade, fomos nós que não estudamos o suficiente para resolver aquela questão no concurso que iria mudar a nossa vida para melhor.
Dizemos que foi livramento de Deus quando, na verdade, dormimos mais do que deveríamos e perdemos aquele voo que nos levaria a conhecer uma nova vida, ter novas oportunidades (e todo mundo chegou em paz lá do outro lado do oceano). Nós dizemos que foi livramento de Deus quando, na verdade, o relacionamento acabou porque não nos dispomos a empreender esforços para mudar, porque não queríamos suportar pequenos “defeitos”, porque não queríamos abrir mão de alguns costumes para fazer dar certo.
Dizemos que foi livramento de Deus quando, na verdade, foi preguiça, quando o orgulho falou mais alto no calor da discussão, quando o desamor prevaleceu, quando a acomodação tomou o lugar do esforço.
Da próxima vez que pensarmos em abrir a nossa boca para dizer “foi livramento de Deus”, vamos parar um pouquinho para pensar se foi mesmo. Talvez estejamos acusando Deus de uma “culpa” que Ele nem tem. Vamos parar de usar o fatalismo como desculpa para as coisas que nos acontecem ou deixam de acontecer. Nós nem acreditamos em predestinação. Ou será que acreditamos?
Existe a parte de Deus, mas existe a parte do homem também. E os filhos de Deus são guiados em paz e alegria e não ficar arriscando a sorte, de ter dado certo ou não para acreditar se era o que Deus queria ou o que Deus livrou. Não vamos confundir a vontade permissiva de Deus com o que Ele tinha como a Sua perfeita vontade.
Pensar de forma equivocada pode até trazer um certo conforto para a nossa alma, uma bela desculpa para darmos a alguém, mas não corresponde a verdade. Existem coisas que não aconteceram não porque Deus não quisesse. Ele até poderia querer, mas na parceria entre Ele e nós, alguém deixou de fazer a sua parte. E como sabemos que Ele é perfeito…
Certa vez me chegou o seguinte entendimento: É melhor eu estar pronta e Deus não me usar, do que Ele dizer: “eu queria te usar, mas você não se apronta”.
Como pessoas maduras que desejamos ser, um bom começo de choque de realidade em relação aos fracassos já vividos e abrir novas perspectivas para o futuro, talvez seja aprendermos a parar de colocar a culpa em Deus nas coisas que nós não nos dispomos a fazer acontecer.
Na vida existem coisas que são livramento, mas existem aquelas que são perdas mesmo.
Pense sobre isso!
Fonte: Vilma Souza - Graduada em Escola de Ministros - (www.verbodavida.org.br).


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