domingo, 3 de dezembro de 2023

Vini, racismo e melamina

 E o navio negreiro, atracado no inconsciente coletivo dos brancos, continua a produzir cenas dantescas de um racismo estrutural, nazista, do conceito doentio da supremacia dos caucasianos.

A história oficial é sempre contada sob a ótica do dominador e objetiva a preservação do respectivo status quo. Sendo assim, quase nunca é verossímil. É preciso espírito investigativo e sendo crítico para aceitar ou contestar a veracidade de tais informações, a fim de que o que está velado seja revelado. Isso necessário se faz sob todos os aspectos da nossa vivência, vide o crescimento exacerbado de fake news que proliferam pelas redes sociais e que um sem número de pessoas se reproduzem, umas por ignorância, mas a maioria para disseminar mentiras, a manutenção da posição social e a produção de conflitos entre a população.

De acordo com a narrartiva dominante à época, a libertação dos escravos se deu pela generosidade de corações imperiais, o que contradiz com a pressão sofrida pela monarquia brasileira e os reais acontecimentos. Oficialmente declarados libertos, os escravos foram abondonados à própria sorte. A abolição não foi acompanhada por medidas de suporte para os negros "livres" e eles continuaram a sendo vítimas do preconceito e da violência; soifreram e sofrem com a falta de ecesso ao estudo e às boas oportunidades.

Sendo assim, o que rsta para esse grande número de brasileiros são os sub-empregos ou o trabalho escravo, como temos visto ultimamente, ou os esportes em que eles se destacam e que são melhores que aqueles que têm a pele com pouca melanina. Driblam os adversários com a mesma intensidade que driblam a falta de uma boa escola e, consequentemente, um bom emprego e uma situação financeira razoável. Por enquanto, no futebol; nos esportes que requerem mais que uma bola, nada de ruas empoeiradas e pés descalços, a presença deles é inexistentes.

Lamentável é o desconhecimento da grande parcela racista da população mundial, das causas de uma pele ser mais clara ou mais escura do que outra. Segundo Beatriz Alvares Perez, coordenadora do Centro de Genética Médica da Universidade Federal de São Paulo, a cor da nossa pele é determinada pela melanina. É essa substância, fabricada por células chamadas de melanócitos, que colore o maior órgão do nosso corpo. O quanto cada organismo produz de melanina é que determina a cor da nossa pele. Pessoas negras produzem muita melanina. Um dia, todos fomos assim: de pele bem escura. Evidências arqueológicas indicam que o homem moderno surgiu na África, região de muito sol. E conclui: foi assim que o mundo se coloriu...

Os de pouca melanina, que vão aos estádios para insultar aqueles que, apesar de todas as agruras sociais, fazem sucesso no mundo todo, não concebem que um negro possa ser melhor que um branco, serem famosos como Vini, por exemplo dos gringos que adoram se bronzear em nossas praias, sem saber por que ficam trigueiros e têm o desplante de insultar nossos compatriotas.

E o navio negreiro, atracado no inconsicente coletivo dos brancos, continua a produzir cenas dantescas de um racismo estrutural, nazista, do conceito doentio da supremacia dos caucasianos.

Espero que nossos Vinicius avancem em suas consquistas, quer sejam individuais ou coletivos, com oportunidades e respeito que merecem e dos quais foram e continuam a ser lesados e que bailem sempre, ao som de qualquer ritmo, especialmente na hora do gol.

Baila, Vini, como a Rita Lee. Baila conosco!


Fonte: Merli Diniz - Advogada, professora, escritora, cronista e poeta. Jornal Diário da Região.








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