segunda-feira, 10 de junho de 2019

PROFESSOR NAZARENO - Rondônia, turismo brega

Em Rondônia praticamente não existe turismo. E é até compreensível, pois em todo o Estado, não há nada que chame a atenção de quem quer que seja. As poucas belezas naturais que havia como a floresta amazônica, o rio Madeira e as cachoeiras de Santo Antônio e de Samuel foram dizimadas sem piedade pelo “progresso” instalado na região. A hidrelétrica de Santo Antônio, por exemplo, situada a poucos quilômetros da capital, aniquilou o que restava das duas “corredeiras” citadas. E como se não bastasse, o processo de destruição da flora e da fauna local continua a passos largos. Quem em sã consciência pagaria para ver natureza morta e destruição do meio ambiente? A EFMM, considerada por muitos como a “mãe de Rondônia”, foi estuprada na enchente de 2014 e pelas administrações desastrosas a que foi submetida. Nada restou, só ferro velho.

O cemitério de locomotivas é uma vergonha para Rondônia e para a sua gente. Mas agora, alguns saudosistas tentam restabelecer desnecessariamente o que nunca foi sucesso, o que nunca prestou, o que sempre envergonhou a todos. Dizem que a partir de então, o turismo vai voltar a encantar os rondonienses. Mentira, engodo, conversa fiada. Recuperaram uma locomotiva feia, ultrapassada, velha e enferrujada, batizaram-na de “litorina” e dizem que a mesma vai fazer passeios “lúdicos e culturais” com os turistas. “Me engana que eu gosto”. Aquilo é uma geringonça desajeitada que pode até transmitir tétano aos corajosos que conseguirem entrar nela. Isso sem falar que pode dar o prego se tentarem ligar aquilo por muito tempo. O trambolho inútil deve ter mais de cem anos e só por um milagre conseguirá andar pouquíssimos quilômetros com gente dentro dele.

Curitiba tem uma litorina de verdade. Faz o trajeto entre a capital paranaense e a cidade de Morretes. O cenário é deslumbrante: a Serra do Mar com vista panorâmica para o pico do Marumbi. Lá não há a menor possibilidade de o turista pegar malária ou outras doenças tropicais típicas deste fim de mundo quente e úmido. A empresa Litorinas Serra Verde Express já oferece trens de luxo para os turistas. Conforto e acomodação é uma constante lá no Paraná. Também nas principais cidades da Europa, fazer turismo em modernos trens-bala é uma obrigação. Confortáveis trens climatizados encantam de tanta limpeza e organização. Em vários idiomas, inclusive o Português, o turista se delicia com tanto glamour e encanto. Você pode fazer o passeio tomando uma cerveja deliciosa ou vinho. Aqui nem cachaça ruim vão servir na “litorina de araque”.

As pessoas envolvidas nesta tolice surreal deveriam parar com isto. Porto Velho precisa de um novo hospital de pronto-socorro, precisa de saneamento básico e de água tratada. Precisa de ruas mais limpas e asseadas. Calama precisa ter um médico e ninguém luta para isso. Rondônia precisa de uma universidade estadual. Ninguém está necessitando de coisas que só servem para nos envergonhar ainda mais. Como dizer para um parente que teve a coragem de nos visitar que aquilo é o suprassumo do turismo local? Seremos ridicularizados mais ainda. Chega de ponte escura que não tem serventia para nada. Chega de “açougue” imundo que só mata pobre. Chega de rodoviária velha e suja. Chega de porto que nunca funciona. Porém, se tivesse dinheiro sobrando, que fosse investido no turismo de verdade com trens novos e asseados, trilhos modernos e infraestrutura adequada, aí seria o correto. Porto Velho, vergonha nacional.

Fonte: Professor Nazareno / Porto Velho-RO.



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