quinta-feira, 13 de junho de 2019

Coluna do Heródoto - PODER DE NEGOCIAÇÃO

O conflito era esperado por diplomatas e governos de todo o mundo. Acima de tudo havia uma grave diferença cultural entre os chineses e os ocidentais. O modo de gerir a política do Império do Meio, como a China era conhecida no passado, vinha dos tempos do velho, bom e sábio Kong Fu. O da filosofia e não o de Hollywood. Confúcio ensinou a seus discípulos que na diplomacia não se pode perder a “face”, ou seja que as palavras e promessas deveriam ser pensadas e meditadas antes de ser transmitidas  para o adversário. Ainda mais quando ele era nada mais, nada menos que a maior potência econômica e militar da Terra. Uma vez assinado um tratado, ou divulgada uma informação, não se poderia mais voltar atrás, sob a punição de se perder “face”. Em outras palavras, perder força de negociação e cair no descrédito no conjunto das nações. Portanto, o departamento de política externa era um dos mais sensíveis e por isso o governo o acompanhava de perto. Qualquer deslize e as negociações entre polidos diplomatas poderiam ser substituídas pela guerra. Algum guru já disse que que quando as negociações se esgotam falam os fuzis...

O comércio era a principal atividade para um mundo cada vez mais conhecido e explorado.  As rotas marítimas baratearam o frete e toneladas de produtos cruzavam os mares e despejados nos portos do importadores. Os responsáveis pelas economias nacionais estavam sempre de olho no resultado da balança de comércio e se o país estava acumulando riquezas ou vendo-as serem drenadas para as nações capitalistas avançadas. Os investidores, de todo o tamanho, por sua vez não desgrudavam os olhos dos resultados das bolsas de valores que avaliavam quanto poderiam lucrar com os dividendos das empresas. Ou perder. Por isso era  considerado inadmissível que a China impusesse um aumento das tarifas sobre importados e obstáculos para a utilização dos portos no seu litoral. Livre comércio era a bandeira agitada no mundo. Contudo se ela era desfraldada para a conquista dos mercados chineses, a recíproca não era verdadeira. A bandeira do livre comércio era substituída pelo protecionismo, tão antigo quanto os primórdios do capitalismo ainda na época das navegações de portugueses e espanhóis. Mas agora o mundo era diferente e a economia também.

Fonte: Jornalista Heródoto Barbeiro / Record 
News-SP.





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