sábado, 15 de junho de 2019

PROFESSOR NAZARENO - Nomes errados em Roraima

Já ouvi muita gente de respeito dizer que o Acre, o nosso querido Estado vizinho, não existe e que já deu muito prejuízo ao Brasil, pois fora trocado com os bolivianos por um pangaré reumático e desdentado. Seguindo esta lógica maluca, tenho certeza de que Rondônia também não existe. E se de fato existe, é uma espécie de “segunda pessoa do quase nada” dentro da realidade nacional. Parece que essa falta de lógica é um mal verificado no Brasil inteiro, porém com traços bem característicos nestas terras que muitos insistem em dizer que são de Rondon. Aqui, contradições e esquisitices são observadas em quase tudo. Sempre reclamei do nome estranho e às vezes engraçado de muitos comércios locais. Muitos deles retirados de latas de doce ou mesmo de bulas de remédios para lombriga. Assim, Porto Velho é capital de Roraima.

Rondônia tem 52 municípios e não 53 como acreditam muitos moradores de Extrema, após a desnecessária votação para emancipar aquele charmoso distrito. Cacoal é um deles. Uma linda cidade, mas com um nome errado. Cacaual seria o correto, assim consta em todos os dicionários da Língua Portuguesa. O nome equivocado também está escrito no brasão e na bandeira municipal. “Uma plantação considerável de cacaueiros, dispostos proximamente entre si” não é e nunca foi um Cacoal. Cacau para aqui, cacau para lá e o progressista município é a “Capital do Café”. Cafezal, então. Outro caso bisonho de erro acontece com Candeias do Jamari. Como todo mundo sabe, Jamari é um rio, só que está a mais de 20 quilômetros distante do centro desta cidade que é cortada e margeada, aí sim, pelo rio Candeias. Por que a linda e aconchegante Candeias é do Jamari se está ali bem ao lado do rio Candeias? Porto Velho não é do rio Negro...

Na área cultural, também é um desastre quando se deseja nomear algo em Rondônia. A sigla ou o nome da Universidade Federal de Rondônia, única universidade pública do Estado, é ironicamente, Unir. Não aparece a letra “F”, mas é federal, pois todos juram. Naquele ambiente que se diz “superior”, além de faltar uma letra no nome, pode faltar também muita união e competência. Ali funciona há tempos um curso de Medicina sem hospital universitário. Dizem que essa Unir já foi tão suja que mais se parecia com a cidade de Porto Velho. Já a Caerd, que ninguém sabe para que serve, uma vez que em Porto Velho não existe nem água tratada nem esgoto, deveria ser rebatizada para Caero já que a sigla de Rondônia é RO e não Rd. Há um aeroporto “internacional” que não faz um único voo para fora do Brasil. E a banda do lixo? Ora, “Vai quem quer”.

No comércio da capital a confusão continua, pois se algum fazendeiro ou agropecuarista quiser comprar algo para a sua fazenda ou o seu rebanho, não adianta ir a uma loja chamada Agroboi. Lá só se vendem materiais de construção. Sem ter um único pé de cacto ou de maracujá na cidade, as duas maiores festas folclóricas locais foram batizadas com estes nomes exóticos. A Catedral Metropolitana de Porto Velho se chama Sagrado Coração de Jesus, mas a padroeira é Nossa Senhora Auxiliadora. O marco inicial da cidade de Porto Velho está isolado, quase dentro do mato mesmo, entre um cemitério e uma barragem e num raio de sete quilômetros dele não há cidade alguma. A atual BR-319 era Avenida Jorge Teixeira e já foi Kennedy. E como o porto-velhense tem mania de grandeza, Alphaville tem uns três na cidade e todos são sujos e imundos.

Idaron, embora pareça masculino e inicie com a letra "I" de Instituto, é uma agência e está no feminino. A Idaron. Pode isso? A famosa e ex-badalada danceteria Papo de Esquina não se localiza em uma esquina. Fica bem no meio da quadra. Deve ser por tudo isso que muitos brasileiros confundem Rondônia com Roraima. E já que o politicamente correto agora é chamar toda e qualquer favela de comunidade, entende-se por que o único nome adequado nesta confusão toda é o da nossa cidade: um porto muito velho mesmo situado num barranco sujo, íngreme, cheio de ratos, tapurus, lixo e muito fedorento que dá nome a esta capital. O mais conhecido hospital daqui é um “açougue”. Único lugar do Brasil onde político ladrão é amado pelo eleitor, Rondônia é o suprassumo da merda, um “cu de mundo” mesmo. E no feio sotaque local, Rondônia é “rondonha”. Agora estou confuso: será que o meu nome é mesmo Professor Nazareno?

Fonte: Professor Nazareno / Porto Velho-RO.


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