ETERNA MÁGOA
O homem por sôbre quem caiu a praga
Augusto dos Anjos |
Da tristeza do Mundo, o homem que é triste
Para todos os séculos existe
E nunca mais o seu pesar se apaga!
Não crê nada, pois, nada há que traga
Consôlo à Mágoa, a que só êle assiste.
Quer residir, e quanto mais resiste
Mais a lhe aumenta, e se lhe afunda a chaga.
Sabe que sofre, mas o que não sabe
E que essa mágoa infinda assim não cabe
Na sua vida, é que essa mágoa infinda
Transpõe a vida do seu corpo inerme;
E quando êsse homem se transforma em verme
E essa mágoa que o acompanha ainda!
Pau d'Arco - 1904.
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