sexta-feira, 16 de julho de 2021

Por Elas – Entrevista Rosa Freitag

 

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Depois que voltou de um período morando fora do Brasil, Rosa Freitag começou a usar a moto para deslocar-se para poder trabalhar, mas foi em suas viagens que descobriu sua grande paixão no mundo das duas rodas: o off-road

Por-Elas-Entrevista-Rosa-Freitag

Este despertar veio ainda no começo de suas experiências com a moto, quando em um passeio de final de semana com sua singela Yamaha XTZ 125X pela região de Joanópolis, decidiu pegar um trecho de terra. Foi amor à primeira vista, – ou à primeira acelerada. A partir daquele dia, decidiu que precisaria de uma moto adequada a encarar este tipo de terreno, mas devido à pouca experiência, associada à baixa estatura, comprou inicialmente uma naked de maior cilindrada para ir se acostumando a este novo universo.

Foram necessários mais de dois anos de vivências em cima da nova moto para sentir-se à vontade para, finalmente, montar em sua primeira big trail e a partir daí, abriu-se um novo leque de oportunidades e de relacionamentos que a levaram a aprofundar-se cada vez no fora de estrada. Nos cafés da manhã que passou a frequentar em concessionárias e no grupos do Facebook, passou a fazer novas amizades que a conduziam a passeios, viagens, encontros e cursos, tornando-a cada vez mais à vontade e apaixonada pelo mundo do motociclismo off-road.

Para definir a sua predileção pelo modo de se rodar nesta condição, ela até cunhou um termo: “motopaisagismo”. A prática de rodar a velocidades mais baixas e parar com mais frequência para contemplar um horizonte ou uma cachoeira que se descortina após uma curva.

Desde então fora várias viagens repletas de histórias para contar, como a que realizou em ao Chile em 2019, na companhia de duas amigas e que a fez ficar sozinha, no meio do nada após um tombo por horas, o que a levou a pensar que, talvez, tivesse de passar a noite no meio do deserto. Ou então, quando decidiu levar duas gringas por um tour pela Bolívia e Peru e teve duas motos suas retidas pelas autoridades locais. Até rodar de Vespa pelo Deserto do Saara ela já encarou.

O fora de estrada entranhou-se de maneira tão intensa em sua vida que ela passou também a participar de competições, entre elas, a seletiva brasileira para o BMW GS Trophy de 2015, para a qual classificou-se e foi para a África do Sul representar o nosso país em cima de uma R 1200GS, onde finalizou em nono lugar.

Mas sua história é tão bacana que a gente decidiu publicar na íntegra a entrevista que fizemos com ela. Aproveite-a e saboreie sem moderação.

Boa leitura.

Por-Elas-Entrevista-Rosa-Freitag

Moto Adventure – Como foi que o motociclismo surgiu em tua vida?

Rosa Freitag – Eu tive uma Vespa PX200 em 1989, aos 18 anos – nem cheguei a tirar habilitação de moto porque fui morar em Londres, onde fiquei por 12 anos, e lá não me interessei por motos. Quando voltei para São Paulo, fui dar aulas de inglês em empresas. Antes todo mundo trabalhava na Paulista, onde eu morava, e os escritórios passaram para a Berrini e Morumbi – distantes e com trânsito infernal. Notei também a profusão de motoboys e scooters pelas ruas, e fiquei com vontade de experimentar uma dessas pela mobilidade urbana. Aprendi a pilotar moto com câmbio na motoescola… Inicialmente comprei uma (Suzuki) Burgman 125 e depois de uns 3 meses deu vontade de ter uma moto de verdade: uma Yamaha XTZ 125X. Isso foi em 2008. Resolvi pegar estrada e vi a necessidade de aumentar a cilindrada. Um dia, fui até Joanópolis (SP), entrei em uma estrada de terra e adorei. Comecei a pesquisar motos trail de maior cilindrada; todas eram muito altas e pesadas, e optei por uma naked, mais baixa, para começar a fazer viagens mais longas – Isso foi em 2010. Comprei uma BMW F650CS, mas segui sonhando em pilotar uma big trail.

Moto Adventure – Você é uma mulher que sempre identificou-se muito com o fora de estrada. Por quê?

Rosa Freitag – Quando comecei a viajar de moto e conhecer novos lugares, me atraía a ideia de sair rodando de casa, em São Paulo, e ir curtir a paisagem, os encantos da vida rural e os desafios da pilotagem no fora de estrada. Achava monótono ficar horas numa rodovia – não gosto de velocidade. Inventei o termo “motopaisagismo”, que o fora de estrada sempre proporciona: rodar em velocidade menor do que na rodovia e toda hora ter um motivo para parar pra fazer uma foto, curtir uma cachoeira. E quando comprei minha primeira big trail, uma F650GS bicilíndrica, em 2012, logo me enfiei nos passeios off-road de concessionárias e grupos do Facebook e me identifiquei totalmente com esse estilo. Fui fazendo amizades e todo fim de semana rolava um passeio, viagem, encontro ou curso, e acabou se tornando um estilo de vida!

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Moto Adventure – E a gente que curte fora de estrada sabe: é legal demais, mas quando ocorre algum perrengue… Você tem alguma história para contar, envolvendo algum sufoco que tenha passado?

Rosa Freitag – No Natal de 2019, fiz uma viagem para o Chile com duas amigas. Eu estava com uma (Kawasaki) Versys X 300 com malas de alumínio, a Daiane de (BMW) R 1250GS e a Camila de (Triumph) Scrambler 900. Eu queria muito atravessar a cordilheira pelo Paso Sico, com trechos de areião e rípio. Elas estavam relutantes, por não terem muita experiência no fora de estrada, então sugeri que fossem na frente, poderíamos experimentar uns 20 km, e se estivesse muito difícil, abortaríamos e no dia seguinte seguiríamos pelo Paso Jama, todo asfaltado. Bom, quem sofreu fui eu… A moto com as malas ficou muito instável e sem torque nos trechos de areia, fui indo devagar, elas sumiram de vista e num dos bolsões de areia perdi o controle, caí e ouvi um estouro. Vazou todo o fluido do radiador da Versys. Nem me atrevi a tentar levantar a moto. Sentei na beira da estrada e fiquei esperando elas voltarem. Passou uma meia hora, e nada. Nem um carro. Era antevéspera de Natal. Estava escurecendo, quando passou um carro com locais – região de vilarejos de mineração. Eles ajudaram a levantar a moto, deu partida, mas não achei legal pilotar sem fluido no radiador. Disseram que voltariam com ajuda de um colega que tem uma caminhonete. Mais meia hora e nada das companheiras de viagem aparecerem, mas chegou o resgate! Um rapaz de caminhonete, super atencioso e motociclista também. Colocamos a moto na caçamba e finalmente a Daiane e a Camila apareceram. Disseram que também caíram mais adiante e, ao notarem meu sumiço, voltaram. Já era noite, o rapaz me levou de volta para a pousada e a moto até um mecânico do vilarejo, que na manhã seguinte me entregou pronta para seguir viagem. A contragosto, mais uma vez atravessei pelo Paso Jama. Naquele momento em que eu estava sozinha, moto caída, anoitecendo, no meio do nada, fui me preparando psicologicamente para passar a noite ao relento. No fundo, sabia que tudo ia dar certo. Audaces fortuna juvat (“a sorte favorece os audazes”)!

Moto Adventure – Mas falando em sufoco, você vivenciou outro um em uma outra viagem internacional Pode comentar sobre isso e como está a situação hoje?

Rosa Freitag – Em 2018 eu estava com uma “frotinha” de motos – ao longo dos anos, fui comprando motos de trilha, trail e big, para experimentar modelos e marcas. E acabava curtindo todas e sem coragem de vender a anterior. Comecei um experimento de fazer passeios guiados e locação de motos em Campos do Jordão (SP), e duas inglesas me contataram querendo fazer um tour pela Bolívia e Peru. Passamos meses organizando o roteiro e eu verifiquei as burocracias necessárias para elas pilotarem as minhas motos fora do Brasil. Mas quando cruzamos a primeira fronteira, em Corumbá (MS), no lado boliviano implicaram dizendo que não era permitido entrar mais de um veículo em nome da mesma pessoa. Mostrei todos os documentos e autorizações, mas só quiseram emitir o documento de ingresso da moto que eu pilotava. Era uma sexta à tarde e decidimos seguir adiante. A alternativa seria voltar para Corumbá e tentar as autorizações junto ao Consulado da Bolívia na segunda-feira, mas não tínhamos dias sobrando na programação. Fomos a Aguas Calientes, Santa Cruz, Sucre, Potosi, ao sonhado Salar de Uyuni e estávamos chegando em La Paz, para fazer a Estrada da Morte e em seguida cruzar a fronteira com o Peru para assistir ao Rally Dakar, quando um comando rodoviário nos parou e pediu os documentos. Expliquei que lá na fronteira, a 4 mil km de distância, não quiseram fazer o documento de entrada das outras 2 motos. O guarda disse que isso não estava certo, e eu concordei, e pediu para esperarmos enquanto tentava se comunicar com a fronteira. Anoiteceu e não veio resposta, então ele nos escoltou até o prédio da Aduana em El Alto, parte alta de La Paz, e disse que iria reter as motos até receber resposta da fronteira na manhã seguinte. Minhas 2 motos, uma BMW G650 XCountry e a F650GS, aquela minha primeira big trail, ficaram retidas. Nos dias seguintes fui ao balcão desse “detranzão” tentar reaver as motos, mas tudo foi uma armadilha para me acusarem de contrabandear as minhas próprias motos, alegando que não entraram pela fronteira. Após 6 dias de muito transtorno, conversas com vários advogados e nenhuma solução imediata, contratei um advogado para cuidar do caso e segui viagem sozinha na (Suzuki) DR 400Z. As inglesas seguiram de ônibus e avião, conseguiram acompanhar o rally no Peru e nos encontramos em Cuzco. No fim de 2019, o advogado disse que ganhou a causa me isentando do contrabando das motos, e que iniciaria o processo administrativo para a retirada das motos. Veio a pandemia, e só retomei contato há alguns meses. Obtive fotos recentes das motos, mas a situação atual não permite ir lá resolver alguma coisa. Mas assim que as fronteiras reabrirem, vou dar prosseguimento e tenho esperança de reavê-las. Novamente, “audaces fortuna juvat”.

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Moto Adventure – Fale um pouco mais sobre as que já realizou. É possível escolher uma que tenha sido “a mais legal”? Conte-nos um pouco sobre por onde suas rodas já deixaram suas marcas.

Rosa Freitag – Em 2013 fiz o Vespa Raid Maroc, um rally em forma de raid fotográfico em motonetas antigas 2 tempos no deserto do Saara. Foi uma loucura: as vespas que alugamos estavam péssimas, atolavam na primeira pocinha de areia. Mas o cenário era incrível e o modelo inspirou o RAID MTA, competição que criei com o Pino Rossi e foi pioneira para oferecer diversão off-road aos pilotos de big trails. Em 2015 fui ao Canadá revisitar o roteiro do GS Trophy de 2014, na região de British Columbia. Pilotei a R 1200GS do organizador, acampamos, passamos por lugares lindos e terreno desafiador, e foi bacana ver os hábitos dos riders de um país que já tem tradição em pilotagem e viagens com big trails. Também adoro sair rodando de casa e explorar os caminhos pelas serras do Sudeste e Sul do Brasil. Em vez de ir pro Ushuaia, minha realização motociclística será conseguir conhecer todo o estado de Minas Gerais. Temos lugares incríveis no Brasil e o privilégio de poder rodar no fora de estrada sem muitas restrições. Na Europa, em muitos países é proibido entrar com veículos motorizados em reservas e parques. Também já fui para Argentina, Chile, Bolívia e o Salar de Uyuni é surreal!

Moto Adventure – Você vira e mexe está competindo, né? Fale sobre tua experiência e vivências no motociclismo esportivo.

Rosa Freitag – Tudo começou com o Enduro FIM Experience da Mulher em 2015, prova que reuniu 100 mulheres de todo o Brasil, organizada pelo Fabio Simões. Fui com uma (Yamaha) XT 225 de rua, totalmente sem noção. Choveu muito e só terminei uma das voltas empurrada pela KTM do Celsinho (colaborador da Moto Adventure), mas adorei o desafio e passei a participar das copas EFX de Enduro e Cross Country. Nunca fui competitiva, a curtição é conhecer novos lugares e trilhas, a meta é terminar a prova, e adorei a turma do off-road. Depois me apaixonei pelo (Enduro de) Regularidade, navegando com planilha eletrônica, e de cara participei do Enduro da Independência em 2017, largando da Catedral de Aparecida (SP) até Lavras (MG). Os perrengues e emoções estão na edição 203 da Moto Adventure. Participei também do Ibitipoca Offroad duas vezes, adorei!

Ainda em 2015, participei da seletiva para o primeiro GS Trophy feminino mundial e fui selecionada para a final na África do Sul. Com determinação, comprei uma R 1200GS e treinei sozinha na pista recém-inaugurada do Trinity Ronzella (também colaborador da Moto Adventure). Antes de ir para essa final, participei da seletiva brasileira em Brotas. Fui a única mulher inscrita e a moto desse ano foi a F 800GS, muito alta e difícil de pilotar (tenho 1,60m). Na África do Sul, a moto foi a R 1200GS, um pouco mais amigável, mas as provas foram duríssimas – o GS Trophy é um evento dos sonhos, o maior prêmio foi participar; fiquei em nono lugar.

Em 2017, fui selecionada para o United People of Adventure, organizado pela Touratech, na Alemanha. Dois pilotos de cada continente foram convidados para conviver na casa do Herbert e Ramona Schwarz, os donos da empresa. Também teve um teste de pilotagem em uma pista de cross indoor (estava nevando), onde tive que pilotar uma R 1200GS com todas as malas. Novamente, o tamanho e peso da moto eram incompatíveis com o meu físico e não fui selecionada para acompanhá-los em uma viagem de aventura para Madagascar. Mas para mim foi muito mais bacana rodar pela Floresta Negra da Baviera!

Em 2017 e 18, participei do PNT (Pé na Tábua), uma corrida de motos antigas, com uma DT 250 1974, na Categoria Batom. Também adoro as clássicas!

Em 2020, participei do BITES (Big Trail Enduro Series), uma competição de enduro para motos trail e big trail. Gostei muito do formato e da organização (idealizada pelo Gustavo Narciso), e foi ótimo participar com uma moto 250cc!

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Moto Adventure – Como você analisa e enxerga a evolução da presença feminina no mundo da moto no Brasil?

Rosa Freitag – Nas minhas “rodanças” pelo Brasil, notei que em cidades do interior há mais mulheres que pilotam, tanto para deslocamentos como nas trilhas. No mundo das “motos grandes”, desde 2015, quando eu ia treinar sozinha lá no Trinity, até hoje, houve uma grande evolução. Surgiram mais configurações de motos adequadas a pessoas de baixa estatura e hoje muitas mulheres optam por uma big trail. As competições passaram a ter categorias femininas, há cursos de pilotagem com turmas para mulheres. Fiz um curso de mecânica completa na Escola Mestre das Motos onde havia uma instrutora, e recentemente houve uma turma só com mulheres. Foram conquistados muitos espaços!

Moto Adventure – E quanto a preconceito? Você já chegou a viver alguma experiência onde tenha sofrido menosprezo de alguém no mundo da moto ou da competição em duas rodas, por ser mulher? E como lidou com isso?

Rosa Freitag – Nas tribos dos rolês off-road em big trails e das trilhas, o espírito é coletivo, de ajuda. Já fiz muitos passeios onde era a única mulher, e nunca me senti menosprezada. Em competições, já ouvi “o que você tá fazendo aqui”, mas o problema não era “ser mulher”, e sim a falta de preparo físico, técnica e a força necessária para enfrentar a prova, além da idade (estou com 51!). Por outro lado, fiz muitas amizades nessas competições justamente por ser mulher! Como não sou competitiva, não fico melindrada e acho que fiz meu papel para demonstrar que em certos tipos de competições e cursos é interessante criar uma categoria feminina. Além de ser mulher, infelizmente comecei tarde e a idade também pesa. Fico feliz quando tem categoria “over” e feminina! Mas isso é raro, pois muitas mulheres (e homens) abandonam as competições quando acham que já não conseguem ser competitivos.

Moto Adventure – Às vezes, as mulheres são vistas por não terem o mesmo espírito de união que se observa nos homens. Entre mulheres motociclistas isso existe ou pelo contrário, há mais união? A moto também colabora para a formação de amizades sólidas também entre as mulheres?

Rosa Freitag – Para mim, moto sempre foi “máquina de fazer amigos”. Não sei se foi o estilo que escolhi, mas no mundo off-road existe um grande espírito de união e somos todos “motociclistas”, não importa o gênero. Quando eu tive uma Triumph Scrambler, criei um grupo no FB chamado “Classic Lady Riders Brasil” com a intenção de reunir mulheres que pilotam motos clássicas. Fizemos cursos e passeios e criamos amizades duradouras. Também foi muito bacana participar do PNT na Categoria Batom, mulheres que pilotam motos clássicas, onde fiz ótimas amizades. Nas três viagens internacionais que fiz de moto, optei por ir com duas amigas. Fomos e voltamos juntas, sem stress! Acho que onde há intrigas e desavenças em grupos de motociclismo, deve ser porque as pessoas não estão, de fato, rodando de moto… Em grupos de homens acho que rola mais competitividade, ninguém quer ser o que fica para trás, o “rôia”.

Moto Adventure – Como você analisa a atuação de movimentos como o The Litas e #ElasPilotam? Acredita que eles tenham algum poder ou influência no que diz respeito a conferir mais poder à mulher no mundo da moto?

Rosa Freitag – Não acompanho esses movimentos e nunca senti essa necessidade de “empoderamento” (acho horrível essa palavra) me aliando a um grupo de mulheres para buscar poder ou influência. Acho que quando junta muita mulher, começam as intrigas e fofocas, coisas que odeio… Mulher é bicho chato! Criei no FB o grupo GS Girls Brasil na época do primeiro GS Trophy para reunir mulheres que pilotam big trails, e nos eventos que organizamos os homens sempre foram bem-vindos. Prefiro me considerar “motociclista”, deixando de lado o gênero. Uma posição mais libertária, livre de preconceitos e aberta para transitar nos grupos que despertarem meu interesse.

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Moto Adventure – Você está construindo um glamping em Campos do Jordão. Como está sendo esta experiência e por que decidiu lançar-se neste projeto? Fale um pouco sobre isso.

Rosa Freitag – Com a pandemia, viver em São Paulo deixou de fazer sentido. Eu tinha banda, adorava ir a um show, um cinema. E sempre fiz home office, trabalhando como tradutora de inglês. Surgiu o desejo de viver em uma área rural, e me encantei com uma região de Campos do Jordão (SP) chamada Parque Ferradura, que conheci fazendo trilhas de moto. Encontrei um terreno com cachoeira, um chalé e uma trilha que sai de dentro da propriedade. Um sonho! Concretizei a compra em agosto do ano passado, e veio a ideia de fazer o glamping (algo como um “camping com glamour”). Cabanas de madeira, uma acomodação simples, rústica, mas com uma vista incrível. Aqui em Campos tem pousadas luxuosas aos montes, e faltam opções para quem quer curtir a natureza em vez da aglomeração do centrinho. Pesquisei o projeto, comprei e trouxe as madeiras, aprendi as técnicas de construção, e com a ajuda do caseiro que vem aos finais de semana e de amigos que curtem carpintaria estou construindo 5 cabanas. Já para a “infra”, que terá banheiros, cozinha, salão e um bom deck, contratei uma empresa de construção. Essa vida “neo-rural” tem muitos desafios e requer muito conhecimento. Eu adoro aprender, então estou fazendo vários cursos – de encanador a jardinagem – e estudando soluções de energia solar e hidrelétrica e permacultura. Batizei de “Glamping Amanita”, aquele lindo cogumelo dos contos de fadas, que surge naturalmente aqui pelo terreno!

Moto Adventure – Você falou que está até pensando em usá-lo como base para trilhas e competições. É isso?

Rosa Freitag – estou mapeando circuitos aqui no entorno e região e tenho motos de trilha e trail emplacadas para alugar. Estou criando um menu de opções, desde um passeio de uma hora até uma trilha de dia inteiro ou com pernoite em municípios vizinhos, em MG. Dá para ir sozinho, seguindo o Wikiloc, ou com um guia. Eu estando disponível, acompanho – ou chamo amigos guias da cidade. Pretendo também fazer competições no estilo do “Raid”, incursões fotográficas, e navegação por planilha, mapa e bússola. E ainda, oferecer treinamento, dicas para iniciação no offroad e clínicas, com pilotos/instrutores convidados. Aqui perto tem uma pista sensacional aberta e no meio da natureza, excelente para treinar várias técnicas! O lugar tem potencial para ser um ponto de encontro de trilheiros, da turma do pedal, de grupos de motociclistas e também de quem não tem nada com isso e quer um refúgio com sossego e natureza.

Moto Adventure – E quem quiser conhecer o teu espaço, como deve fazer?

Rosa Freitag – durante esta fase de obras, já estou recebendo quem está a fim de conhecer e se hospedar nas cabanas, ou vir passar o dia e conhecer as cachoeiras e trilhas. Cada cabana acomoda uma ou duas pessoas e tem sofá-cama, enxoval, cobertores e WiFi. Banheiro completo próximo e ofereço a cozinha do meu chalé. Espero que em agosto a infra esteja pronta, com banheiros, cozinha, salão e deck dedicados ao glamping.

Localização: Google Maps: Glamping Amanita

WhatsApp: 11 98111-6811

Instagram: @glamping_amanita

Website: https://glamping-amanita.negocio.site/

Email: amanita.glamping@gmail.com

Fonte: Motoadventure.



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