sábado, 23 de novembro de 2019

DEUS NOS FALA

Lucas 13,22-30

Lucas nos mostra sempre um Jesus a caminho de um destino bem preciso: Jerusalém. Jerusalém é o grande centro de referência da religião judaica; é nela que acontece a Paixão, Morte e Ressurreição do Mestre. Com isso, fica evidente como Jesus quis revelar que a verdadeira referência religiosa é somente Ele. O sumo templo de Jerusalém, na verdade, é Jesus e não o famoso templo construído por Salomão, filho de Davi. Esse novo templo que Jesus inaugura é a doação de si em prol de toda a humanidade. Portanto, podemos perceber que muda totalmente a lógica do culto: no velho templo é o ser humano que oferece algo a Deus e, no entanto, no novo templo Jesus é Deus que se oferece ao ser humano.

Isto quer dizer que todos nós precisamos nos abrir ao amor de Deus para nós e tentar compartilha-lo, por sua vez, com os outros. Este é verdadeiro culto. De fato, quando lhe perguntaram “Senhor, é verdade que são poucos aqueles que se salvam?”, ele lhes responde “Entrai pela porta estreita”. Veja como o Mestre não se preocupa em dizer a quantidade, mas se esforçar em se deixar levar pela lógica de Deus, que Jesus nos revelou, e, nesse sentido, não se pode perder tempo porque o tempo é escasso. E esta lógica da porta estreita é bem resumida pelo sermão da montanha.

Continua o evangelista: “Uma vez que o dono da casa se levantar e fechar a porta, vocês vão ficar do lado de fora. E começarão a bater na porta, dizendo: 'Senhor, abre a porta para nós!' E ele responderá: 'Não sei de onde são vocês'.” E eles: “Nós comíamos e bebíamos diante de ti, e tu ensinavas em nossas praças!” Não é suficiente ser filhos de Abraão, mas precisa a fé Dele. Isto é, não é suficiente se dizer cristãos, falar de Jesus, mas se deve viver Jesus, o Messias. Portanto, não temos outra certeza em sermos sempre vigilantes na nossa condição de filhos e filhas de Deus, sabendo que Ele nos ama infinitamente.

Assim Jesus nos apresenta uma nova concepção da nossa salvação, que se baseia na justiça. Uma justiça que seus opositores rejeitaram, porque colocavam em discussão a profissão de fé deles. Essa pertença falsa a Deus não permite fazer uma verdadeira conversão. Sendo assim, a salvação não é um fato descontado por ninguém. Aliás, Cristo nos adverte: “Muita gente virá do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e tomarão lugar à mesa no Reino de Deus.” Todas as pessoas poderão participar do Reino de Deus, sem exclusão de ninguém.

No Reino de Deus não tem privilegiados. Tudo isso significa que os valores e a concepção da realidade que o Evangelho nos traz são completamente diferentes da sociedade, do mundo. Os primeiros no Reino de Deus não correspondem ao do mundo, isto é, Deus não pensa igual a nós. Sendo assim, não podemos nos deixar levar pelas fofocas humanas, manias de grandezas, mas, sim, empenhar-nos a viver a lógica de Deus no mundo. Esse é grande desafio para todos nós.



Fonte: Claudio Pighin -  Sacerdote e doutor em teologia.



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