domingo, 31 de outubro de 2021

PROFESSOR NAZARENO - Tornado ou Chuva de Merda?



O dia 28 de outubro de 2021 entrará para a triste história de Porto Velho, capital de Roraima. Nesta insólita data, à tarde, antes de mais um temporal típico desta época do ano, um redemoinho se formou e destelhou um ou dois quarteirões no bairro Nova Porto Velho, zona leste da cidade. Houve, claro, alguns momentos de desespero de pessoas que estavam próximas ao fato já corriqueiro. Até aí, tudo bem. Todo mundo que tem o desprazer de morar nesta cidade suja e sem esgotos, já está mesmo acostumado a essas chuvas que prenunciam o inverno amazônico. São temporais fortes e às vezes causam alguns prejuízos pontuais como destelhamentos de casas, quedas de muro e árvores. Porém o vendaval ganhou ares de desastre terrível quando disseram no Jornal Nacional da rede Globo que se tratou de um tornado por causa da destruição causada.

Eufóricos e se sentindo verdadeiros heróis anônimos, muitos cidadãos filmaram a “catástrofe” e divulgaram seus vídeos nas redes sociais. Entretanto, algumas pessoas achavam que se tratava da chuva de merda que a cidade espera há anos. É tanta desgraça que acontece na capital karipuna nos últimos tempos que só falta mesmo São Pedro nos mandar uma chuva de detritos. Aliás, rede de esgotos essa cidade não tem nem nunca teve. Apenas 1,8 por cento em toda a cidade. Porto Velho, segundo o próprio prefeito Hildon Chaves e também o Instituto Trata Brasil, é um dos piores municípios do Brasil em saneamento básico e água tratada. Das 100 maiores cidades do país, ficamos em 99º lugar. E dentre as capitais do Brasil, estamos na lanterna. Por isso, o inédito temporal, apelidado de tornado, pode ter jogado no ar muitos coliformes fecais.

De fato, várias pessoas que presenciaram o extraordinário evento da natureza disseram que havia um mau cheiro muito forte no ar. Durante o incomum fenômeno, fala-se que a catinga de fezes, característica de toda a cidade, empesteava a todos os assustados moradores daquele bairro. Sem esgotos, sem água tratada e também sem árvores, a tendência é os temporais aumentarem de força cada vez mais. O prefeito e a SEMA se encarregaram de destruir as poucas árvores da cidade. Há um ano, na Avenida Tiradentes, por exemplo, todas as frondosas árvores que havia foram arrancadas pela raiz “por que estavam destruindo uma rede de esgotos” que nunca teve lá. Agora, está só o buraco, sem jardins, plantas ou algum projeto que substitua o verdadeiro tapete verde que era. Estão destruindo Porto Velho como estão fazendo com toda a Amazônia.

Não se sabe ainda se o que aconteceu no bairro Nova Porto Velho foi um tornado ou até mesmo uma chuva de merda, lixo e detritos. O fato é que depois do lago da hidrelétrica do Santo Antônio as coisas desandaram de vez por aqui. A conta de energia elétrica está pela hora da morte e a natureza está cada vez mais sendo agredida e por isso se vinga como pode. Porém, a cidade só não fede mais do que a classe política local, que ainda insiste em defender o fracassado e inútil governo de Jair Bolsonaro. Sem ter absolutamente nada de positivo para mostrar no Jornal Nacional, Porto Velho desponta com um fictício tornado somente para poder aparecer para o restante do país como vítima de um fenômeno da natureza. A propalada chuva de imundícies obteve mais atenção do que as mais de 2600 mortes pela Covid-19. Outras chuvas dessa serão vistas, pois funcionam como cortinas de fumaça para ocultar nosso atraso e estupidez.


Fonte: Professor Nazareno / Porto Velho-RO - (Postagem realizada na cidade de São José do Rio Preto - SP).






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