O líder carismático está de volta. Sua capacidade de arregimentar seguidores está mais do que nunca em dia. Nem bem se encontra com os jornalistas e já há uma verdadeira batalha de narrativas sobre sua vida e visão de mundo. Na verdade ele nunca ficou definitivamente afastado do mundo político brasileiro e de uma forma ou de outra dá suas opiniões sobre o que acontece no país. Ele não se importa de ter contra si a direita que o combate sempre, principalmente quando defende a aproximação do Brasil com países socialistas como Cuba, por exemplo. Promete se integrar no partido político que o tem como o líder mais importante e capaz de influenciar decisivamente a eleição do próximo presidente da república. Nunca esconde que tem essa meta, mas como é um político ardiloso, não admite isso abertamente, até mesmo para não permitir que os seus inimigos comecem uma campanha de calunias contra ele. Luta há anos contra os que, na sua opinião, são responsáveis pelo subdesenvolvimento do Brasil e a concentração da riqueza nas mãos de poucos. Os latifundiários têm um ódio especial contra ele que defende a reforma agrária.
Retomar a vida política dá um novo ânimo nos seus seguidores que não o abandonam, mesmo quando não ele podia se deslocar ou fazer campanha eleitoral pelo país. Nunca esconde que entre os seus ídolos está o líder trabalhista Getúlio Vargas, Sempre que pode cita a obra do gaúcho, entre elas a abertura de empresas estatais.
Por isso sempre teve uma dedicação especial pela Petrobras e da importância da empresa para a defesa da prospecção e refino do petróleo, considerada uma matéria prima estratégica. Por isso deve ter o monopólio do produto. Seus adversários, a maior parte deles partidários do liberalismo, o acusam de querer inchar o Estado e aparelhar as empresas estatais. Tem o apoio dos sindicatos, acusados de peleguismo e de criar uma oligarquia de dirigentes sindicais que vivem do imposto cobrado dos trabalhadores.
O líder deixa claro que não é favorável a uma aproximação com os Estados Unidos, esteja no governo um democrata ou republicano. A forma de peitar a presença cada vez mais ativa das multinacionais no Brasil, além de criar novas estatais, é desenvolver uma legislação capaz de impedir que elas exportem seus lucros para as suas matrizes nos centros dinâmicos do capitalismo mundial. Está de volta para refundar o Partido Trabalhista Brasileiro. Aproveita a anistia concedida pelo último governo militar. Leonel Brizola volta do exílio que começou no Uruguai, em 1964, teve uma passagem pelos Estados Unidos e depois Portugal. Abre um novo caminho político próprio, o socialismo democrático, e se distancia do PMDB de Sarney e do PT de Lula. É candidato à presidência em 1989 e fica em terceiro lugar. Não teve votos em São Paulo, onde era temido como um revolucionário radical.
Fonte: Jornalista Heródoto Barbeiro / Record News-SP
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