terça-feira, 16 de junho de 2020

MARCHA SOBRE A CAPITAL


O movimento é contra o governo
liberal democraticamente instituído. Afinal o pais tem liberdade de
imprensa, liberdade de ir e vir e de associação política de toda ordem.
Ninguém pode negar que o regime é democrático e as regras para a ascensão ao
poder são claras e estão estabelecidas na constituição . O clima político
não é dos mais pacíficos e as acusações partem de ambos os lados. Um acusa
ou outro de querer implantar uma ditadura no país acabar com o Estado
Liberal que impera. Para isso a direita tem um líder fleugmático,
carismático e que prega uma mudança no país, que vive ao meio de uma crise
econômica provocada por questões internas e externas, e que reflete
especialmente nas camadas mais pobres da população. Há no ar uma vontade de
mudança, mas não  se sabe muito bem para onde. É um momento de indecisão
nacional e as fórmulas políticas mais confundem do que esclarecem a
população. Deputados e senadores degladiam no parlamento.

O panorama é de radicalismo entre a direita e a esquerda. Esta está fortalecida pelo exemplo da
revolução que aconteceu sob a liderança dos bolchevistas na Rússia. Os
slogans são  os mesmos do movimento liderado por Lênin e Trótsky : fim da
propriedade privada dos meios de produção,  ditadura do proletariado, fim a
exploração do homem pelo homem, limitação da liberdade de imprensa,
expressão e escolha religiosa, entre outras. Essa plataforma deixa a
burguesia nacional temente de perder os seus bens, sejam eles fábricas,
bancos ou  propriedades rurais. Os grupos de esquerda estão cada vez mais
fortes e vão dos comunistas aos sociais democratas. A guerra também é
travada nos meios de comunicação e com demonstrações, passeatas e confrontos
entre os grupos nas maiores cidades do país. Ninguém sabe exatamente o que
vai acontecer apesar do chefe  de estado proclamar exaustivamente que o pais
é democrático e de forma alguma vai se permitir a implantação de uma
ditadura, seja ela de direita ou de esquerda.

 A questão central que se coloca é : é possível trocar o governo ? De onde parte a maior ameaça à
ordem constitucional ? O líder da direita incentiva uma marcha de seus
apoiadores à capital do país. São das mais  diversas origens sociais e
incentivados pelos que temem a ascensão da esquerda ao poder. São conhecidos
pela truculência e pregam a tomada do poder pela força, como seus opositores
comunistas. Roma se ver cercada por grupos vindos especialmente do norte da
Itália, conhecidos como Camisas Negras. Benito Mussolini, um ex-socialista,
lidera os grupos  auto intitulados Fascio di Combattimento, o núcleo para a
formação do Partido Nacional Fascista. À princípio não advogam uma
revolução, mas sim a nomeação pelo rei da Itália, Victor Emanuel, de
Mussolini primeiro ministro. É o que acontece. Mussolini, Il Duce, assume o
posto de forma democrática, porem em menos de três  anos de governo,
implanta uma ditadura de extrema direita em 1925. Seu programa de governo
inspira vários outros países do mundo, inclusive o Brasil. O sistema liberal
abre uma brecha para sua própria destruição na Itália, exemplo que logo
depois eleva como primeiro ministro da Alemanha Adolf Hitler.

Fonte: Jornalista Heródoto Barbeiro (Coluna do Heródoto) - Record News/SP.


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