Evangelho de João 20, 19-23
João continua, através desse trecho do Evangelho, a nos mostrar a experiência da Ressurreição pela comunidade de Jesus. Ele se faz presente, não obstante que as portas estivessem trancadas. A presença de Deus não é determinada pelos nossos desejos e vontades, mas pelos seus desígnios. Ainda hoje Deus se faz presente, embora possamos criar obstáculos de qualquer tipo. O nosso Deus é superior a qualquer prova ou obstáculo. E a sua presença sempre gera sementes de vida. O que seria isto? O Jesus presente entre nós é aquele mesmo que esteve na terra e que leva consigo os sinais da tortura e da crucificação. É assim que Ele se apresentou aos seus discípulos. E hoje esses mesmos sinais continuam presentes nos sofrimentos das pessoas. Muitos sinais. Sinais de violência, de guerra, de fome, de marginalização, de doenças, de injustiças... Em todas as pessoas que tentam reverter esse quadro de sofrimento e de degrado, Jesus se faz presente, está com eles, gerando assim perspectivas de vida que o mesmo ser humano tem dificuldade de produzir. Por sua maravilhosa presença segue inevitavelmente a missão. A missão de testemunhar a paz. Por esse motivo Ele nos doa a Paz : “a paz esteja convosco”. Esse dom não é propriedade nossa, mas devemos compartilhá-lo com os outros. Afinal de contas, aprendemos dele que precisamos viver em harmonia, como verdadeiros irmãos; que todo mundo possa ter o necessário para viver, tanto nos alimentos quanto na justiça. Enfim, viver felizes e em paz. E a nossa mãe Igreja insiste no seu ensino, com toda firmeza, a importância da caridade para construir uma comunidade segundo a comunidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Porém, para garantir tudo isso, enquanto nada de fácil é, e não pode também ser confundida com a do mundo, Jesus pensou bem em nos dar um grande presente: o Espírito Santo. É Ele que nos dá a força de cumprir a missão que nos foi confiada. As nossas forças, realmente, são insuficientes, limitadas para tal realização. Interessante que a língua hebraica tem a mesma palavra para dizer vento e espírito. Deus, portanto, sopra sobre as pessoas que apostam nele, quase empurrando-as a fazer algo que sozinhas não teriam capacidades; e tudo isso sem aparecer, igual ao vento. Atenção que o ponto central da paz se acha no perdão dos pecados, na reconciliação. Um poder confiado aos seus discípulos. Uma comunidade sem perdão e sem reconciliação não é comunidade cristã. Assim sendo, estamos vendo que São João coloca uma plena relação entre o Espírito, a comunidade dos discípulos e o perdão. De fato, temos de admitir que reter os pecados é uma ação que somente o Espírito Santo pode cumprir. Pergunto-te: percebe a presença de Jesus na tua vida? Se sim, como colaboras com Ele?
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